Reduzir o custo inicial de operação, ganhar escala e alcançar um maior número de clientes em pouco tempo. Essas são as principais razões que levam startups a basearem seus modelos de negócios inteiramente na nuvem. Segundo empresários ouvidos pelo Valor, a opção pela tecnologia estimulou o crescimento das empresas a uma taxa média mensal de 15%.
No Contabilizei, escritório de contabilidade para micro e pequenas empresas, todos os sistemas rodam na nuvem, desde aplicações de interação com clientes até rotinas internas de trabalho. "Fazemos tudo o que um contador tradicional faz, só que pela internet", explica o fundador e CEO Vitor Torres. Por meio de uma plataforma on-line, o empresário pode controlar guias de impostos e livros contábeis. "Nem poderíamos existir se não fosse a nuvem."
Em atividade há seis anos, a empresa paranaense de 70 funcionários angariou contratos em mais de 30 cidades e espera quadruplicar em 2016 a base de clientes conquistada no ano passado. "A previsão é que haja um aumento da demanda em decorrência da crise, já que os pequenos empresários buscam serviços mais econômicos para reduzir despesas", analisa.
Em janeiro, a empresa passou a atender o setor de comércio e está lançando um emissor gratuito de notas fiscais eletrônicas (NF-e). "A nuvem foi importante para o crescimento da empresa por permitir que a equipe de tecnologia focasse apenas o desenvolvimento de produtos, sem se preocupar com infraestrutura e gerenciamento de dados."
A tecnologia também foi essencial para o arranque da Dom Rock, da área de big data, criada em 2013. Com os softwares baseados em cloud computing, a startup atende grandes empresas em busca de soluções para problemas de tributos e fluxo de caixa. "A decisão de investir na nuvem foi puxada por fatores como a garantia de escala no futuro e custos mais baixos se comparados a outras arquiteturas tecnológicas', explica o fundador e CEO André Almeida. Ele lembra que não houve investimento em TI para colocar a empresa no mercado. "Na prática, começamos com menos de R$ 100 e em poucos minutos já tínhamos um ambiente tecnológico inicial pronto."
O executivo afirma que, se não tivesse optado pela nuvem para entrar no mercado, certamente teria de buscar apoio em fundos de investimentos e, mesmo assim, iria perder o "time to market" para disparar a operação. "Em seis meses já tínhamos um produto comercial. Se fosse em outro cenário, não começaríamos antes de dois anos."
Assim como a Dom Rock, a Asapp, de produção de apps, participa do Bizspark, programa global da Microsoft que apoia startups que utilizam tecnologias da companhia, com doação de softwares e mentoria, além de investimentos de até US$ 360 mil. "Hoje, estamos 100% em cloud computing, com aplicações e bancos de dados hospedados no Azure, a nuvem da Microsoft", explica João Marcos Oliveira, CEO da Asapp. Com os quatro sócios como funcionários, conquistou clientes como Kroton e Yamaha. "Estamos crescendo a um taxa mensal média de 15% e o faturamento aumentou dez vezes, entre fevereiro e dezembro de 2015."
Na Nimbi, especializada em soluções de gestão de compras para a cadeia de suprimentos (supply chain), as aplicações na nuvem começaram há cerca de dois anos e hoje toda a operação é ancorada na tecnologia. "É uma opção segura e depende de menos espaço físico", justifica o sócio-diretor Carlos Henrique Campos, com clientes como BRF e Leroy Merlin.
A empresa faturou R$ 25 milhões no ano passado e a meta em 2016 é chegar a R$ 30 milhões. Antes, mirava apenas empresas de grande porte como clientes, mas após o investimento na tecnologia em nuvem, passou a atrair também pequenas companhias. A Nimbi estima que, se não fosse pela nuvem, teria investido R$ 100 milhões em TI para tirar a empresa do papel. Com a novidade, aplicou R$ 40 milhões.