Por uma saúde mais ética
16/11/2016

Entre os dias 16 e 18 de novembro, a Associação Nacional de Hospitais Privados (Anahp) vai mobilizar as principais lideranças da saúde no Brasil, além de gestores e profissionais do setor, em um profundo debate sobre ética e a conduta empresarial na saúde, na 4ª edição do Congresso Nacional de Hospitais Privados (Conahp), que acontecerá no Sheraton WTC Hotel, em São Paulo (SP).

“Máfia da OPME, pedidos de exames desnecessários e corte de custos em detrimento da qualidade do atendimento são questões presentes na área da saúde e ratificam a necessidade de mudanças no setor”, defende o presidente do Conselho de Administração da Anahp, Francisco Balestrin, que vê o tema do congresso “Ética: A sustentabilidade da saúde no Brasil” como uma demanda cada vez mais presente na sociedade.

Segundo a Organização Mundial de Saíde (OMS), apenas nos países desenvolvidos, a fraude e outras formas de desperdícios podem representar um custo estimado de US$ 12 a US$ 23 bilhões de dólares por ano para os governos. Dados da Rede Europeia para a Fraude e Corrupção na Saúde demonstram que dos US$ 5,3 trilhões de dólares das despesas globais em saúde, aproximadamente US$ 300 bilhões de dólares são perdidos para os erros e para a corrupção.

“Precisamos colocar em pauta o fomento a programas de conduta ética, bem como propor mudanças significativas , a fim de construir um novo modelo de relacionamento para o mercado, com mais transparência e ética, em prol de um conjunto de ações que funcione melhor, onde todos ganharão”, afirma Ary Ribeiro, Presidente do Comitê Científico do 4º Conahp.

Balestrin avalia que há no mundo uma tendência de buscar novas práticas que ampliem a confiança da sociedade nos profissionais de saúde. Ele cita o exemplo do Sunshine Act, sistema de pagamento aberto desenvolvido pelo Governo dos Estados Unidos, que permite aos americanos saber o que os seus médicos receberam de empresas farmacêuticas e de outros fornecedores em forma de dinheiro, refeições e outros benefícios.

A eficiência do sistema será debatida em um dos painéis do congresso, que terá a presença do ex-secretário executivo do Comitê de Sanções do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) em Washington (EUA), Bernardo Weaver. Ele foi responsável por combate a casos de fraude e de corrupção em mais de 20 países e, além de prestar um treinamento ao Ministério Público Federal e a Controladoria-Geral da União para a implementação da Lei Anticorrupção no Brasil.

Outro exemplo é a campanha Choosing Wisely, que foi lançada inicialmente nos EUA, mas que se espalhou para outros países como Canadá, Inglaterra, Alemanha e Japão sobre como evitar o uso desnecessário de exames e tratamentos, e além de explicar como usar com mais sabedoria os recursos na saúde.

A diretora executiva do Instituto Ética Saúde, Claudia Scarpim, que vai estar justamente no painel “A Ética nas Organizações e Modelos de Governança”, reforça a necessidade de desenvolver práticas que previnam casos de corrupção e de conflito de interesses. Para ela, os mecanismos de autorregulação e de compliance integrado são ferramentas altamente eficazes para a prevenção e combate às más práticas do setor.

“Um canal de denúncias único, como preconiza o Instituto Ética Saúde, certamente ensejará mais transparência nas relações entre os players da cadeia da saúde”, defende Claudia.

Conahp

Serão três dias de evento, com sessões plenárias e paralelas com palestrantes nacionais e internacionais renomados, exposição de trabalhos científicos e espaço de relacionamento com parceiros em um único ambiente. Serão mais de oito palestras magnas e mais de dez sessões paralelas abordando a ética a partir de três eixos estratégicos: nas relações entre pacientes, hospitais e equipes de saúde; nas organizações e modelos de governança; e nas escolhas em saúde.

Entre os palestrantes internacionais estão Boi Ruiz Garcia, conselheiro de Saúde do Governo da Catalunha, Don Sinko, da Cleveland Clinic (EUA) e Simon Longstaff, diretor executivo no “The Ethics Center“, na Austrália. Outros nomes confirmados são: Ary Ribeiro (superintendente de Serviços Ambulatoriais Hospital do Coração – HCor), Fernando Torelly (diretor executivo do Hospital Sírio-Libanês), Gonzalo Vecina (professor da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo), Henrique Neves (diretor geral do Hospital Israelita Albert Einstein), o historiador e professor da Unicamp Leandro Karnal, o professor da Unifesp Marcos Bosi Ferraz (presidente do Conselho de Administração do Grupo Fleury) e Paulo Chap Chap (superintendente do Hospital Sírio-Libanês).





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