Internação para cuidados paliativos melhora a qualidade do atendimento, a satisfação do paciente e da família, e também pode reduzir custos. Esta foi a conclusão de pesquisadores da Sistema de Saúde Johns Hopkins, em Baltimore (EUA), que descobriram que, além de melhorar a qualidade do atendimento e a satisfação do paciente, a combinação do atendimento em internação e programas de cuidados paliativos contribuíram substancialmente para reduzir os custos diários de pacientes terminais.
De acordo com a análise, o impacto de um programa de cuidados paliativos em regime de internamento poderia economizar quase US$ 4 milhões ao ano. Ao longo de um período de cinco anos, seria uma economia de mais de US$ 19 milhões.
O autor do estudo é Thomas J. Smith, professor de medicina paliativa e oncologia na Universidade Johns Hopkins. “Nosso mantra é dar o melhor atendimento a um custo que podemos pagar”. O estudo foi apresentado no Simpósio de Cuidados Paliativos em Oncologia 2016 (PCOS, na sigla em inglês), em São Francisco.
“Nós não planejamos economizar dinheiro, mas pensamos que se nós reconhecêssemos os desejos das pessoas, como o que eles querem e, em seguida, colocássemos em prática uma equipe para lidar com esses desejos, poderíamos atingir um equilíbrio”, disse o Dr. Smith ao portal Medscape Medical News. “Essa foi a nossa hipótese inicial. Mas acontece que fizemos mais do que atingir o equilíbrio”, completou.
A Johns Hopkins Medicine está se preparando para expandir a unidade de cuidados paliativos de 6 para 11 leitos e aumentar a capacidade em todo o sistema de saúde. “Passamos a analisar como seria o impacto financeiro sobre a instituição, porque a percepção é de que os cuidados paliativos são, na melhor das hipóteses, uma situação de equilíbrio ou de perda financeira”, disse o Dr. Smith. “Mostramos, no entanto, que o cuidado paliativo economizou para o sistema de saúde e para a sociedade, dinheiro mais do que suficiente para cobrir o custo desses serviços”.
O oncologista destacou que essa é um programa que, quanto mais usado, mais ele funciona. “Os pacientes se sentem mais felizes, mais satisfeitos, são menos deprimidos. Isso ajuda a controlar os seus sintomas e também ajuda os prestadores de serviço. E como um bônus, economiza dinheiro”.
Milhões em economias
A equipe do estudo estimou as economias para uma unidade de cuidados paliativos com 11 leitos com base no custo diário (segundo os resultados de 2015) de um setor de seis leitos, onde os custos eram US$ 444 mais baixos por dia em comparação ao internamento hospitalar antes da transferência para a unidade paliativa.
Em seguida, foi calculada a redução de custos para uma unidade de 11 leitos operando a 80% de ocupação, e estimada a redução de custos diretos de consultas usando os métodos estabelecidos. “As estimativas deste estudo são baseados em nossa experiência anterior, por isso, quando abrirmos os 11 leitos, isto é o que acreditamos que acontecerá”, explicou Dr. Smith. As economias são primeiramente atribuídas ao fato de evitar as internações hospitalares dos últimos 30 a 45 dias de vida, explicou. “Então, os pacientes podem acabar por não serem hospitalizados, e estarão em casa, onde a maioria deles quer estar”.
A economia estimada a partir da unidade de cuidados paliativos com 11 leitos foi calculada para US$ 1,3 milhão por ano ou US$ 6,7 milhões ao longo de 5 anos.
Para consultas de cuidados paliativos, as economias totais estimadas em custos diretos por caso, foram de US$ 2,5 milhões/ano, ou US$ 12,6 milhões ao longo de cinco anos.
Combinadas, as poupanças anuais totais podem ser de US$ 3.866.000 e de US$ 19,330,00 em um período de 5 anos.
“É importante ter conversas com o paciente cerca de seis meses antes da expectativa de morte”, diz o Dr. Smith, para que eles possam pensar e esclarecer o que eles querem.
“Isso realmente muda todo o teor do fim da vida”, disse o especialista. “Eles só têm semanas ou meses de vida, então vamos fazer o melhor para ele. Vamos nos certificar de levar o paciente para casa, e que os cuidadores também saberão cuidar de seu ente querido”.
Ao comentar o estudo, Andrew Epstein, médico oncologista do Memorial Sloan Kettering Cancer Center em Nova York, revelou que “não fizemos uma análise desse custo no Memorial Sloan Kettering”, explicou ele, “mas na minha instituição anterior, Mount Sinai Health System, fizemos um análises e descobrimos que reduzia custos”. Estudos como este mostram que os cuidados paliativos não só ajudam os pacientes, mas também pode economizar dinheiro. No entanto, Dr. Epstein alertou que “existe escassez de especialistas em cuidados paliativos”.