Natura melhora resultados no quarto trimestre, mas ação cai
02/03/2017
Depois de uma série de medidas para diversificar os canais de vendas e de mudanças na equipe de administração, a Natura apresentou melhora no desempenho no quarto trimestre de 2016. Bastante esperada, a estabilização das vendas no país foi destacada pelos analistas do setor, mas não foi suficiente para convencê-los de que a empresa, que tem perdido participação de mercado nos últimos anos, chegou ao ponto de virada.  Ontem, no primeiro pregão depois da divulgação dos resultados, as ações da companhia tiveram queda de 6,17% - a maior do Ibovespa, que recuou 1,64%. 

O lucro líquido da fabricante de cosméticos avançou 38,8% no quarto trimestre, para R$ 201,8 milhões, ante média de R$ 167 milhões do consenso de oito casas de análise. A receita líquida diminuiu 1,6% e somou R$ 2,3 bilhões, em linha com o esperado. O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) recuou 2%, para R$ 462 milhões, comparado ao consenso de R$ 448 milhões.

"Preferimos esperar por sinais adicionais de recuperação antes de nos tornamos mais otimistas sobre a empresa", escreveu o analista Joseph Giordano, do JP Morgan, em relatório a investidores.

No mercado interno, as vendas líquidas da Natura recuaram 0,5%, afetadas por aumento da carga tributária. A receita bruta no país subiu 1,6% de outubro a dezembro, a primeira alta em oito trimestres.

"Embora pareça que um ponto de inflexão tenha ocorrido no Brasil, preferimos ser conservadores em relação ao ritmo de recuperação das margens para o ano", afirmou o analista Alexander Robarts, do Citi. "Não há uma forte evidência para confirmar que a Natura atingiu um ponto de virada nas operações domésticas", disse o analista Gustavo Oliveira, do UBS. "O desempenho da Natura tem sido errático nos últimos anos e precisamos de indicações de que as mudanças são para melhor e duradouras", acrescentou Tobias Stingelin, do Credit Suisse.

O volume vendido no país recuou 15% no trimestre e o total de vendedoras diminuiu 8,8%. Segundo a empresa, a queda de encomendas está relacionada à venda de kits no Natal, que são contabilizados como um item só, apesar de conter diversos produtos. Já a redução da base é atribuída a critérios mais exigentes da companhia em relação a suas revendedoras.

"Temos investido na qualificação da rede de consultoras, o que torna o processo mais seletivo, tanto do ponto de vista de crédito como de capacitação e recrutamento. Isso é fundamental para retomar produtividade e fortalecer a marca", afirmou o presidente da Natura, João Paulo Ferreira, em teleconferência com analistas. A produtividade das vendedoras cresceu 9,7% no trimestre. Segundo Ferreira, a expectativa é de estabilidade no patamar de revendedoras no curto prazo.

Apesar da Natura ter perdido participação de mercado em 2016 como um todo, a companhia informou, sem citar números, que houve recuperação no quarto trimestre. A melhora foi atribuída pela fabricante ao foco em produtos mais adequados ao momento econômico e ao relançamento de linhas, como Ekos e os perfumes Luna e Flor do Luar, que tiveram resultados acima da expectativa, mas com impacto expressivo apenas a partir do segundo semestre.

Além disso, de outubro a dezembro, o preço médio se recuperou, o que não tinha sido visto nos dois primeiros trimestres do ano, afirmou Andrea Álvares, vice-presidente de marketing da empresa. No início de 2017, a empresa deve reforçar os investimentos em perfumaria e produtos para o corpo. A empresa está relançando a linha de maquiagem Faces, que será comercializada na rede de farmácias Raia Drogasil e na varejista de moda Renner. Com as novas parcerias, a Natura aumenta sua presença no varejo. Além disso, estima abrir 30 lojas este ano, após cinco inaugurações em 2016.

Os investimentos totais da companhia devem somar R$ 350 milhões este ano, ante R$ 306 milhões aplicados em 2016.
Fonte: Valor




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