A Rede D'Or, maior grupo hospitalar do país, fechou um empréstimo de longo prazo de US$ 210 milhões com a International Finance Corporation (IFC), braço financeiro do Banco Mundial para o setor privado. Os recursos serão usados para financiar a expansão orgânica da rede, que conta hoje com 5 mil leitos em 34 hospitais localizados no Rio de Janeiro, São Paulo, Brasília e Recife.
O plano de expansão prevê a criação de 3,6 mil novos leitos até 2022, o que representa um aumento de 72% em relação ao volume atual. Entre os projetos previstos estão a abertura de um hospital da marca São Luiz em Campinas, interior de São Paulo, uma maternidade Star no bairro carioca de São Conrado e hospitais premium da bandeira Star em São Paulo e Brasília.
"São cidades de grande potencial, com comunidades médicas de ponta, mas que carecem de estruturas hospitalares modernas. Nossa escala permitirá oferecer o mais alto padrão tecnológico e de serviços a preços acessíveis", informou Heráclito Gomes, presidente da Rede D'Or. O executivo pontuou ainda que foi inaugurada uma maternidade em março e outra será aberta na zona sul do Rio devido à carência desse tipo de empreendimento na capital fluminense.
Além da expansão orgânica, o grupo continua analisando aquisições. Neste ano, fechou a compra do Hospital Ribeirão Pires (SP) e da Clínica São Vicente (RJ). A expectativa do presidente do grupo hospitalar é encerrar o ano com um aumento de 17% na receita, que somou quase R$ 8 bilhões em 2016.
O empréstimo da IFC vai custear parte da expansão orgânica, que também consumirá recursos próprios do grupo. Do crédito de US$ 210 milhões, US$ 130 milhões virão do caixa próprio da IFC e a outra parcela é proveniente do Santander que firmou uma parceria com o banco de fomento.
"Esse é o terceiro financiamento que concedemos à Rede D'Or nos últimos sete anos", disse Carmen Valéria de Paula, responsável pela área de investimentos em saúde e educação da IFC no Brasil. Os outros empréstimos foram firmados em 2009 no valor de US$ 32 milhões e há três anos, quando foram concedidos US$ 255 milhões. Um dos principais diferenciais dos empréstimos da IFC é o prazo para pagamento da dívida, que neste último financiamento prevê três anos de carência e seis anos para amortização. Para os hospitais é um período importante, porque um empreendimento hospitalar leva entre dois e três anos somente para ser construído e equipado.
No Brasil, os investimentos da IFC no setor de saúde somam US$ 522 milhões. Além da Rede D'Or, o banco de fomento fez aportes na Alliar, rede de medicina diagnóstica do qual detém participação acionária.
A Rede D'Or é controlada pela família Moll, que detém uma participação de 59% no capital. Os outros acionistas são o fundo soberano de Cingapura (GIC) com 26%, a gestora de private equity Carlyle com 12% e o restante está com sócios minoritários e em tesouraria.
Fundada há 40 anos, no Rio de Janeiro, pelo médico Jorge Moll, a Rede D'Or saiu na frente no que diz respeito à aquisições e participação de investidores estrangeiros. Logo após a aprovação da lei que permite capital internacional no setor, em janeiro de 2015, a Rede D'Or fechou com os fundos GIC e Carlyle.
O grande salto da rede carioca se deu eu 2011 com a aquisição do Hospital São Luiz. Na época, a Rede D'Or tinha como sócio o BTG que vendeu sua fatia para o GIC e Carlyle em 2015.
Uma das apostas atuais da Rede D'Or é a área de oncologia, segmento em que detém clínicas espalhadas no Rio, São Paulo, Pernambuco, Ceará, Tocantins, Distrito Federal e Bahia. Em março, o grupo comprou 50,01% da Clínica Amo, na Bahia.