Ninguém sabe como vão funcionar os planos de saúde populares que o Ministério da Saúde pretende implantar em todo o território nacional, supostamente com a finalidade de desafogar financeiramente o Sistema Único de Saúde (SUS).
Sob efeito da grave crise econômica que já desempregou milhares de trabalhadores, tem sido crescente a inadimplência junto às operadoras dos planos existentes no mercado ou o abandono puro e simples dos contratos em vigor.
Obviamente, essa população agora desassistida tem recorrido em massa ao SUS, que, embora criado para garantir a toda a clientela assistência médico-hospitalar gratuita, não tem dado conta do recado em sua rede conveniada.
A criação de um plano de saúde com custos menores, na avaliação do ministro da Saúde, Ricardo Barros, poderia adicionar até R$ 30 bilhões ao atendimento à população pelo SUS, uma soma considerável em tempo de crise fiscal.
A proposta consiste em oferecer planos com menos serviços do que aqueles definidos pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), e a adesão seria voluntária. Quem ficasse insatisfeito não seria forçado a continuar arcando com qualquer pagamento no fim do mês.
O governo parece, finalmente, estar sensibilizado com o drama daqueles que se amontoam por corredores de postos, ambulatórios e hospitais – ou em filas intermináveis – à espera de um médico, que, muitas vezes, chega tarde, depois de o enfermo morrer.
Melhorar e agilizar o atendimento primário é, sem dúvida, passo importante na resolução das mazelas da saúde pública. A população, contudo, tem dúvidas quanto à eficácia e à seriedade das iniciativas para o setor.
A sociedade assistiu, no passado, entre esperançosa e confiante, depois de pregação incansável do ex-ministro Adib Jatene, à criação do imposto do cheque. Em seguida testemunhou, frustrada, o desvio dos recursos do tributo, que seriam destinados à saúde, e sucessivas ameaças de privatização que ainda agora rondam o setor.