GE amplia investimento na divisão de saúde
Valor Econômico
10/05/2013

GE amplia investimento na divisão de saúde

Por Ana Fernandes | De São Paulo
 
Claudio Belli/Valor / Claudio Belli/Valor
Shrawder, presidente da GE Healthcare para América Latina, planeja nacionalizar os equipamentos com maior tecnologia e aumentar a capacidade de produção

 

Em um momento em que a competição se acirra no mercado brasileiro de equipamentos médicos, a GE prepara uma nova rodada de investimentos na sua divisão de saúde no país. Será um aporte extra de US$ 25 milhões, a ser concretizado até 2018. Somado ao valor anteriormente divulgado, de US$ 50 milhões até 2015, levará a um total de US$ 75 milhões, informou ao Valor o presidente da GE Healthcare para América Latina, Joe Shrawder.

O executivo quer a liderança no Brasil, onde enfrenta competidores fortes, como Philips e Siemens. "Já temos liderança em algumas linhas e certamente um dos mais amplos portfólios, mas vemos espaço para avançar mais". A atenção da GE e de outras fabricantes se justifica. O mercado de saúde no país há anos vem crescendo a um ritmo mais forte que a economia do país. Só em equipamentos e insumos médicos movimentou R$ 14,6 bilhões no ano passado, de acordo com a Abimed, entidade que representa o setor.

Assim como as concorrentes, a GE planeja nacionalizar a fabricação de equipamentos com maior tecnologia e aumentar a capacidade de produção. São os principais planos para esses pacotes de investimentos, que podem incluir expansões físicas nas duas unidades da Healthcare no país.

A maior fábrica da empresa é a de Contagem (MG), inaugurada em 2010, e há uma unidade menor em Belo Horizonte, da brasileira XPRO, de aparelhos de raios X, adquirida no ano passado. A fábrica de Contagem produz equipamentos como tomógrafos, mamógrafos e raios X e passará a fabricar aparelhos de ressonância magnética neste mês, além de uma linha de ultrassom até o fim do ano.

"Temos um grande interesse nessa fábrica [de Contagem] e tenho um interesse pessoal", disse Shrawder, nessa que foi a sua primeira entrevista desde que assumiu o comando da subsidiária da América Latina, em fevereiro. Anteriormente, como presidente global da área de "surgery" (de soluções para salas de cirurgia), o executivo esteve bastante próximo ao projeto de fazer a fábrica brasileira "do zero".

Shrawder disse que, desde que assumiu o novo cargo, decidiu atuar em duas frentes: excelência comercial e excelência operacional. Uma das medidas de sua gestão foi separar os serviços de vendas e de logística. "Quem vende não tem de estar preocupado com o operacional da entrega". Além disso, Shrawder ampliou a regionalização da gestão. A Healthcare refez sua "divisão" geográfica, passando de cinco para sete regiões, que agora contam com gerentes mais autônomos. Esses líderes regionais podem tomar decisões estratégicas sem necessariamente passar pela aprovação da matriz, diz o presidente.

Outro foco de sua gestão será usar o Brasil como ponto de exportação. Neste mês, a XPRO, que tem uma linha de equipamentos especial, de média tecnologia, enviará seu primeiro carregamento para a Índia. O foco, contudo, será de exportações de Contagem para a América do Sul.

Esse projeto é um diferencial da GE em relação aos concorrentes, que têm visto um ambiente ruim para exportar. A Philips, por exemplo, tinha ambição de exportar mais a partir do Brasil, mas está exportando apenas 5% da sua produção local. O custo fiscal do país tem dificultado os planos da empresa, segundo relatou o vice-presidente da área de saúde da companhia para a região, Vitor Rocha. A GE não acredita ser um problema que impeça a exportação, especialmente para países próximos. Shrawder disse que, em até três anos, a empresa pode exportar de 20% a 30% da produção.

Assim como a GE, as concorrentes Philips e Siemens também se movimentam para aproveitar o avanço do mercado de saúde no país. A Siemens investiu R$ 50 milhões em uma fábrica em Joinville, inaugurada no ano passado, e a Philips investiu € 350 milhões, desde 2007, em aquisições locais. A Philips disse ainda estar fazendo investimentos na sua principal fábrica, em Lagoa Santa (MG), sem revelar o montante.

A GE também aposta em aquisições locais. Segundo Shrawder, a empresa analisa oportunidades de empresas que apresentem um diferencial ao portfólio, como foi o caso da XPRO. Investimentos em aquisições nos próximos anos não estão considerados no pacote de US$ 75 milhões, ressaltou. A GE Healthcare não divulga faturamento por região, mas teve receita global de US$ 18,3 bilhões no ano passado.

 

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