A brasileira Amil e a americana UnitedHealth Group voltaram a negociar e podem estar próximas de fechar uma transação que prevê a venda da maior operadora brasileira de planos de saúde para a gigante americana, cujo faturamento estimado para este ano é de US$ 110 bilhões. Na semana passada, o fundador da Amil, Edson Bueno, estava em Mineápolis, nos Estados Unidos, onde fica a sede da UnitedHealth Group, segundo o Valor apurou.
Segundo fontes do setor, Bueno ficaria com 12% da Amil e com os hospitais da operadora. A transação prevê ainda uma participação acionária de Bueno na UnitedHealth. Atualmente, o empresário detém cerca de 65% da Amil, ao lado de sua ex-esposa, Dulce. Não se sabe o valor da venda da Amil. O valor desta na bolsa é de R$ 9 bilhões.
Em agosto, a UnitedHealth chegou a examinar os números da Amil, mas desistiu de levar adiante a transação. Um dos fatores que teriam motivado a retomada das conversas é que a Amil desfez, no fim de setembro, um laço societário que mantinha com a Rede D'Or em dois hospitais, localizados no Rio. Por conta dessa sociedade, o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) estava barrando fusões e aquisições da operadora por entender que havia concentração no setor de saúde com a Rede D'Or. As restrições do Cade eram vistas pela UnitedHealth como um impeditivo para a expansão da Amil.
Caso o negócio seja concluído no formato da atual negociação, será também uma surpresa para o mercado, que sempre acreditou que Bueno não abriria mão do controle da operadora fundada por ele em 1978. O empresário teria mudado de ideia para evitar conflitos com o negócio de hospitais, uma vez que esses estabelecimentos prestam serviços para planos de saúde concorrentes.
Bueno tem se interessado mais pela área hospitalar porque não há interferência da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), como acontece com os convênios médicos. E a margem de lucro em hospitais é maior.
A Amil é dona de 22 hospitais e 44 clínicas médicas que atendem seus próprios clientes e também de outras operadoras do mercado. Esse negócio teve receita de R$ 345 milhões no primeiro semestre, alta de 24,6% sobre igual período de 2011. Já entre os planos de saúde individuais e corporativos do grupo, o aumento foi de 12,3% e 19,7%, respectivamente, nesse mesmo período de comparação.
Como pessoa física, Bueno também é dono de seis hospitais situados em São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília. Além disso, é o maior acionista da Dasa, empresa de medicina diagnóstica.
Nesta semana, outro importante negócio envolvendo a companhia está para ser anunciado. A expectativa é que nos próximos dias seja divulgado o resultado da licitação dos hospitais portugueses da Caixa Geral de Depósitos. A Amil é uma das três finalistas da licitação e, caso seja vencedora da concorrência, fincará um pé na Europa, reforçando seus projetos de voltar a ser uma companhia internacional.
Com presença em 18 países, a UnitedHealth Group tem 75 milhões de clientes de diferentes tipos de seguro como saúde, dental, homecare (para cobertura de tratamentos médicos em casa), entre outros. A mais importante é a área de planos de saúde, com cerca de 40 milhões de beneficiários. Esse volume representa quase todo o mercado brasileiro de planos de saúde que conta com 48 milhões de usuários.
Nos seis primeiros do ano, o grupo americano teve receita de US$ 54,5 bilhões. Nesse mesmo período, o faturamento da Amil somou R$ 5 bilhões, com 5,9 milhões de clientes de planos de saúde e odontológico. Procuradas pelo Valor, Amil e United informaram que não comentam rumores.
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