Como os patógenos multirresistentes a medicamentos chegam aos hospitais?
A cada dez pacientes, um leva agentes patogênicos para o hospital
23/08/2016
Como os patógenos multirresistentes a medicamentos chegam aos hospitais
 

Cientistas alemães descobriram que quase 10% dos doentes internados em hospitais já chegam com bactérias multirresistentes a medicamentos. De acordo com estimativas do Centro de Referência Nacional de Vigilância de Infecções Hospitalares (Deutsches Zentrum für Infektionsforschung) da Alemanha, até 15 mil pacientes morrem de infecções hospitalares anualmente no país.

As bactérias multirresistentes, contra as quais antibióticos comuns não são mais eficazes, desempenham um papel importante nesse processo. “Ficamos surpresos que na admissão hospitalar quase um décimo dos pacientes está colonizada com patógenos multirresistentes” explicou o Dr. Axel Hamprecht, pesquisador da Universidade de Colônia e coordenador do estudo que teve participação de seis hospitais universitários.

Mais de 4 mil adultos foram testados para detectar a Enterobacteriaceae multi-resistente na entrada hospitalar, por meio de amostras de fezes. A bactéria Enterobacteriaceae constitui, assim como a Escherichia coli, uma parte normal da flora intestinal e não são patogênicas – contanto que permaneçam no intestino. Ela pode afetar outros órgãos, como o trato urinário. Uma infecção causada por bactérias resistentes a múltiplas drogas é muito mais difícil de tratar e requer o uso de antibióticos de último recurso.

Os pesquisadores deram particular atenção a um grupo de bactérias multirresistentes que muitas vezes geram problemas em hospitais: a chamada Enterobacteriaceae resistentes às cefalosporinas de terceira geração (3GCREB).

“Estas bactérias do intestino resistentes às cefalosporinas, entre outras drogas, se espalharam em todo o mundo ao longo dos últimos anos”, destaca. “Semelhante à penicilina, as cefalosporinas são antibióticos que matam as bactérias através da inibição da síntese da parede celular bacteriana. Novas cefalosporinas de terceira geração são eficazes contra uma série de bactérias e pertencem ao grupo de antibióticos mais frequentemente utilizados. No entanto, ao longo do tempo, as bactérias têm se defendido e adquiriram a chamada beta-lactamase (enzima que torna estes antibióticos ineficazes”. As Enterobacteriaceae são transmitidas por contato com pessoas infectadas, predominantemente através das fezes e alimentos.

A cada dez pacientes, um leva agentes patogênicos para o hospital

Dos 4.376 adultos analisados com o patógeno 3GCREB na entrada em um dos hospitais participantes, 416 eram portadores desses patógenos multirresistentes. Esta prevalência é mais elevada da que havia sido previamente relatada na Alemanha. Especialmente, os cientistas encontraram beta-lactamase produzindo bactérias Escherichia coli, os chamados Beta Lactamases de Espectro Estendido (ESBL, na sigla em inglês) produtores de Entero-bacteriaceae. A prevalência desses patógenos multirresistentes foi diferente de hospital para hospital.

A fim de elucidar os fatores de colonização destas bactérias, os pacientes responderam a um questionário sobre as hospitalizações anteriores e hábitos de vida. “Os pacientes que tomaram antibióticos e turistas que foram para fora da Europa estão em maior risco”, afirmou Hamprecht.

Especialistas recomendam mais higiene e menos antibióticos

Para prevenir a propagação de patógenos multirresistentes o mais cedo possível, Hamprecht diz que “com tantas pessoas afetadas, a estratégia de isolar os pacientes dentro dos hospitais não funciona mais. Além disso, em contraste com outros grupos de bactérias multirresistentes, como estirpes de MRSA (sigla em inglês para Staphylococcus aureus resistente à meticilina), medidas de padronização de higienização para 3GCREB não foram estabelecidas”. Os especialistas recomendar a melhoria das normas de assepsia nos hospitais, o uso racional de antibióticos e especialmente a redução de prescrições não justificadas, bem como de mais formação para os médicos.





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