Muito já falamos sobre a importância da gestão de excelência dos insumos e medicamentos e da necessidade de profissionalização da logística hospitalar, mas vejo que o setor como um todo ainda tem um caminho a seguir para operar, de forma homogênea, sobre o alicerce destas necessidades. E para que este caminho seja abreviado, é preciso de uma vez por todas separar a designação e função de fornecedores verdadeiramente de logística daqueles que oferecem “apenas” o transporte. E aprofundando mais nesta necessidade, saber diferenciar a logística hospitalar, dos estoquistas.
Em eventos e debates do setor que tenho participado, e mais especialmente nos bastidores de prospecções que acompanho, vejo ainda discussões primárias sobre processos obsoletos, que revelam a falta de conhecimento de contratantes e prestadores de serviços para a boa evolução de suas operações e onde percebo a necessidade de investimentos em melhor capacitação de material humano, de processos e tecnologias assertivas e operadas por pessoas treinadas.
No Brasil, já temos à nossa disposição tecnologia nacional de ponta e a custos mais acessíveis que os oferecidos por empresas estrangeiras, que promovem diferenciais como a unitarização, serialização e rastreabilidade de ponta a ponta para quaisquer necessidades da cadeia de medicamentos hospitalar. Porém, a falta de conhecimento e pensamento focado apenas no valor despendido para a sua aquisição, sem a real dimensão do valor de retorno no médio prazo acaba por comprometer esta evolução tão necessária.
Também vejo nos poucos que investem na automação, um uso subestimado dos recursos disponíveis, especialmente dos apontamentos estratégicos gerados em relatórios de fluxos, demandas e alertas de “erros” em operações diversas como de prescrição e administração, por exemplo, para que o ferramental faça, de fato, a diferença sobre os usuários que estão na linha de frente das instituições de saúde e os pacientes.
Somos um setor com enorme potencial de colaboração para a segurança da saúde brasileira, porém, ao fazermos mais do mesmo, estamos subestimando a capacidade desta inteligência de serviço e comprometendo os resultados de todos – operadores logísticos e instituições de saúde.
É preciso coragem, ousadia e visão de futuro para promover uma efetiva mudança na logística hospitalar. Não se pode ter medo de inovar. É preciso partir de algum lugar e seguir em busca do conhecimento constante e na extração do melhor que ele pode nos gerar. É isso ou a perpetuação dos serviços de transporte “travestido” de logística. Não é isso que eu sou. É isso que você quer continuar a ser?
Mayuli Fonseca, diretora de novos negócios da UniHealth Logística Hospitalar