Projeto de saúde muda hábitos em cidade do interior de São Paulo
25/05/2017

Sair do sofá para praticar uma atividade física e escolher melhor os alimentos para colocar no prato são atitudes que as pessoas costumam tomar às segundas-feiras – em geral, só às segundas-feiras. O desafio de fazer com que essas práticas se tornassem rotina levou o professor de Educação Física Marcio Atalla a tirar da inércia a cidade de Jaguariúna, no interior de São Paulo. Durante nove meses, Atalla e sua equipe fizeram intervenções no município com a intenção de mudar os hábitos dos cidadãos. E conseguiram. Após o projeto “Vida de Saúde”, 39,4% dos moradores passaram a adotar condutas mais saudáveis.

 

O percentual está bem acima dos 6% que são considerados uma intervenção de sucesso pela literatura científica. Os dados completos do experimento, que serviu como base para realização de um artigo científico em parceria com a Universidade de São Paulo (USP), utilizando os parâmetros usados pela pesquisa Vigitel do Ministério da Saúde, serão apresentados hoje, na capital paulista.

 

– Esse era um trabalho para mostrar para a comunidade que é viável mudar os hábitos e que isso precisa ser feito. O Brasil foi o país que mais cresceu em obesidade no mundo nos últimos dez anos. O custo do sedentarismo no planeta é de US$ 68 bilhões por ano. É o maior fator de risco para diabetes e hipertensão. Falta política de saúde pública para incentivar um estilo de vida saudável – afirma Atalla.

 

No tempo que passou em Jaguariúna – escolhida para a intervenção por ter um perfil semelhante ao da população brasileira e pelo fato dos moradores terem um cartão cidadão, que facilitou o monitoramento das mudanças -, Atalla fez treinamentos com médicos de unidades de saúde e professores das escolas locais.

 

O “Vida de Saúde” também promoveu atividades ao ar livre, como passeios ciclísticos e caminhadas. Além de palestras para os moradores e ações em empresas, o projeto realizou intervenções inusitadas. Em uma delas, Atalla ocupava o posto de caixa de supermercado e perguntava ao cliente se podia refazer as compras ao seu lado, dando orientações nutricionais.

 

Quando o educador físico chegou na cidade – que tem 53.069 habitantes, segundo estimativa do IBGE – o índice de pessoas acima do peso era de 58% da população. Já os sedentários estavam na casa dos 78%. Ao longo do tempo, o cenário foi mudando, os parques e praças ficaram mais cheios e os percentuais baixaram. No fim de nove meses, o índice de moradores com sobrepeso ou obesos era de 56,5% e a taxa de sedentários havia caído 15%. Os moradores de Jaguariúna também aumentaram em 19% a prática de atividades físicas em momentos de lazer, 6% nas atividades domésticas e 10% no trabalho. Os obesos da cidade perderam, em média, 1,5 kg durante o projeto.

 

 

 

SEM COMIDA PROCESSADA

 

As medidas ocasionaram um aumento de 12% no consumo de frutas, verduras e hortaliças na população em geral; e 25% entre os participantes do projeto. A ingestão de alimentos não saudáveis caiu entre todos os moradores. Houve redução de 27% no consumo de refrigerantes, 10% no de doces e 6% no de carnes com excesso de gordura.

 

Trocar comida processada por alimentos naturais e substituir as horas em frente à TV pela corrida deram menos 20 kg a Jovana Gardinale, de 34 anos. Hipertensa, a enfermeira conseguiu, a partir das medidas estimuladas pelo projeto, melhorar suas taxas e suspender medicamentos.

 

– Eu levava uma vida sedentária e tinha uma alimentação péssima. Hoje, sigo a orientação de 70% do carrinho de compras composto por produtos naturais – conta.

Fonte: Abramge




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