Zika leva a danos cerebrais além da microcefalia, mostra estudo
25/08/2016
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Um novo estudo liderado por cientistas brasileiros mostrou que a microcefalia é apenas uma entre várias alterações cerebrais provocadas pela infecção congênita pelo vírus zika. O estudo, publicado na revista científica Radiology, descreveu com precisão as áreas do cérebro mais afetadas e o grau de severidade dos danos.

De acordo com os autores, o estudo, que incluiu 45 bebês nascidos no Brasil infectados com zika, é a maior coleção de imagens dos danos causados pelo vírus além da microcefalia.

Os crânios dos bebês frequentemente tinham aparência “desmoronada”, “com suturas sobrepostas e dobras redundantes na pele”, segundo o artigo. A pesquisa foi desenvolvida por cientistas do Instituto D’Or de Pesquisa e Ensino (Idor), com sede no Rio, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e do Instituto de Pesquisa Professor Amorim Neto (Ipesq), em parceria com a Universidade de Tel Aviv (Israel) e o Hospital Infantil de Boston (Estados Unidos).

Com tomografia computadorizada, imagens de ressonância magnética e ultrassom, o estudo avaliou mulheres grávidas, fetos e recém-nascidos infectados pelo vírus da zika, de acordo com a autora principal do artigo, Fernanda Tovar-Moll, pesquisadora do Idor e da UFRJ.

Segundo ela, o estudo foi “essencial para identificar a severidade das alterações neurológicas induzidas pela infecção viral no sistema nervoso central em desenvolvimento”. “Nós estamos desenvolvendo um estudo de seguimento para investigar como a infecção congênita pelo vírus zika pode interferir não apenas no período pré-natal, mas também na maturação pós-natal do cérebro. A microcefalia é apenas a ponta do iceberg”, disse. Infecções. Outra autora, Deborah Levine destacou a importância de descrever diferentes más-formações causadas pelo vírus nos cérebros dos fetos e dos recém-nascidos.

“O primeiro trimestre é o momento no qual a infecção parece ser mais arriscada para a gravidez. As anomalias no cérebro são muito severas em comparação com outras más-formações congênitas”, disse Deborah. Ao contrário do que se observa em outras infecções como toxoplasmose, rubéola, citomegalovírus e herpes, os cérebros dos fetos e bebês infectados pela zika apresentaram más-formações corticais e modificações localizadas na junção da massa branca e cinzenta do cérebro.

Os cientistas também identificaram a redução do volume cerebral, anomalias no desenvolvimento cerebral e ventriculomegalia – um problema caracterizado quando as cavidades do cérebro, preenchidas por fluidos, são maiores que o normal.

Os resultados indicaram também anomalias no corpo caloso – um feixe de fibras nervosas que permite a comunicação entre os hemisfé- rios direito e esquerdo do cérebro –, afetando a migração neuronal, isto é, fazendo com que os neurônios não se movessem para a destinação correta no cérebro que está em formação. Os pesquisadores farão mais estudos, que vão correlacionar as modificações morfológicas observadas na pesquisa com dados clínicos e imunológicos e informações sobre o ambiente onde as mães foram infectadas.
Fonte: Ana HP




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