A Confederação Nacional de Saúde (CNS), entidade representativa dos estabelecimentos assistenciais no Brasil, realizou no dia 07 de dezembro, em Brasília, o seu tradicional evento de encerramento das atividades do ano. O IV Fórum de Saúde teve como tema principal A Saúde de um Novo Brasil. O evento foi realizado em parceria com a Federação Brasileira de Hospitais (FBH), Confederação das Santas Casas de Misericórdia, Hospitais e Entidades Filantrópicas (CMB) e a Associação Nacional de Hospitais Privados (ANAHP). Lideranças e dirigentes de todas as regiões do país participaram dos debates que contaram com especialistas, empresários e políticos que abordaram as alternativas e dilemas de futuro do setor.
A abertura oficial do Fórum contou com a participação do presidente da CNS, Dr. Tércio Kasten; presidente da FBH, Dr. Luiz Aramicy; presidente da CMB, Dr. Edson Rogatti; e presidente da ANAHP, Dr. Francisco Balestrin. Em seu discurso de abertura, saudando os presentes, o presidente da CNS, Dr. Tércio Kasten, comentou que “a realização do fórum vem da busca por melhorias no setor. Essa é uma ótima forma para unirmos conhecimentos e personalidades ligadas à saúde”, afirmou.
Tércio Kasten citou o sociólogo polonês Zygmunt Bauman, autor do livro Modernidade Líquida. “Os conceitos eram sólidos [no passado]… as crises também são liquidas, vem e vão. E uma substitui a outra. O ritmo das mudanças deve ser cada vez mais acelerado”. A saída do Reino Unido da União Europeia (Brexit) e a eleição de Donald Trump como novo presidente dos EUA, são segundo Tércio, exemplos “mais evidentes” de acontecimentos que ninguém esperava, motivando adaptação rápida e nova postura.
A “modernidade líquida”, segundo Tércio, apresenta avanços tecnológicos incríveis, “mas que muitas vezes, não são inclusivos”. Para o presidente da CNS, a entidade deve estar preparada para atuar nos novos tempos, onde a velocidade requer atuação rápida e envolvimento constante e colaborativo.
Tércio também apresentou mudanças importantes alinhadas pela nova diretoria da CNS, que completou ao final de 2016, o primeiro ano em exercício. Dentre as novidades, citou a definição de diretorias e a delegação de responsáveis por áreas como jurídico, financeiro e comunicação. A mais nova decisão – anunciada no evento – é a criação de um fundo para garantir recursos financeiros que possam dar segurança para ações estratégicas da entidade e de suas federações em todo o Brasil. A solidificação e o aprimoramento das parcerias com outras entidades representativas e órgãos governamentais, é um projeto que já se encontra em andamento, segundo o presidente da CNS, citando em especial CMB, ANAHP e FBH, as parceiras do evento.
Ao dar as boas-vindas a todos e ao anunciar o primeiro debate, Tércio afirmou que cada um tem o seu próprio posicionamento e visão, que muitas vezes, é divergente do outro. Mas o presidente da CNS fez questão de lembrar que todos trabalham por uma causa maior em mente, a de oferecer a melhor saúde aos brasileiros. Tércio finalizou dizendo que para avançar, “precisamos reconhecer o que temos em comum”.
Modelos de Remuneração
Logo após a fala de Tércio, a programação da manhã prosseguiu com um Talk Show e o tema “Novos modelos de remuneração”. Dr. Marcelo Britto, Vice-presidente da CNS; Dr. João de Lucena, Assessor da CNS; Dr. Luiz Rodrigo Milano, Conselheiro Fiscal da CNS e Diretor Executivo do Hospital Pilar de Curitiba; Dr. José Cechin, Diretor Executivo da Fenasaúde; além de Diocelia Jungbluth, Gerente de Relações com Mercado do Hospital Moinhos de Vento de Porto Alegre, fizeram parte da atividade.
Dr. Marcelo Britto – o coordenador desta atividade – , fez uma explanação sobre o tema proposto e instigou os convidados. “Para tentar equalizar a saúde de um novo Brasil, nós vamos precisar desenvolver um modelo que signifique um alinhamento perfeito de interesses entre prestadores, operadoras e usuários. Mesmo que isso seja improvável, nós teremos que buscar esse improvável. Nesse modelo os ganhos seriam exclusivamente na entrada de novos usuários, de novos pagadores na saúde suplementar”, comentou. Antes de concluir, Dr. Marcelo ainda explanou sobre a instituição das glosas. “O modelo utilizado hoje precisa mudar. Do jeito que está nós vamos parar o sistema. Antes da operadora quebrar, quebra a rede (prestadora de serviços).E isso é uma realidade posta a todos os operadores de serviços”.
Durante o evento também aconteceu o lançamento de dois livros, Radiografia da Tributação do Setor Saúde e Sistema Saúde 2017. Ambos estarão disponíveis para download nos próximos dias, pelo site da CNS, na área Publicações CNS. A primeira publicação é uma iniciativa da FBH e CNS e trata das discrepâncias que ocorrem no setor tributário brasileiro e que impactam a sustentabilidade das organizações de saúde. O estudo foi feito pelo Instituo Brasileiro de Planejamento Tributário, a mesma entidade responsável pela primeira edição, lançada em 2010.
Já o livro Sistema Saúde 2017, dá continuidade, ampliando, um projeto da própria CNS. O coordenador da área de comunicação da CNS, médico Cláudio José Allgayer (vice-presidente da CNS e presidente da Fehosul), explicou o motivo da mudança. “O nosso público de maior interesse é o diretor, o CEO, os conselhos de administração e as lideranças da saúde. A decisão, tomada pelo Conselho de Representantes da entidade (integrado pelos vice-presidentes e pelo nosso presidente), no início do novo mandato, é um direcionamento mais do que natural para a entidade patronal representativa dos estabelecimentos assistenciais de saúde. Este livro, com 12 artigos e 22 colaboradores, apresenta um conteúdo direcionado para o nosso principal elo de sustentação. Convidamos importantes CEO’s, dirigentes e lideranças reconhecidas pelo mercado, em projeto alinhado à missão da CNS. O nome, Sistema Saúde, remete a três de nossas principais pautas, aprofundar as discussões sobre Saúde, organizar os diferentes eixos em uma visão sistêmica e difundir a necessidade de criação do Sistema “S” da Saúde, acalentada aspiração do segmento”, explicou Allgayer no lançamento da publicação, que também estará disponível em meio digital.
Projeto S da Saúde
No encontro o tema “Projeto S da Saúde” teve a participação do Deputado Jorge Solla juntamente com Dulci Tiné, assessora da CNS e Dr. Tércio Kasten, presidente da CNS.
O deputado federal Jorge Solla (PT – Bahia) é autor do Projeto S da Saúde e explanou um pouco sobre o assunto. “O setor saúde precisa de investimentos constantes na formação de recursos humanos. É um setor que precisa mais do que qualquer outro de investimento permanente e regular. Acredito que essa proposta do Projeto S vai trazer grandes benefícios. Nós fizemos essa parceria com a CNS porque essa aliança fortalece a proposta. Nós vamos continuar buscando formas de construir estratégias, porque a proposta é justa, é necessária e é viável”, enfatizou.
Relações Institucionais
No período da tarde aconteceu palestra sobre “A Importância das Relações Institucionais” apresentada por Antônio Augusto de Queiroz, Jornalista e Diretor de Documentação do DIAP, e contou com a participação do Dr. Renato Merolli, vice-presidente da CNS e presidente da Federação dos Hospitais do Estado do Paraná. Durante a palestra, Antônio Augusto de Queiroz enfatizou a importância de se relacionar com o governo e com o Congresso; atores institucionais e não institucionais; quais os pressupostos e condições para atuação efetiva; formas de atuação de grupos de pressão, dentre outros assuntos.
Evolução da Legislação Trabalhista
O evento foi finalizado com um Talk Show sobre “A Necessidade de Evolução da Legislação Trabalhista” que teve a ilustre presença do Dr. Cláudio Brandão, Ministro do TST; juntamente com Dr. Alexandre Zanetti, Assessor Jurídico da CNS; além do presidente da CNS Dr. Tércio Kasten. O ministro Cláudio Brandão abordou vários assuntos atuais e relevantes, entre eles a reforma trabalhista. “Essa reforma trabalhista faz com que o Brasil se torne um país competitivo, e para ser competitivo precisa mudar. O Brasil já está mudando e não podemos ter medo das mudanças. Nem sempre como a norma é editada corresponde ao anseio da sociedade, mas é preciso”, conclui.
A terceirização também foi tema da explanação do ministro. Ele alertou que, ao contrário do que muitos empresários pensam, o uso de mão de obra terceirizada, como por exemplo, um médico, não vai necessariamente facilitar o trabalho do gestor. “Não existe mágica” sentenciou Brandão. Segundo o ministro, a terceirização trará junto a corresponsabilidade da instituição, como é no caso de um erro médico, não ficando a responsabilidade exclusiva do profissional. Além disto, os hospitais devem ter consciência da questão da confiança que existe entre médico e paciente. Trocar o profissional sem consentimento do paciente, sem levar em conta o tratamento, pode trazer reclamações e insatisfação.
Jantar da CNS
Após o Fórum de Saúde realizado pela CNS, aconteceu o jantar de confraternização com uma homenagem especial prestada pela Confederação. Essa homenagem foi realizada pelo Dr. Tércio Kasten, presidente da CNS, juntamente com o Dr. Renato Merolli, vice-presidente da CNS e Dr. José Carlos Abrahão, ex-presidente da CNS e atual presidente da ANS, que entregaram um certificado e um troféu para Dr. Olympio Távora, como agradecimento pelos 17 anos que esteve à frente da Assessoria Técnica da CNS.
Entre as autoridades que estiveram presentes na ocasião, registramos o Dr. Francisco Figueiredo, Secretário de Atenção à Saúde, do Ministério da Saúde, Dr. Edson Rogatti, presidente da CMB; Luiz Aramicy, presidente da FBH e os deputados federais Antônio Britto (Bahia) e Darcísio Perondi (RS).
A Federação dos Hospitais e Estabelecimentos de Saúde do RS (FEHOSUL) esteve representada pelo seu presidente Cláudio Allgayer, e por uma numerosa delegação formada pelos diretores Luiz Alberto Tarragô de Carvalho (tesoureiro), Fernando Scarpellini Pedroso, Luiz César Leal Neto, Maurício de Abreu e Lima Guimarães; e ainda pelo diretor executivo Flávio Borges e a gerente de relacionamento com o mercado, Shirlei Gazave. O presidente do Sindihospa, Henri Chazan, também foi a Brasília e acompanhou de perto os debates.