Em momentos de crise econômica, são poucos os setores que não sofrem com a estagnação ou até mesmo retrocesso. Uma exceção à regra, normalmente, é o segmento da saúde. E, no caso do Rio Grande do Sul, particularmente em Porto Alegre, existe uma grande quantidade de empreendimentos nessa área sendo desenvolvidos. Os investidores perceberam, entre outros fenômenos, o aumento da expectativa de vida e a evolução da legislação e estrutura na área de saúde nos últimos anos como uma oportunidade para novos negócios. Também notaram o espaço para aperfeiçoamentos, já que os consultórios médicos são instalados em prédios comerciais, que não foram concebidos para a finalidade específica desses profissionais. Uma das condições fundamentais para entrar nesse mercado será o atendimento de normas da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), como largura de portas adequadas para passagens de elementos como cadeiras de rodas e destinação apropriada de materiais médicos como gazes, por exemplo. Entre os complexos implementados na Capital está o Medplex, que consiste em centros integrados de saúde focados em diagnósticos e na prevenção conduzidos pela Cyrela Goldsztein; e o Hub da Saúde, unidades de serviço de baixa complexidade médica, que conta com a parceria de Melnick Even, Hospital Moinhos de Vento e Companhia Zaffari. A primeira dessas estruturas a ficar pronta será o Medplex Santana, que fica no bairro de mesmo nome. As obras desse complexo se iniciaram em 2015, e a entrega está prevista para o próximo mês de novembro. Esse empreendimento terá 449 consultórios, 154 salas comerciais e três lojas, distribuídos em uma torre com 17 pavimentos e outra com 13. Paralelamente, a Cyrela Goldsztein começou, neste ano, as obras do Medplex Eixo Norte, localizado no bairro Cristo Redentor, que deverá ser finalizado em setembro de 2019. O projeto terá 275 consultórios, 11 clínicas, 132 salas comerciais, cinco lojas e 15 pavimentos. Os complexos possuem farmácias e laboratórios de análise, clínicas, entre outros recursos. O Medplex Santana conta ainda com um hospital de curta permanência. O Eixo Norte também terá a operação de um day hospital, no qual poderão ser feitos procedimentos em que a permanência seja breve - como, por exemplo, uma cirurgia de hérnia de disco. A estrutura terá capacidade para realizar 700 procedimentos cirúrgicos por mês. Conforme o diretor de Novos Negócios e Incorporação da Cyrela Goldsztein, Ricardo Genro Jornada, o Medplex Eixo Norte iniciou a venda de espaços em novembro e, até o começo de abril deste ano, já havia comercializado mais de 60% das unidades. Já o Medplex Santana teve o lançamento feito há cerca de dois anos e meio, e os espaços foram todos vendidos. Os valores das salas comercializadas variam de R$ 11 mil a R$ 13 mil o metro quadrado de área privativa, sendo que os ambientes vão de 36 a 47 metros quadrados. O investimento no projeto do bairro Santana, em terreno e custo de obra, será de aproximadamente R$ 200 milhões e no Eixo Norte, de cerca de R$ 100 milhões. Já no caso do Hub da Saúde, o diretor da Melnick Even, Juliano Melnick, enfatiza que a aposta concentra-se em um "trio vencedor". "É um empreendimento que junta algumas marcas líderes em seus setores: a Melnick Even, como incorporadora, o Grupo Zaffari, com sua área de shoppings, e o Hospital Moinhos de Vento", frisa o empresário. No Hub da Saúde não haverá internação, mas unidades para atender a situações de baixa complexidade médica, com um centro para serviços de diagnósticos e estabelecimento comerciais. Está prevista a implantação de um empreendimento em Canoas, na avenida Getúlio Vargas, e outros três em Porto Alegre, nas avenidas Grécia, Aparício Borges e Padre Cacique (próximo ao Parque do Pontal, antigo Pontal do Estaleiro). Melnick adianta que ainda há possibilidade de ser erguido outro na avenida Cavalhada. O projeto de Canoas é o mais adiantado, já em execução e praticamente todo comercializado, devendo ser entregue em 2019. O complexo terá centro de serviços, clínicas, unidade do Hospital Moinhos de Vento, salas para médicos e outros negócios como escritórios, hotel, centro de eventos, restaurante e duas torres residenciais. O próximo a sair do papel, conforme o diretor, será o da avenida Aparício Borges. A ideia é ter pelo menos um lançamento por ano, sendo que a construção de cada um dos empreendimentos leva aproximadamente três anos. Melnick informa que serão entre 500 a 600 salas distribuídas entre as quatro estruturas (sem contar com a da Cavalhada), com um investimento que ultrapassa R$ 1 bilhão. "É algo muito grande, que vai se encaixando às diferentes oportunidades, o certo é que sempre terá uma base médica", reforça o diretor. Conforme o executivo, os complexos que terão centros de compras ligados ao Grupo Zaffari serão os das avenidas Grécia e Aparício Borges. Já o de Canoas e da Padre Cacique terão esse serviço, mas ofertados por outras empresas.
Projetos contribuirão para descentralizar atendimentos
Um dos reflexos positivos que devem vir com a implantação dos centros de saúde é a amenização da enorme procura por hospitais na Capital. Conforme dados do Sindicato Médico do Rio Grande do Sul (Simers), o número de leitos no Estado em fevereiro deste ano era de 34.322 (sendo 23.547 do SUS), o que equivalia a três leitos a cada mil habitantes. Já no caso de Porto Alegre, eram 8.357 leitos (5.290 do SUS), o que correspondia a 5,6 leitos para cada mil habitantes. O diretor da Melnick Even, Juliano Melnick, argumenta que não é necessário levar pessoas que tenham casos de baixa complexidade médica para hospitais que atendem também pacientes com problemas mais graves. O diretor de Novos Negócios e Incorporação da Cyrela Goldsztein, Ricardo Genro Jornada, concorda com Melnick que os empreendimentos desenvolvidos atualmente na Capital podem contribuir para desafogar os hospitais porto-alegrenses. O executivo acrescenta que a decisão por realizar o Medplex Eixo Norte leva em consideração a densidade e a baixa oferta de espaços de saúde da região, além do fluxo de moradores de outras cidades da Região Metropolitana. A vice-presidente do Simers, Maria Rita de Assis Brasil, acredita que os complexos podem aliviar os hospitais, principalmente quanto a procedimentos simples, como, por exemplo, uma endoscopia digestiva. Caxias do Sul também desperta interesse de investidores Não é somente a Capital que está atraindo no Estado o interesse de investidores no segmento médico. Caxias do Sul é outro município que despertou a atenção dos empreendedores. A Fisa Incorporadora desenvolverá na cidade o projeto do Fisa Center Med, um prédio de 24 pavimentos que será erguido na esquina da avenida Júlio de Castilhos com a rua Humberto de Campos. Recentemente, a construtora associou-se com a Seferin&Coelho, especializada em gestão de hospitais e planos de saúde. Em decorrência dessa parceria, as empresas anunciaram um novo hospital na cidade serrana, chamado de LifeDay, que será integrado ao Fisa Center Med. As obras se iniciam no segundo semestre e a conclusão do empreendimento está prevista para o primeiro semestre de 2020. Trata-se de um complexo de aproximadamente 20 mil metros quadrados de área total. O Fisa Center Med juntamente com o hospital LifeDay terá uma estrutura que funcionará de forma integrada, onde o cliente resolverá tudo no mesmo local, desde consultas médicas e exames a procedimentos cirúrgicos. A torre reunirá quatro unidades: hospital, consultórios e clínicas médicas, centro de desenvolvimento e pesquisa em saúde com auditório de 90 lugares e um centro de negócios. Além disso, contará com serviços de conveniência, tais como lounge gourmet, lojas térreas, sobrelojas e estacionamento rotativo. O diretor executivo da Fisa, André Fam Beiler, comenta que o público-alvo são profissionais da área da saúde como médicos, odontologistas, fisioterapeutas, psicólogos etc. "Estamos tendo uma receptividade bastante grande dentro de Caxias do Sul e também de outras cidades como Farroupilha, Bento Gonçalves e até de Porto Alegre", diz Beiler. O investimento para todo o complexo será de R$ 100 milhões. A comercialização será feita somente através de vendas, com consultórios custando a partir de R$ 255 mil. Conforme o executivo, a maioria dos consultórios médicos hoje está localizada em prédios que não têm a vocação exclusiva para essa função. "Além disso, é muita comodidade para médico e paciente estarem em um ambiente com diversidade de especializações e com empresas que complementam o serviço de diagnóstico, isso está chamando a atenção do mercado", destaca.
Hospitalar ATS foca em residencial voltado para público idoso
Com a elevação da expectativa de vida, outro mercado que desponta é o de residenciais para idosos. Pensando nisso, a Hospitalar ATS, empresa especializada em saúde fora do ambiente hospitalar, inaugurou em outubro o complexo La Fontana. O empreendimento fica localizado no bairro Santa Tereza, em Porto Alegre, na rua Corrêa Lima, esquina com a Hipólito da Costa. O complexo possui 24 suítes, com três tamanhos distintos, sendo que a maior tem cerca de 50 metros quadrados, podendo acomodar até quatro pessoas. O diretor-médico da Hospitalar ATS, Marco Antônio Fossati, detalha que se trata de um residencial para pessoas acima de 60 anos, construído levando em conta questões de acessibilidade como dimensões para a movimentação de cadeiras de rodas, camas hospitalares, banheiros com apoios para o usuário, entre outras particularidades. "E o mais importante é que há um hospitalzinho montado ali, com serviço de enfermagem e de médicos, quando preciso", frisa Fossati. Os médicos visitam os hóspedes, quando há necessidade, e os técnicos em enfermagem estão presentes durante 24 horas. O investimento no La Fontana foi de R$ 11 milhões, sendo que, além dos recursos desembolsados pela ATS, a maior parte do aporte na construção foi arcada pela Paulo Garcia Imóveis, que possui um contrato de aluguel com a ATS. Os valores de hospedagem iniciam a partir de R$ 8,5 mil ao mês e o custo de uma suíte de maior tamanho pode chegar até R$ 20 mil. Os preços variam de acordo com o espaço da unidade e o grau da dependência do hóspede, aumentando as despesas com o uso mais intenso dos serviços de enfermeiros, fisioterapia etc. O empreendimento conta com um restaurante e a diária do hóspede inclui seis refeições, assim como a estrutura de cinema, espaço de arte, área de atividade física, musicoterapia, biblioteca e uma central de enfermagem. Fossati enfatiza que o crescimento desse mercado não se restringe a Porto Alegre, sendo verificado em todo mundo. O diretor argumenta que esse fenômeno pode ser explicado, em parte, pela necessidade de cuidados com esse público que está ficando mais idoso, como evitar quedas ou melhor iluminação. Assim como é uma oportunidade para essas pessoas morarem com outras com idades semelhantes.
Concorrência entre empreendimentos será intensa e estimula busca por diferenciais
Uma velha regra de mercado que é aconselhável o investidor respeitar é o equilíbrio entre a oferta e a demanda. E não há como negar que o surgimento de vários complexos no segmento da saúde ao mesmo tempo ocasionarão uma forte concorrência entre eles. O diretor da Melnick Even, Juliano Melnick, destaca que, como em qualquer setor, haverá disputa. "O que acreditamos é que o Hub da Saúde traz coisas que os outros não têm", salienta. O dirigente cita o caso da unidade de Canoas que conta com hotel e centro de eventos. "Dentro de qualquer concorrência, aqueles que colocarem produtos mais fracos no mercado sofrerão mais do que quem ofertar produtos mais fortes", sustenta. O diretor de Novos Negócios e Incorporação da Cyrela Goldsztein, Ricardo Genro Jornada, por sua vez, adverte que a concorrência, quando não tem a dimensão correta dos nichos, pode ser predatória. Porém, o executivo ressalta que se isso ocorrer, o risco é do empreendedor. "O consumidor acaba beneficiando-se, porque quando há excesso de oferta o preço cai", justifica. Jornada reforça que uma empresa responsável precisa fazer pesquisas e calcular o tamanho do segmento em que irá atuar. O diretor da Cyrela Goldsztein projeta que os dois complexos Medplex atendem à dimensão do mercado de Porto Alegre. "Se outras empresas vierem, enfrentarão riscos além do necessário; o mercado não é inesgotável, tem início e fim", pondera. Para o dirigente, o precursor corre o perigo de explorar um campo novo, porém, ao mesmo tempo, tem o benefício de sair na frente dos outros e "beber água limpa". Além da questão das companhias concorrentes, os empreendedores precisam levar em consideração o público-alvo de consumidores, neste caso, os médicos. A vice-presidente do Simers, Maria Rita de Assis Brasil, calcula que existam em torno de 15 mil médicos atuando hoje na Região Metropolitana de Porto Alegre e no Estado são cerca de 30 mil profissionais. A dirigente adverte que é necessário um razoável movimento para que um consultório seja rentável. Maria Rita revela que, recentemente, ofereceram-lhe uma sala de 36 metros quadrados por R$ 480 mil. "Eu acho hoje um investimento caro e me surpreendem esses vários empreendimentos sendo feitos", frisa.
Em momentos de crise econômica, são poucos os setores que não sofrem com a estagnação ou até mesmo retrocesso. Uma exceção à regra, normalmente, é o segmento da saúde. E, no caso do Rio Grande do Sul, particularmente em Porto Alegre, existe uma grande quantidade de empreendimentos nessa área sendo desenvolvidos. Os investidores perceberam, entre outros fenômenos, o aumento da expectativa de vida e a evolução da legislação e estrutura na área de saúde nos últimos anos como uma oportunidade para novos negócios. Também notaram o espaço para aperfeiçoamentos, já que os consultórios médicos são instalados em prédios comerciais, que não foram concebidos para a finalidade específica desses profissionais. Uma das condições fundamentais para entrar nesse mercado será o atendimento de normas da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), como largura de portas adequadas para passagens de elementos como cadeiras de rodas e destinação apropriada de materiais médicos como gazes, por exemplo. Entre os complexos implementados na Capital está o Medplex, que consiste em centros integrados de saúde focados em diagnósticos e na prevenção conduzidos pela Cyrela Goldsztein; e o Hub da Saúde, unidades de serviço de baixa complexidade médica, que conta com a parceria de Melnick Even, Hospital Moinhos de Vento e Companhia Zaffari. A primeira dessas estruturas a ficar pronta será o Medplex Santana, que fica no bairro de mesmo nome. As obras desse complexo se iniciaram em 2015, e a entrega está prevista para o próximo mês de novembro. Esse empreendimento terá 449 consultórios, 154 salas comerciais e três lojas, distribuídos em uma torre com 17 pavimentos e outra com 13. Paralelamente, a Cyrela Goldsztein começou, neste ano, as obras do Medplex Eixo Norte, localizado no bairro Cristo Redentor, que deverá ser finalizado em setembro de 2019. O projeto terá 275 consultórios, 11 clínicas, 132 salas comerciais, cinco lojas e 15 pavimentos. Os complexos possuem farmácias e laboratórios de análise, clínicas, entre outros recursos. O Medplex Santana conta ainda com um hospital de curta permanência. O Eixo Norte também terá a operação de um day hospital, no qual poderão ser feitos procedimentos em que a permanência seja breve - como, por exemplo, uma cirurgia de hérnia de disco. A estrutura terá capacidade para realizar 700 procedimentos cirúrgicos por mês. Conforme o diretor de Novos Negócios e Incorporação da Cyrela Goldsztein, Ricardo Genro Jornada, o Medplex Eixo Norte iniciou a venda de espaços em novembro e, até o começo de abril deste ano, já havia comercializado mais de 60% das unidades. Já o Medplex Santana teve o lançamento feito há cerca de dois anos e meio, e os espaços foram todos vendidos. Os valores das salas comercializadas variam de R$ 11 mil a R$ 13 mil o metro quadrado de área privativa, sendo que os ambientes vão de 36 a 47 metros quadrados. O investimento no projeto do bairro Santana, em terreno e custo de obra, será de aproximadamente R$ 200 milhões e no Eixo Norte, de cerca de R$ 100 milhões. Já no caso do Hub da Saúde, o diretor da Melnick Even, Juliano Melnick, enfatiza que a aposta concentra-se em um "trio vencedor". "É um empreendimento que junta algumas marcas líderes em seus setores: a Melnick Even, como incorporadora, o Grupo Zaffari, com sua área de shoppings, e o Hospital Moinhos de Vento", frisa o empresário. No Hub da Saúde não haverá internação, mas unidades para atender a situações de baixa complexidade médica, com um centro para serviços de diagnósticos e estabelecimento comerciais. Está prevista a implantação de um empreendimento em Canoas, na avenida Getúlio Vargas, e outros três em Porto Alegre, nas avenidas Grécia, Aparício Borges e Padre Cacique (próximo ao Parque do Pontal, antigo Pontal do Estaleiro). Melnick adianta que ainda há possibilidade de ser erguido outro na avenida Cavalhada. O projeto de Canoas é o mais adiantado, já em execução e praticamente todo comercializado, devendo ser entregue em 2019. O complexo terá centro de serviços, clínicas, unidade do Hospital Moinhos de Vento, salas para médicos e outros negócios como escritórios, hotel, centro de eventos, restaurante e duas torres residenciais. O próximo a sair do papel, conforme o diretor, será o da avenida Aparício Borges. A ideia é ter pelo menos um lançamento por ano, sendo que a construção de cada um dos empreendimentos leva aproximadamente três anos. Melnick informa que serão entre 500 a 600 salas distribuídas entre as quatro estruturas (sem contar com a da Cavalhada), com um investimento que ultrapassa R$ 1 bilhão. "É algo muito grande, que vai se encaixando às diferentes oportunidades, o certo é que sempre terá uma base médica", reforça o diretor. Conforme o executivo, os complexos que terão centros de compras ligados ao Grupo Zaffari serão os das avenidas Grécia e Aparício Borges. Já o de Canoas e da Padre Cacique terão esse serviço, mas ofertados por outras empresas.
Projetos contribuirão para descentralizar atendimentos
Um dos reflexos positivos que devem vir com a implantação dos centros de saúde é a amenização da enorme procura por hospitais na Capital. Conforme dados do Sindicato Médico do Rio Grande do Sul (Simers), o número de leitos no Estado em fevereiro deste ano era de 34.322 (sendo 23.547 do SUS), o que equivalia a três leitos a cada mil habitantes. Já no caso de Porto Alegre, eram 8.357 leitos (5.290 do SUS), o que correspondia a 5,6 leitos para cada mil habitantes. O diretor da Melnick Even, Juliano Melnick, argumenta que não é necessário levar pessoas que tenham casos de baixa complexidade médica para hospitais que atendem também pacientes com problemas mais graves. O diretor de Novos Negócios e Incorporação da Cyrela Goldsztein, Ricardo Genro Jornada, concorda com Melnick que os empreendimentos desenvolvidos atualmente na Capital podem contribuir para desafogar os hospitais porto-alegrenses. O executivo acrescenta que a decisão por realizar o Medplex Eixo Norte leva em consideração a densidade e a baixa oferta de espaços de saúde da região, além do fluxo de moradores de outras cidades da Região Metropolitana. A vice-presidente do Simers, Maria Rita de Assis Brasil, acredita que os complexos podem aliviar os hospitais, principalmente quanto a procedimentos simples, como, por exemplo, uma endoscopia digestiva. Caxias do Sul também desperta interesse de investidores Não é somente a Capital que está atraindo no Estado o interesse de investidores no segmento médico. Caxias do Sul é outro município que despertou a atenção dos empreendedores. A Fisa Incorporadora desenvolverá na cidade o projeto do Fisa Center Med, um prédio de 24 pavimentos que será erguido na esquina da avenida Júlio de Castilhos com a rua Humberto de Campos. Recentemente, a construtora associou-se com a Seferin&Coelho, especializada em gestão de hospitais e planos de saúde. Em decorrência dessa parceria, as empresas anunciaram um novo hospital na cidade serrana, chamado de LifeDay, que será integrado ao Fisa Center Med. As obras se iniciam no segundo semestre e a conclusão do empreendimento está prevista para o primeiro semestre de 2020. Trata-se de um complexo de aproximadamente 20 mil metros quadrados de área total. O Fisa Center Med juntamente com o hospital LifeDay terá uma estrutura que funcionará de forma integrada, onde o cliente resolverá tudo no mesmo local, desde consultas médicas e exames a procedimentos cirúrgicos. A torre reunirá quatro unidades: hospital, consultórios e clínicas médicas, centro de desenvolvimento e pesquisa em saúde com auditório de 90 lugares e um centro de negócios. Além disso, contará com serviços de conveniência, tais como lounge gourmet, lojas térreas, sobrelojas e estacionamento rotativo. O diretor executivo da Fisa, André Fam Beiler, comenta que o público-alvo são profissionais da área da saúde como médicos, odontologistas, fisioterapeutas, psicólogos etc. "Estamos tendo uma receptividade bastante grande dentro de Caxias do Sul e também de outras cidades como Farroupilha, Bento Gonçalves e até de Porto Alegre", diz Beiler. O investimento para todo o complexo será de R$ 100 milhões. A comercialização será feita somente através de vendas, com consultórios custando a partir de R$ 255 mil. Conforme o executivo, a maioria dos consultórios médicos hoje está localizada em prédios que não têm a vocação exclusiva para essa função. "Além disso, é muita comodidade para médico e paciente estarem em um ambiente com diversidade de especializações e com empresas que complementam o serviço de diagnóstico, isso está chamando a atenção do mercado", destaca.
Hospitalar ATS foca em residencial voltado para público idoso
Com a elevação da expectativa de vida, outro mercado que desponta é o de residenciais para idosos. Pensando nisso, a Hospitalar ATS, empresa especializada em saúde fora do ambiente hospitalar, inaugurou em outubro o complexo La Fontana. O empreendimento fica localizado no bairro Santa Tereza, em Porto Alegre, na rua Corrêa Lima, esquina com a Hipólito da Costa. O complexo possui 24 suítes, com três tamanhos distintos, sendo que a maior tem cerca de 50 metros quadrados, podendo acomodar até quatro pessoas. O diretor-médico da Hospitalar ATS, Marco Antônio Fossati, detalha que se trata de um residencial para pessoas acima de 60 anos, construído levando em conta questões de acessibilidade como dimensões para a movimentação de cadeiras de rodas, camas hospitalares, banheiros com apoios para o usuário, entre outras particularidades. "E o mais importante é que há um hospitalzinho montado ali, com serviço de enfermagem e de médicos, quando preciso", frisa Fossati. Os médicos visitam os hóspedes, quando há necessidade, e os técnicos em enfermagem estão presentes durante 24 horas. O investimento no La Fontana foi de R$ 11 milhões, sendo que, além dos recursos desembolsados pela ATS, a maior parte do aporte na construção foi arcada pela Paulo Garcia Imóveis, que possui um contrato de aluguel com a ATS. Os valores de hospedagem iniciam a partir de R$ 8,5 mil ao mês e o custo de uma suíte de maior tamanho pode chegar até R$ 20 mil. Os preços variam de acordo com o espaço da unidade e o grau da dependência do hóspede, aumentando as despesas com o uso mais intenso dos serviços de enfermeiros, fisioterapia etc. O empreendimento conta com um restaurante e a diária do hóspede inclui seis refeições, assim como a estrutura de cinema, espaço de arte, área de atividade física, musicoterapia, biblioteca e uma central de enfermagem. Fossati enfatiza que o crescimento desse mercado não se restringe a Porto Alegre, sendo verificado em todo mundo. O diretor argumenta que esse fenômeno pode ser explicado, em parte, pela necessidade de cuidados com esse público que está ficando mais idoso, como evitar quedas ou melhor iluminação. Assim como é uma oportunidade para essas pessoas morarem com outras com idades semelhantes.
Concorrência entre empreendimentos será intensa e estimula busca por diferenciais
Uma velha regra de mercado que é aconselhável o investidor respeitar é o equilíbrio entre a oferta e a demanda. E não há como negar que o surgimento de vários complexos no segmento da saúde ao mesmo tempo ocasionarão uma forte concorrência entre eles. O diretor da Melnick Even, Juliano Melnick, destaca que, como em qualquer setor, haverá disputa. "O que acreditamos é que o Hub da Saúde traz coisas que os outros não têm", salienta. O dirigente cita o caso da unidade de Canoas que conta com hotel e centro de eventos. "Dentro de qualquer concorrência, aqueles que colocarem produtos mais fracos no mercado sofrerão mais do que quem ofertar produtos mais fortes", sustenta. O diretor de Novos Negócios e Incorporação da Cyrela Goldsztein, Ricardo Genro Jornada, por sua vez, adverte que a concorrência, quando não tem a dimensão correta dos nichos, pode ser predatória. Porém, o executivo ressalta que se isso ocorrer, o risco é do empreendedor. "O consumidor acaba beneficiando-se, porque quando há excesso de oferta o preço cai", justifica. Jornada reforça que uma empresa responsável precisa fazer pesquisas e calcular o tamanho do segmento em que irá atuar. O diretor da Cyrela Goldsztein projeta que os dois complexos Medplex atendem à dimensão do mercado de Porto Alegre. "Se outras empresas vierem, enfrentarão riscos além do necessário; o mercado não é inesgotável, tem início e fim", pondera. Para o dirigente, o precursor corre o perigo de explorar um campo novo, porém, ao mesmo tempo, tem o benefício de sair na frente dos outros e "beber água limpa". Além da questão das companhias concorrentes, os empreendedores precisam levar em consideração o público-alvo de consumidores, neste caso, os médicos. A vice-presidente do Simers, Maria Rita de Assis Brasil, calcula que existam em torno de 15 mil médicos atuando hoje na Região Metropolitana de Porto Alegre e no Estado são cerca de 30 mil profissionais. A dirigente adverte que é necessário um razoável movimento para que um consultório seja rentável. Maria Rita revela que, recentemente, ofereceram-lhe uma sala de 36 metros quadrados por R$ 480 mil. "Eu acho hoje um investimento caro e me surpreendem esses vários empreendimentos sendo feitos", frisa.