A NotreDame Intermédica, operadora de plano de saúde comprada pelo fundo americano Bain Capital há três anos, está avaliando qual caminho seguir. Entre as possibilidades estão uma abertura de capital que pode movimentar cerca de R$ 1,5 bilhão e a venda de pelo menos uma fatia para um investidor estratégico internacional, segundo o Valor apurou.
Os representantes da Intermédica estão em Nova York realizando road shows que, a princípio, tinham por objetivo apenas o IPO (oferta inicial de ações). Contudo, durante as apresentações, alguns investidores estratégicos como as seguradoras Axa e Aetna mostraram-se interessadas pelo ativo, o que fez a Bain Capital abrir a possibilidade de ter um novo sócio. A americana UnitedHealth, dona da Amil no Brasil, também foi rondada, segundo fontes do setor.
Diante do interesse dos investidores, a Bain Capital jogou alto e avaliou a NotreDame Intermédica em cerca de US$ 4 bilhões - o que está afugentando os possíveis interessados em adquirir o controle. O preço é considerado elevado pelo mercado. A Bain pagou R$ 2 bilhões pela Intermédica há três anos e mesmo considerando que, neste período, a operadora passou por uma profunda transformação e ganhou muito valor, os US$ 4 bilhões ainda são considerados excessivos.
Para efeitos de comparação há cinco anos, a UnitedHealth pagou US$ 4,9 bilhões pela Amil, o equivalente a 13 vezes o Ebitda da empresa fundada por Edson Bueno. Esse múltiplo representou um prêmio de 50% sobre o valor da ação da Amil na época.
A NotreDame Intermédica teve um Ebitda de R$ 330 milhões em 2015. Considerando o múltiplo pago pela Amil, a operadora da Bain seria avaliada em cerca de R$ 4,5 bilhões. Levando-se em conta um prêmio de 50%, o valor subiria para R$ 6 bilhões a R$ 7 bilhões - ou seja, uma cifra ainda muito inferior aos US$ 4 bilhões pedidos pela Bain - segundo projeções de consultores especializados em saúde.
Outro empecilho nessa transação seria o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). Em São Paulo, a Amil e Intermédica juntas têm cerca de 40% do mercado de planos de saúde e dental. As duas operadoras têm quase 10 milhões de usuários na praça mais importante do país que tem 25 milhões de pessoas com os benefícios. No país todo, são 70 milhões de usuários de convênios médico e dental. Além disso, as operadoras são donas de uma ampla rede verticalizada de hospitais e clínicas em São Paulo.
Ainda, segundo fontes, a equipe da Amil não estaria disposta a um movimento tão brusco neste momento. Há menos de um mês, o fundador da Amil morreu vítima de um infarto fulminante.