Plano popular não acabará com fila do SUS, diz Barros
27/07/2016

Apesar de defender a criação de um plano de saúde popular, o ministro da Saúde, Ricardo Barros, disse em entrevista à Folha não ter expectativa de que a medida “acabe com a fila do SUS”.

“Não estamos aliviando, estamos atendendo mais pessoas”, afirmou.
Segundo Barros, a ideia é reduzir a exigência mínima de cobertura definida pela ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar) para planos de internação hospitalar.
Questionado sobre a preocupação do setor com a qualidade dos planos, rebate as críticas: “E o SUS, garante bom atendimento?”

Folha – Uma das suas bandeiras tem sido o plano de saúde popular. Como surgiu essa proposta e quanto de alívio espera para o SUS?
Ricardo Barros – Plano de saúde acessível tem uma cobertura menor e um custo menor. Todo tipo de procedimento que pudermos oferecer às pessoas com segurança, qualidade e que não sejam feitos pelo SUS significam um alívio na fila.
Todo recurso que entrar é um recurso para a saúde.

Mas esses recursos seriam para o setor privado.
São recursos para a saúde.
Se a pessoa faz uma consulta especializada, se é SUS ou não SUS,não importa. Importa que seja atendido.

Isso também deve diminuir os gastos com o SUS?
Se pudéssemos diminuir o atendimento, sim, mas não é o caso. Toda a economia que eu fizer com gestão será reaplicada em saúde.Não vamos reduzir gastos em saúde. São recursos adicionais.
Há estimativa de quanto isso pode trazer de economia?
Não, porque os planos têm que ser desenvolvidos e precificados pelas empresas.

Hoje há uma cobertura mínima obrigatória. Não haverá exigência semelhante, por mais que seja ainda menor?
Isso será decidido pela agência. A lei já permite planos sem internação e alguns estão no mercado.

A ideia então é que sejam só para consultas e exames?
Não. Esses já estão autorizados.
[A ideia é] Reduzir a exigência mínima para um plano de saúdede internação hospitalar.

O que deve sair da exigência?
O que a ANS achar que pode ser feito sem prejuízo da qualidade do serviço.

Há preocupação de que os planos de saúde não necessariamente são garantia de bom atendimento.
E o SUS, garante bom atendimento? É uma avaliação subjetiva. Ninguém paga o plano se não achar que está tendo reciprocidade.

Propor uma cobertura menor do que a mínima obrigatória não é mexer no principal motivo de existência da ANS?
O atendimento vai ser muito bom dentro do que for contratado. O que estamos discutindo é qual a cobertura, não a qualidade do plano.
Se a cobertura é menor,o valor é menor,e mais pessoas podem ter acesso.

O que mais o sr. pretende fazer em relação ao SUS?
Melhorar a qualidade das consultas, informatizar o sistema. Vamos otimizar a aplicação de recursos. E investir muito em promoção e prevenção na saúde.

Em outra entrevista à Folha, o sr. disse que o Estado teria que rever a questão das garantias previstas na Constituição, inclusive o direito à saúde.
Não falei de saúde, mas de Previdência. Nosso desafio é conciliar o conceito da Constituição aos limites orçamentários. Quero colocar mais recursos na saúde, mas não do Tesouro, porque o Tesouro não tem.

Seria então transferir parte do atendimento do SUS para o setor privado?
Já convoquei o setor privado para oferecer planos para aumentar o acesso à saúde.
Se queremos dar tudo para todos, alguém tem que pagar a conta. Quem? Os que estão recebendo o tudo para todos.
Há que ter um equilíbrio.

Quanto espera de alívio na fila?
Não terá nenhum alívio.
Mas as pessoas que estão esperando na fila vão ser atendidas nesses serviços, e outras no SUS. Não tenho expectativa de que acabe a fila.
Não estamos aliviando, estamos atendendo mais pessoas.
Uns pelo plano, outros pelo SUS. Não tenho que atender pelo SUS, tenho que atender a saúde.

Fonte: Abramge




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