As principais empresas do mercado de tecnologia apresentaram um desempenho forte no primeiro trimestre de 2017. Somadas, as receitas da Alphabet (dona do Google), Amazon, Apple, do Facebook, da Microsoft e do Netflix atingiram US$ 146,1 bilhões, um crescimento de 14,3%. O avanço do lucro foi ainda maior: 21,5%, para US$ 25,2 bilhões.
O desempenho do grupo superou consideravelmente a média das empresas que compõem o índice de ações S&P 500 que reúne as 500 maiores empresas dos EUA. Segundo a empresa de pesquisas Factset, na temporada de balanços recente, as vendas das empresas do S&P 500 avançaram 7,7% e os lucros melhoraram 13,9%. O setor de tecnologia tem peso considerável no S&P 500. Até o fim 2016, respondia por um quinto do índice.
A participação tem levantado alguns questionamentos. Em nota recente aos clientes, o Morgan Stanley alertou que os movimentos do índice estariam sendo empurrados pelas empresas de tecnologia a um nível muito pesado e insustentável.
Avanços em novos negócios, aumento na base de usuários e a expansão internacional das operações foram alguns dos fatores que influenciaram
positivamente os números das seis companhias no início do ano.
O crescimento mais forte veio do Facebook, cuja receita subiu quase 50%, para US$ 8 bilhões. Já o lucro saltou 76%, para US$ 3 bilhões. A rede social surpreendeu o mercado ao apresentar um crescimento de 17% no número de usuários ativos que usam seus serviços ao menos uma vez por mês. O Facebook deixou de ser, há algum tempo, uma startup. E com o amadurecimento das operações, o ritmo de crescimento tende a desacelerar. A própria empresa já havia alertado o mercado no ano passado sobre uma expansão mais modesta em 2017. Por enquanto, esse não parece ser o caso.
A Netflix chamou a atenção no quesito lucro líquido, que teve um impressionante avanço de 535%, para US$ 178 milhões, enquanto a receita subiu 34%, para US$ 2,6 bilhões. O crescimento da base de usuários no trimestre, no entanto, veio abaixo do esperado, o que decepcionou alguns analistas e levantou dúvidas sobre a capacidade da companhia de continuar crescendo. Com uma base de assinantes que se aproxima de 100 milhões, a empresa tem investido pesado em sua expansão internacional e na produção de conteúdo original, estratégias que consomem muito caixa, o que tem deixado investidores em alerta.
O avanço no lucro da Amazon também chamou atenção no começo do ano. A companhia, conhecida por sacrificar suas margens em nome de um agressivo plano de expansão, teve um incremento de 41% no resultado, que chegou a US$ 724 milhões. As vendas somaram US$ 35,7 bilhões, 23% a mais que um ano antes.
A Amazon apresentou um bom desempenho em sua operação na Índia e também no negócio de serviços de tecnologia para empresas, a AWS, principal nome do mercado de computação em nuvem e concorrente do Azure, da Microsoft e do Google Cloud. As duas empresas, aliás, também se beneficiaram de suas estratégias na nuvem. Mesmo não tendo batido as expectativas de receita, a dona do Windows cresceu 7,6%, para US$ 22 bilhões, com lucro de US$ 4,8 bilhões.
O Azure cresceu 93%. Na Alphabet, o grosso do desempenho veio da publicidade móvel e do aumento no preço médio dos anúncios, mas a adição de clientes como o eBay ajudou nos negócios com empresas. Apesar de representar quase um terço da receita do sexteto, a Apple foi a companhia que menos contribuiu para o grupo em termos de crescimento. Sua receita avançou apenas 4,6% e o lucro outros 4,9%. Com dificuldades para competir com fabricantes na China, a companhia apresentou um número de iPhones vendidos abaixo da expectativa do mercado. Curiosamente, isso não impediu que, nas semanas seguintes, o seu valor de mercado ultrapassasse US$ 800 bilhões. A expectativa agora é que o valor chegue a US$ 1 trilhão em menos de um ano.