Projeto Raiz promove novos talentos do design
31/05/2017 - por Maria da Paz Trefaut
Uma nova geração de designers brasileiros começa a ganhar espaço no exterior. Treze deles acabam de participar da Semana de Design de Nova York, a International Contemporary Furniture Fair, que aconteceu entre 19 e 23 de maio e é um dos eventos mais importantes do mundo, ao lado do tradicional Salão Internacional do Móvel de Milão. Essa janela aberta para a Europa e EUA se deve, em grande parte, ao Projeto Raiz, uma ação conjunta da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil) e do Sindicato das Indústrias do Mobiliário de Bento Gonçalves (Sindmóveis).
A cidade gaúcha de Bento Gonçalves, além de referência para os produtores de vinho é, hoje, o maior polo da indústria moveleira do país. Em escala nacional, o setor de móveis reúne 20 mil fabricantes, dá emprego a 259 mil funcionários só na indústria, e faturou R$ 13 bilhões em 2016.
O Projeto Raiz nasceu em 2012, fruto da crise econômica, quando os empresários perceberam que uma das ferramentas para a inovação poderia ser a valorização do design. Assim, marcas e lojas que antes investiam especialmente no design importado, decidiram ir em busca do que havia de promissor no grupo de designers brasileiros que já trabalhava na indústria nacional e que poderia ser uma alternativa para o momento.
Segundo Ana Cristina Schneider, consultora do Projeto Raiz e do Sindmóveis, que participou do nascimento da iniciativa, o investimento de 2012 a 2017 foi da ordem de US$ 2 milhões entre Apex-Brasil, Sindmóveis e designers. "No início só testamos o mercado com mostras coletivas para entender quais seriam os desafios. Discutimos muito o que define design brasileiro e o nome 'raiz' vem justamente disso. Temos muita diversidade no traço e uma multiplicidade de materiais", diz Ana Cristina.
De um modo geral, os resultados já podem ser conferidos. Embora não existam números específicos para o setor, no ano passado, foram exportados U$ 6,6 milhões em serviços de design incluindo gráfico, de moda e de produto. No setor moveleiro, em 2017, a expectativa é de U$ 500 mil de resultado para os designers brasileiros.
Depois de várias iniciativas para tentar entender as demandas internacionais, a atuação do Raiz começou com um posicionamento diante do mercado europeu, seguido pelo Reino Unido. Agora, América do Norte. Uma das constatações do período foi a diferença entre americanos e europeus. "O americano tem um viés mais funcional, busca menos a assinatura e mais a função", explica Ana Cristina. "Enquanto o europeu valoriza mais a história e a assinatura." O passo seguinte a criar uma vitrine do Brasil no exterior é trazer compradores para cá.
Atualmente, 35 designers fazem parte do Raiz. O painel é variado e inclui desde os produtos encomendados pela indústria a projetos autorais. Os itens vão da marcenaria aos estofados, das banquetas aos ventiladores, do contemporâneo ao retrô. Muitos dos participantes já tem presença em alguns países e produtos licenciados, outros dão agora os primeiros passos em busca de uma expansão internacional.
Marta Manente, do Studio Manente, tem 18 anos de experiência e no ano passado começou a investir na internacionalização da marca. Sua criação está condicionada à demanda do cliente. Recentemente, desenvolveu a linha Brooklyn - com estantes, mesas e aparadores - inspirada no estilo industrial popularizado nos anos 50/70, em parceria com a BRV Móveis. A empresa é a que mais exporta mobiliário e que tem canal de distribuição nos EUA através da Manhattan Comfort Furniture. Os produtos foram lançados na Semana de Design de Nova York.
Fonte: Valor




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