O mercado brasileiro de planos de saúde médico-hospitalares fechou agosto com 48,59 milhões de beneficiários. O número representa uma queda de 3,3% em relação ao mesmo mês de 2015, o que corresponde a perda de 1,63 milhão de vínculos. Na avaliação do Instituto de Estudos de Saúde Suplementar (Iess), considerando o atual nível de endividamento das famílias brasileiras e o comportamento do mercado de trabalho, ainda há um potencial risco de agravamento do quadro de beneficiários nos próximos meses. A avaliação consta do boletim Nota de Acompanhamento de Beneficiários (NAB), produzido pelo Iess com base nas recentes atualizações das bases de dados do setor de saúde suplementar.
“Por mais que exista sinais de melhora de expectativa da economia brasileira, não vemos, por enquanto, indícios concretos de melhoria do emprego formal, o grande fator sustentador de vínculos de planos de saúde”, avalia Luiz Augusto Carneiro, superintendente executivo do Iess. Os planos coletivos empresariais, um benefício concedido pelas empresas a seus funcionários, representam 66,4% do total de contratações.
O Iess também sugere cautela na análise dos dados mensais. Em agosto em comparação a julho, as contratações representaram um leve aumento, de 0,07%, ou acréscimo de 32,1 mil vínculos. “Pode ser que tenha ocorrido algum episódio especial ou um ajuste de base de dados”, observa Carneiro, referindo-se ao sistema de informações da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS).
Como o saldo de empregos tem apresentado queda ao longo do ano, segundo o Cadastro de Empregados e Desempregados (Caged) do Ministério da Saúde, e as principais consultorias econômicas indicam que os níveis de emprego pré-crise só devem ser retomados a partir de 2018, o Iess acredita que não há sinais suficientemente sólidos para apontar uma recuperação ou estabilização da base de beneficiários.
“O grau de endividamento das famílias está em 43,7%, segundo o Banco Central, um patamar historicamente bastante elevado, o que mostra que a população já está com baixa capacidade para retomar consumo e investimento. Isso repercute na economia e, dessa forma, a retomada do crescimento da economia e, por extensão, do nível de emprego, pode demorar”, pondera.
Pelo terceiro mês seguido, o total de beneficiários de planos de saúde médico-hospitalares diminuiu para todas as operadoras de planos de saúde, exceto as medicinas de grupo nos 12 meses encerrados em agosto. Para essas operadoras, o total de vínculos das apresentou alta de 1,3% no período. Com isso, essas empresas passaram a atender 17,5 milhões de beneficiários, 229,7 mil a mais do que em agosto de 2015.
No período analisado, a NAB constatou queda de 3,3% no total de beneficiários, considerando todo o conjunto do mercado de operadoras de planos de saúde (seguradoras, medicinas de grupo, autogestões, cooperativas e filantrópicas). O que significa menos 1,6 milhão de vínculos. A retração foi fortemente puxada pelo resultado das cooperativas médicas, que perderam 1,3 milhão de beneficiários (um milhão apenas na Região Sudeste), representando uma queda de 6,5% entre agosto de 2016 e o mesmo mês do ano anterior.
Mesmo com a queda, as cooperativas ainda atendem a maior fatia dos beneficiários de planos médico-hospitalares: são 18,1 milhões de beneficiários ou 37,5% do total. Já as medicinas de grupo respondem por 17,5 milhões de vínculos ou 36,2% do total. As seguradoras especializadas em saúde atendem 6,8 milhões de beneficiários (14%); as autogestões, 4,9 milhões (10,2%); e as filantrópicas, 1 milhão (2,2%).
A Região Norte do Brasil foi a que, proporcionalmente, mais perdeu beneficiários. Entre agosto de 2016 e o mesmo mês de 2015, o total de vínculos com planos de saúde recuou de 1,9 milhão para 1,8 milhão. Queda de 6,3%. Em números absolutos, contudo, os 117.831 mil vínculos desfeitos na Região Norte não representam 10% do total de beneficiários que deixo de contar com um plano de saúde na Região Sudeste. No total, foram 1,2 milhão de vínculos extintos. O que representa recuo de 3,8% A região ainda conta com 29,9 milhões de beneficiários.
Os planos de saúde exclusivamente odontológicos continuam a crescer. Após superar a marca 22 milhões de beneficiários em julho deste ano, o segmento cresceu 2,3% em agosto, chegando a 22,3 milhões de vínculos. Acréscimo de 520,9 beneficiários em 12 meses.
Se a Região Norte foi a que mais perdeu vínculos de planos médico-hospitalares, também foi a que registrou o maior crescimento porcentual nos planos exclusivamente odontológicos: 5,4%. Um acréscimo de 54,9 mil beneficiários nos 12 meses encerrados em agosto. Já a Região Nordeste teve o maior avanço no número absoluto de beneficiários: 131,1 mil. Alta de 3,2%. No Centro-oeste, foram registrados 16 mil novos vínculos (impulso de 1%); e no Sul, 10,2 mil (leve alta de 0,5%).
O Sudeste foi a única região que apresentou retração no total de beneficiários de planos exclusivamente odontológicos. No período analisado, houve leve recuo de 0,4%. O que representa 54,6 mil vínculos a menos. As medicinas de grupo foram as operadoras a apresentar o melhor resultado: alta de 34,9%. No período, passaram a atender 1,3 milhão de novos beneficiários. No total, as medicinas de grupo atendem 4,9 milhões de beneficiários de planos exclusivamente odontológicos.
As seguradoras especializadas em saúde passaram a atender mais 27,6 mil beneficiários de planos exclusivamente odontológicos (elevação de 3,3%); e as cooperativas médicas, 14,2 mil (alta de 3,6%). Por outro lado, as operadoras de odontologia de grupo perderam 799,6 mil vínculos (queda de 5,9%); as filantrópicas, 3,4 mil beneficiários (recuo de 3,1%); as autogestões, 1,4 mil (redução de 1,6%); e as cooperativas médicas, 8,1 mil (leve retração de 0,3%).