A massificação de uma ideia nova sempre cobra o seu preço. Assim tem sido com a “saúde digital”. Nos últimos cinco anos ela vem se tornando bastante conhecida. Mas como sempre acontece nesses momentos de “buzz”, ela também vem sendo mal compreendida por uma parcela dos gestores brasileiros.
Para piorar o quadro, muitos já incorporaram ao seu vocabulário expressões que até pouco tempo atrás simplesmente não existiam no dicionário de um profissional do setor: healthtech, techwellness, medtech etc
Pergunte-se a todos, afinal, onde essas peças se encontram? E no que se diferenciam?
Nem sempre será fácil obter uma resposta correta.
Para ajudar a esclarecer a questão, encontrei num recente painel sobre o ecossistema de saúde digital americana, um mapa conceitual que sugeria um território bem subdividido e que ajudava a visualizar melhor esse quebra-cabeça.
É uma topografia um pouco diferente da nossa, mas nem por isso deixa de ser interessante.
Em primeiro lugar ele dividia a avalanche de inovações na saúde em duas partes: uma centrada nos pacientes (que apesar desse protagonismo, nem sempre são os reais pagadores da conta) e outra na prática da medicina.
Na parte dos pacientes ele sugeria cinco grupos distintos:
– Social Health: formado por três subgrupos que visam conectar médicos a médicos, médicos a pacientes e pacientes a pacientes a fim de estimular bate-papos, feedbacks e compartilhamento de informações.
– Mobile Health: formado por três subgrupos (sensores e devices, apps e wireless) e que visa estimular o rastreamento, a comunicação e a coleção de dados.
– Telehealth: formado pelos subgrupos da telemedicina e monitoramento remoto e que visa melhorar a entrega e a qualidade da assistência.
– Personal Health: formado por quatro subgrupos (prontuários eletrônicos dos pacientes, wellness, soluções de engajamento, informação e educação em saúde) ele visa otimizar esforços de engajamento, prevenção e auto-cuidados.
– Shopping: formado por subgrupos de comparação de preços, compras, rating e agendamento e que visa facilitar o acesso a produtos e serviços de saúde.
Já na parte da prática médica o mapa sugeria que pensássemos em quatro grandes grupos:
– Gestão de Informações de Saúde: formado por mais de 30 subgrupos diferentes visando o armazenamento de dados, os registros médicos, a transmissão, a troca de informações e Analytics.
– Gestão do Ciclo de Vendas: formado por seis subgrupos e que visa melhorar processos de gestão e autorização de acesso, processamento e cobrança.
– Provedores de Serviços: formado, dentre outros, pelos subgrupos de outsourcing, consultoria e benefícios visa o treinamento e qualificação de mão de obra especializada.
– Segurança: soluções que visam proteger a privacidade e o vazamento de dados.
Como se pode ver, se até então muitos profissionais dividiam o setor apenas em verticais clássicas, como Promoção, Prevenção e Pesquisa, quando o assunto é inovação já foram criadas algumas maneiras novas de nos referirmos a ele.
Agora devemos trabalhar muito para que essas novas formas de classificarmos nossas iniciativas não se resumam a uma nova embalagem que guarda dentro de si os velhos problemas de sempre.