Um bebê nascido com o perímetro cefálico normal e cuja mãe foi infectada pelo vírus da zika durante a gestação manifestou seqüelas graves provocadas pela infecção somente seis meses depois do nascimento.
O caso foi relatado em artigo de pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) e da Santa Casa de São Paulo e publicado ontem no periódico The New England Journal of Medicine. Segundo o estudo, a criança nasceu em janeiro de 2016, em São Paulo, na 40.ª semana de gestação, com 3,09 quilos e 48 centímetros.
A medida do perímetro cefálico era de 32,5 centímetros e não havia sinais aparentes de má-formação.
Os médicos também analisaram o líquido cefalorraquidiano e fizeram avaliações acústicas e oftalmológicas, mas também não verificaram anormalidades. Exames de imagem feitos no menino, no entanto, já apontavam redução de estruturas cerebrais e calcificações, características da microcefalia. Atraso. Quando a criança foi examinada com quase dois meses de vida, não foi detectada doença visível. Seis meses após o parto, porém, foram observadas sequelas como atraso no desenvolvimento neuropsicomotor, perda de força muscular e dificuldade de locomoção.
O vírus permaneceu no organismo do bebê por mais de dois meses após o nascimento, segundo exames feitos pelos pesquisadores. A principal hipótese é que a mãe tenha sido infectada via sexual pelo marido, que manifestou os sintomas da doença três semanas antes da mulher. Os sinais da doença apareceram na 26.ª semana de gravidez.