HOSPITAIS QUE ATENDEM PELO SUS EM SP REDUZEM ATENDIMENTOS E CIRURGIAS
11/04/2017
onte: Jornal Nacional – 08/04/2017
 
Hospitais não têm dinheiro para a demanda de pessoas que perderam planos de saúde. Santa Casa de SP demitiu mais de 1,3 mil funcionários.
 
O Jornal Nacional começa com um retrato de uma crise na saúde do Brasil. Enquanto 3 milhões de pessoas perderam os planos de saúde e passaram a fazer parte dos 150 milhões de brasileiros atendidos pelo SUS, os hospitais não têm dinheiro para a demanda. Em São Paulo, maior cidade do país, que recebe quase a metade dos casos de alta complexidade de todos os estados, os hospitais já começaram a reduzir os atendimentos e cirurgias.
 
A porta está fechada no pronto-socorro que atendia 1,5 mil pessoas por dia. “Vou passar na farmácia e ver se consigo tomar a medicação lá”, conta uma paciente.
 
Até agora não houve solução para cobrir os R$ 35 milhões a mais que o Hospital São Paulo gastava por ano para atender tanta gente. O jeito foi cancelar cirurgias e exames. E assim, fica mais complicado o que já era difícil.
 
O que falta lá está faltando também em outros hospitais do SUS.
 
Em crise financeira e com problemas de gestão desde 2013, a Santa Casa de São Paulo demitiu mais de 1,3 mil funcionários, desativou leitos e cancelou cirurgias que não são urgentes. Os hospitais que atendem quase que exclusivamente pelo SUS estão encolhendo, quando mais gente precisa deles.
 
“Precisamos e mais do que nunca. Acho que eu e muitos brasileiros, porque perdemos o convênio. Se fosse pelo convênio minha mãe estava morta”, conta Karina Fidelis, administradora.
 
O desespero é porque os casos são graves. O Instituto Arnaldo Vieira de Carvalho é especializado em câncer. São dois mil pacientes por dia, 15% vivem fora de São Paulo. O hospital atende mil pacientes novos por mês, mas só recebe por 300. Fez 497 cirurgias em março e apenas 130 serão remuneradas.
 
“Nós salientamos que não queremos nada do que não fazemos, nós queremos receber simplesmente o serviço que está sendo prestado para a população”, destaca Sérgio Innocenzi, presidente diretor executivo do Instituto Vieira de Carvalho.
 
Como a conta não fecha, a carta para explicar a redução nos atendimentos já está pronta. O número de cirurgias vai cair quase à metade.
 
“Está virando uma bola de neve. Hoje há um déficit mensal na casa de R$ 1 milhão e isso daí pode se tornar insustentável daqui a pouco e o hospital realmente fechar as portas”, comenta Paschoal Marracini, diretor administrativo do Instituto Vieira de Carvalho.
 
“Não pode fechar esse hospital, porque nós não temos dinheiro para pagar particular”, conta Rosalina Teotônio, empregada doméstica.
 
A crise que acontece em São Paulo passa pela desorganização do sistema, pela falta de recursos e tem reflexo no Brasil inteiro. Segundo o secretário municipal da Saúde, o estado atende 44% dos casos de alta complexidade do país.
 
“O dinheiro SUS é um dinheiro combinado com estado, município e governo federal. É uma coisa que precisa ser ajustada antes de acontecer”, declara Wilson Polara, secretário municipal de Saúde.
 
Ele defende a criação de uma câmara de compensação para que o paciente que vier de fora traga o recurso com ele. Até lá, diz que vale o teto de gastos de cada hospital.
 
Jornal Nacional: Quem não consegue atendimento nesses hospitais deve fazer o que?
 
Polara: Quem vai orientar onde as pessoas devem ser atendidas é a unidade básica de saúde, é a regulação. E as pessoas não devem bater na porta do hospital e dizer ‘eu quero ser atendido aqui’.
 
O especialista em administração e sistemas de saúde da Fundação Getúlio Vargas Walter Ferreira Júnior diz que o SUS precisa de reorganização, mas também de mais dinheiro: “Se você não tiver mais recursos, não tiver mais equipamentos, se você não tiver sua rede instalada em quantidade suficiente para atender sua demanda, evidentemente você vai ter fila e evidentemente você vai ter gargalo”.
 
 
Segundo o ministro da Saúde, Ricardo Barros, mais recursos dependem do Congresso: “Nós temos um déficit orçamentário. Eu espero poder atender essas demandas assim que nós aprovarmos uma mudança orçamentaria no Congresso”.
 
Quem só pode contar com o serviço público de saúde se revolta com o risco de ficar sem atendimento.
 
“Pensar na possibilidade de isso acontecer, de fechar aqui, parar ou cortar verba, ou tirar pessoas, é um absurdo, é inacreditável. Não tem luxo, não tem conforto, mas o que é importante tem. Que é cuidado pela vida”, declara Eliana de Souza, psicóloga.
Fonte: Abramge




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