O Porto Digital, parque tecnológico sediado em Recife (PE), amplia os investimentos na área da economia criativa. Do total de 260 empresas residentes no complexo, 31 negócios atuam no setor - eram 23, em 2014. Este ano, inaugurou um novo prédio, com recursos de R$ 8,8 milhões do BNDES, que abriga uma incubadora de negócios na área. Até 2019, vai implantar um estúdio de gravação para orquestra com até 50 músicos, voltado para a produção musical, de audiovisual e games.
Segundo Francisco Saboya, presidente do Porto Digital, os negócios criativos do parque são de micro e pequeno porte, com número de funcionários que varia de acordo com o volume de projetos em desenvolvimento. "Os principais mercados em que concorrem são games, design e computação gráfica para cinema, além de produção, compartilhamento musical, animação e edutainment [tecnologias que misturam educação e entretenimento]", diz.
Antes conhecido pela atuação na área de tecnologia da informação e comunicação (TIC), o Porto Digital expandiu operações, a partir de 2010, no segmento da indústria criativa. Há quatro anos, inaugurou o Centro de Empreendedorismo e Tecnologias da Economia Criativa (Portomídia), voltado para seis cadeias de negócios nos setores de games, multimídia, design, fotografia e música, além de cine, vídeo e animação.
Hoje, o Portomídia trabalha com quatro núcleos: formação técnica e exibição, com uma galeria de artes digitais; criação, apoiada por estúdios e laboratórios para pós-produção; além de empreendedorismo, com uma incubadora de negócios. O período de incubação dos empreendimentos é de 18 meses, quando os empresários têm acesso a treinamentos, assessorias em gestão, de desenvolvimento de produtos e na modelagem de negócios.
Uma nova fase do Portomídia começou no início de 2017, contemplada pela inauguração do Apolo 235, casarão restaurado no número 235 da Rua do Apolo, no centro da cidade. O local de três pavimentos e área de 1,4 mil metros quadrados tem auditório para 100 pessoas, incubadora de startups com 85 pontos de coworking, além de design center capaz de atender até seis projetos simultâneos. O imóvel, do século XIX, usou recursos de R$ 8,8 milhões, do BNDES, nas obras de restauro. Abriga ainda o Laboratório de Objetos Urbanos Conectados (L.O.U.Co), para trabalhos com internet das coisas (IoT) e impressão em 3D.
Segundo Saboya, até 2019 será inaugurada a terceira etapa do Portomídia, voltada para a produção de música, audiovisual e games. "Vamos ter um estúdio de gravação para orquestra com até 50 músicos, sala de concertos, uma miniarena de games e cinema, além de estúdios de motion capture e stop motion (tecnologias aplicadas em games, para a captura de movimentos, via computador)."
Entre os beneficiados das novas facilidades está a Manifesto Games, dos sócios Túlio Caraciolo e Vicente Vieira, sediada no Porto Digital. Criada em 2005, a companhia de jogos já produziu mais de 100 games para 40 clientes, nas áreas de entretenimento e educação. A carteira de contratos, a maioria obtida nos Estados Unidos, Canadá e Japão, inclui grandes estúdios de games, como o Bandai Namco, Disney, Sea World e o Zynga, dono do FarmVille. No nicho de educação, atende grupos editoriais e escolas de idiomas, como Positivo, Pearson e Fisk.
Um dos cases de negócios mais importantes da empresa de 40 colaboradores foi a produção do jogo para celular Pixels Defense, para a Bandai Namco e Sony. O aplicativo foi usado na promoção do filme Pixels, lançado em 2015. "O jogo ficou entre os 40 mais baixados do Brasil e entre os 50 mais requisitados nos Estados Unidos", diz Vieira, que abriu um escritório comercial em São Paulo, em 2014.
A Manifesto Games faturou R$ 2 milhões em 2016 e a expectativa para 2017 é alcançar R$ 2,6 milhões, com a expansão da base de clientes e melhorias nos processos de produção. Nos últimos três anos, cresceu a taxas de 25% a 30%, ao ano. Recentemente, fechou um contrato com a Legends of Learning, empresa americana de tecnologias para a educação, com 900 games no catálogo.