Pfizer fecha compra da Medivation por US$ 14 bilhões
24/08/2016
A Pfizer acertou ontem a compra da companhia de biotecnologia Medivation por cerca de US$ 14 bilhões, medida que
proporcionará à carteira da companhia farmacêutica americana uma das joias da coroa do multibilionário mercado de
medicamentos de combate ao câncer.

O acordo encerra meses de lances pela Medivation, cuja sede fica em San Francisco e é uma das mais desejadas
companhias independentes de biotecnologia, por ser dona de um dos medicamentos de combate ao câncer de próstata
mais vendidos.

A Pfizer pagará US$ 81,50 por ação, um ágio de 21% sobre o preço de fechamento da ação da Medivation na sexta­feira. As
ações da Medivation subiram quase 20% ontem, para US$ 80,41 no pregão da manhã em Nova York, enquanto o preço da
ação da Pfizer caiu 5 centavos de dólar, para US$ 34,86.

O medicamento da Medivation, chamado Xtandi, já gera cerca de US$ 2 bilhões em vendas anuais e segundo analistas
tem potencial para dobrar esse número.

A Pfizer disse que o negócio acrescentará 5 centavos de dólar aos lucros do primeiro ano cheio após sua conclusão, que ele
não deverá afetar suas diretrizes financeiras de 2016. A Pfizer disse que pretende financiar a transação com recursos
próprios.

Se a aquisição não for concluída, a Medivation poderá pagar à Pfizer uma taxa de anulação de US$ 510 milhões, segundo
consta em documentos encaminhados às autoridades reguladoras. A notícia de que o negócio era iminente foi veiculada
no domingo.

A Pfizer vem tentando ampliar sua linha de tratamentos oncológicos e o Xtandi dará à companhia de Nova York uma
vantagem na área de tratamentos contra o câncer de próstata, complementando o Ibrance, seu medicamento de combate
ao câncer de seio, que caminha para ser um grande sucesso de vendas.

Os medicamentos que a Medivation está desenvolvendo também poderão complementar os esforços da Pfizer no
desenvolvimento de combinações de agentes que causam o câncer com as chamadas imunoterapias, que usam o sistema
imunológico no combate ao câncer.

O negócio deverá ser concluído no terceiro ou quarto trimestre de 2016 e está sujeito às aprovações
antitruste

A aquisição vai reforçar os esforços de Ian Read, o executivo­chefe da Pfizer, para reforçar o que ele se refere como lado
inovador dos negócios da companhia. A medida "acelera nossa estratégia de acordo com nossas prioridades", disse ele
ontem em uma conferência telefônica com analistas. O negócio deverá ser concluído no terceiro ou quarto trimestre de
2016 e está sujeito às aprovações antitruste.

No fim do ano passado, a Pfizer comprou a Allergan por US$ 150 bilhões, mas as duas companhias se separaram em abril,
depois que a administração Obama impôs novas regras à combinação proposta.

Read já disse que a Pfizer vai decidir até o fim do ano se divide ou não a companhia em duas, com uma dedicando­se à
venda de medicamentos com vendas em acelerado crescimento, como o Ibrance, e a outra dedicando­se à venda de
medicamentos que perderam a proteção de patentes ­ uma medida que vem sendo discutida frequentemente nos últimos
anos.

O diretor financeiro Frank D'Amelio disse ontem que o negócio com a Medivation "não vai impactar a timing de qualquer
decisão" de desmembrar a companhia.

Analistas vêm afirmando que a Pfizer precisa fazer mais negócios para agregar medicamentos protegidos por patente, se
esse lado da companhia quiser desenvolver a massa crítica de receita de que precisará para operar por conta própria. O
combate ao câncer é um dos maiores mercados da indústria farmacêutica, com vendas mundiais que chegam a US$ 80
bilhões por ano e vêm crescendo mais de 10% ao ano, segundo a EvaluatePharma.

Apesar dos altos preços, com frequência superando os US$ 100 mil ao ano por paciente, as companhias não estão
enfrentando os desafios apresentados pelos direitos de reembolso que estão limitando as vendas de novos medicamentos
para outras doenças.

A Medivation é uma das poucas companhias independentes de biotecnologia com um tratamento contra o câncer já
aprovado e que está vendendo bem. O executivo­chefe, David Hung, diz que decidiu fundar a companhia em 2003 após
ver uma paciente de 28 anos com câncer no seio morrer durante sua pós­graduação em oncologia.

O Xtandi está saindo bem contra um tratamento de combate ao câncer da Johnson & Johnson (J&J) chamado Zytiga. O
Xtandi, também oferecido pela Astellas Pharma, poderá ser um dos medicamentos contra câncer mais vendidos até 2020,
segundo a EvaluatePharma. Mas a J&J está desenvolvendo nova droga contra o câncer de próstata que pode representar
uma ameaça ao Xtandi, avaliam analistas.

A Medivation passou a ser assediada após a farmacêutica Sanofi ter feito uma proposta não solicitada de US$ 52,50 por
ação, em dinheiro, que a companhia de biotecnologia rejeitou em abril, alegando que a oferta não dava o devido valor à
companhia. As ações da Medivation chegaram a ser negociadas a US$ 26,41 em fevereiro.

Após a proposta da Sanofi, uma guerra de lances se seguiu. Com o acordo com a Pfizer, a Medivation está conseguindo
mais que o dobro dos US$ 6 bilhões que foi avaliada este ano. Ontem, a Sanofi disse que via benefícios num potencial
negócio com a Medivation, mas observou que "somos, antes de mais nada, um comprador disciplinado e continuamos
comprometidos com os melhores interesses dos acionistas da Sanofi".
Fonte: Valor




Obrigado por comentar!
Erro!
Contato
+55 11 5561-6553
Av. Rouxinol, 84, cj. 92
Indianópolis - São Paulo/SP