Uma em cada cinco pesquisas feitas no Google é sobre saúde, segundo o próprio buscador. Os dados assustam alguns profissionais, que consideram a busca de informações online uma prática perigosa para o paciente.
Apesar de ponderar que há muita informação falsa na internet, Alexandre Naime Barbosa, médico infectologista e professor da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (Unesp) tem opinião contrária. “Eu analiso essa questão em três pontos. Primeiro, o empoderamento do paciente. Quanto mais conhecimento sobre a doença, melhor vai lidar com ela e mais aderente vai ser ao tratamento”, explica. Em segundo lugar, Barbosa defende que esse empoderamento do paciente faz com que os médicos se sintam mais pressionados a se manterem atualizados. Por último, o professor afirma que o paciente não é mais tratado como um leigo completo durante a consulta. “Ele tem que participar da escolha do tratamento, das opções, já que é o mais interessado em tudo isso.”
Números. O Grupo Minha Vida fez uma pesquisa online respondida por quase 4 mil pessoas que curtem a página do grupo no Facebook. A maioria dos respondentes são mulheres com mais de 18 anos, e vale lembrar que quem segue o portal normalmente tem um interesse prévio pela área de saúde. Dentre as mulheres entre 35 e 39 anos, o grupo foco do portal, 73% afirmaram usar a internet depois de ir ao médico. As que fazem pesquisa online antes da consulta somam 70% (62% consultam a web antes e depois).
Marcia Netto, diretora de produtos do grupo afirma que o resultado surpreendeu. “Esperávamos que o número de pessoas que pesquisam antes da consulta fosse maior do que os que pesquisam depois. Agora queremos saber se isso acontece porque os pacientes estão saindo com dúvidas”, afirma.
Barbosa enxerga os resultados da pesquisa como algo positivo. “É ótimo que o paciente confirme algumas informações, faça uma ‘segunda consulta’. Eu não acho errado quando um paciente passa por mim e pede uma segunda opinião para outro profissional”, diz o médico.
Mesmo entre os idosos o número de pesquisa online sobre saúde e bem-estar é alto: 56% das mulheres com mais de 60 anos afirmaram que fazem buscas na internet antes da consulta, e 69% o fazem depois.
No entanto, quem respondeu à pesquisa foi mais cauteloso ao dizer que usa a web para se diagnosticar sobre alguma doença ou condição. Homens em geral e mulheres com mais de 60 anos estão entre os grupos que menos usam a internet para fazer autodiagnósticos.
Informação de qualidade. Barbosa lembra que é preciso ter cuidado. “Muitos usam a internet para ganhar dinheiro com informações falsas, até médicos”, alerta. Ele incentiva que os próprios profissionais ajudem seus pacientes a encontrar informações confiáveis. “Todo o médico deveria ter um site próprio ou de uma sociedade de referência para indicar ao paciente”, diz o professor, que tem um site e uma página no Facebook. Ele indica também a busca no portal do Ministério da Saúde.
Preocupado com o número de informações falsas ou mal explicadas, o Google decidiu lançar uma novidade este ano. Quando um termo relacionado a saúde é pesquisado – como o nome de uma doença ou sintoma – um ‘box’ com informações gerais sobre o assunto é exibido em destaque, no canto superior direito da tela. Aqui no Brasil, a iniciativa é uma parceria com o Hospital Israelita Albert Einstein, de São Paulo. Veja o vídeo: