Oito segmentos da indústria encolheram mais de 50% em 3 anos
06/03/2017
Nos últimos três anos, durante a mais brutal e longa recessão do Brasil, quando o Produto Interno Bruto (PIB) recuou quase 8% e a produção industrial encolheu 17%, um terço da indústria amargou uma crise ainda pior.

Ela foi fulminante (retração entre 50% e 66%) para oito segmentos e grave (retração entre 25% e 49%) para outros 25 subsetores, segundo definições estabelecidas em um estudo do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), que tomou como base nos dados de produção industrial no país do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

A queda no investimento - público e privado - é o principal fio condutor da forte queda da indústria, diz Rafael Cagnin, economista-chefe do Iedi, ainda que alguns setores com crise "fulminante" ou "grave" também tenham sido afetados pela retração em bens de consumo duráveis. O destaque negativo são cabines e carrocerias para veículos automotores e caminhões e ônibus, ambos com queda na casa de 60% entre 2014 e 2016.

O investimento foi afetado tanto pelo ajuste fiscal do setor público como pela aversão ao risco, que restringiu o volume de crédito disponível para o setor privado, além dos efeitos diretos e indiretos da operação Lava-Jato sobre a economia brasileira e o setor de infraestrutura. E junto com essas causas reais, a crise foi potencializada pela piora na confiança de empresários e consumidores, pondera Cagnin.

Se nas empresas essa situação levou ao corte do investimento, nas famílias ela afetou principalmente o consumo de bens duráveis. Com a renda comprometida e diante do desemprego (ou com medo dele), os consumidores pisaram forte no freio da demanda, acrescenta o economista do Iedi, ponderando que nos dois casos - das empresas e das famílias - ainda não há sinais objetivos que permitam reverter a situação e falar em retomada sustentada.

"Esses são segmentos muito ancorados no mercado doméstico e não é fácil redirecionar a produção para o exterior", pondera, lembrando que a situação das contas públicas ainda constrangerá o investimento público por bastante tempo.

O levantamento do Iedi também olhou para o último trimestre de 2016 e constatou uma situação muito diversa na indústria: se um quarto dos setores já cresceu mais de 5% em relação ao último trimestre de 2015, a produção de outro quarto ainda caiu 10% ou mais na mesma comparação. "Estamos no início de uma recuperação que será muito lenta. 
Fonte: Valor




Obrigado por comentar!
Erro!
Contato
+55 11 5561-6553
Av. Rouxinol, 84, cj. 92
Indianópolis - São Paulo/SP