Um dos exames mais importantes para o diagnóstico precoce do câncer de mama tem sido deixado de lado por boa parte das brasileiras entre os 50 e 69 anos, que têm indicação para realização anual do procedimento. Conforme pesquisa da Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM), o número de mamografias realizadas pelo Sistema Único de Saúde (SUS) é preocupante em alguns Estados brasileiros.
O pior indicador foi verificado no Distrito Federal, onde o índice de mulheres que realizaram o exame caiu para 1,5% em 2015 ante 16% em 2014. O estado ficou atrás do Amapá, que tem cobertura de 3,9%, e Acre, onde 6,1% fizeram o exame.
No Rio Grande do Sul, os números são mais positivos, mas não chegam a empolgar os especialistas. Ao longo de 2015, foram feitas 202 mil mamografias no Estado, o que corresponde a 27% da população feminina entre 50 e 69 anos.
— Não chega nem à metade de quem tem a recomendação, e o risco disso é fazer o diagnóstico tardio. Aqui em São Paulo, o tamanho médio de um tumor identificado na população que se cuida é de 1,6 cm. Na Santa Casa e no Hospital São Lucas, em Porto Alegre, a medida é de 5 cm — destaca o presidente da SBM, Antonio Frasson.
Na maioria dos casos, quanto menor o tumor, maior é a chance de cura, o que justifica a importância do diagnóstico precoce. Outra preocupação da SBM é em relação ao tempo que as mulheres levam para chegar a um especialista. Segundo Frasson, depois de receber o diagnóstico de câncer de mama, em geral, é preciso esperar entre seis meses e um ano para ter acesso aos médicos e ao tratamento.
— Preocupa, também, o acesso àquelas que tiveram a doença. Quando conseguem consultar com um mastologista e marcar cirurgia, o acesso à radioterapia é demorado — lamenta.
Minas Gerais foi o Estado que teve o maior índice de mamografias no Brasil. Lá, 35% das mulheres na faixa determinada fizeram o exame. Para a SBM, o ideal é que todas as mulheres entre 50 e 69 anos façam a mamografia uma vez por ano ou, pelo menos, a cada dois anos.