O ano de 2016 não deixará muita saudade. No entanto, na área da pesquisa médica, os avanços foram muito interessantes e numerosos. Abriram horizontes infinitos para um desenvolvimento ainda maior na luta contra doenças graves.
1. Medicina personalizada: esta nova filosofia de abordagem a doenças e doentes foi dominante em 2016. Em todas as áreas das ciências da saúde, a adequação de estratégias no manejo dos pacientes foi reavaliada.
Por que tratamentos funcionam maravilhosamente bem em alguns pacientes e não têm nenhum efeito em outros? Seria possível moldar o tratamento da forma apropriada para cada indivíduo, baseado em informações genéticas ou moleculares específicas? Parece que sim.
No tratamento de câncer, isto está se tornando realidade. O perfil genético e molecular do tumor de cada paciente é estudado para tentar identificar alvos para tratamento direcionado ou traços do próprio paciente que possam modificar sua resposta a esta ou àquela droga.
Foi construída uma rede internacional que coleta informações genéticas de pacientes voluntários e disponibiliza essas informações para pesquisadores no mundo inteiro, debruçados sobre cada detalhe do DNA, avaliando cada gene, ou a combinação deles, como potencial fator de impacto na doença.
2. Criação acelerada de vacinas: infecções de proporções pandêmicas, afetando muitos países ou continentes, elevaram o nível de alerta das autoridades de saúde mundiais. Programas de desenvolvimento acelerado de vacina eficazes contra alguns vírus, como o ebola, ou bactérias, como a meningite B, elevaram a capacidade dos cientistas de encontrar, testar e estabelecer vacinas em tempo relativamente curto: seis meses.
Até recentemente, qualquer vacina levava mais de uma década para ficar pronta e liberada para uso em larga escala. A rápida imunização de populações inteiras ficou mais fácil na atualidade. O Instituto Butantan, em São Paulo, realiza, com muito êxito, projetos de desenvolvimento acelerado de vacinas para problemas endêmicos no Brasil, como a dengue.
O professor Jorge Kalil, diretor do Instituto Butantan, anunciou a instalação de uma fábrica dedicada à produção da vacina tetravalente da dengue, já em 2017, e também capaz de desenvolver e fabricar vacinas contra o vírus da zica.
3. Genética contra bactérias multirresistentes: o uso disseminado, e por vezes indiscriminado, de antibióticos está selecionando e produzindo superbactérias resistentes a praticamente todos os antibióticos conhecidos.
Médicos intensivistas que tratam pacientes com infecções graves em unidades de terapia intensiva (UTI) se deparam frequentemente com infecções recorrentes e bactérias insensíveis às drogas habituais.
Estudos recentes introduziram novos métodos de pesquisa genética do DNA das bactérias que aceleram a identificação não somente do tipo de bactéria responsável pela infecção, como também características específicas desta ou daquela bactéria que a tornem sensível a um antibiótico.
Além de conscientizar os médicos a não prescreverem antibióticos para qualquer infecção, o DNA de novas microbactérias da tuberculose, mais resistentes aos tratamentos atuais, tem sido estudado com detalhes para estabelecer a melhor estratégia para seu tratamento.
Em pesquisas paralelas, cientistas estão aumentando a eficiência de antibióticos, através de acoplamento genético a fagos, vírus especiais que conseguem infectar bactérias letais e torná-las mais suscetíveis à ação dos antimicrobianos.
Que 2017 traga melhor saúde para todos e maior atenção de nossos governantes para injetarem recursos suficientes na pesquisa científica. Sem isso, temo ficarmos eternamente alocados ao último vagão do saber e da ciência mundial.
Fonte: Carta Capital
Data: 16/01/2017