Prevenção de derrame cerebral no Brasil, há muito por fazer
27/07/2016

 

O derrame cerebral se constitui numa das doenças com maior impacto em mortalidade e incapacidade em todo o mundo. Além disso, a doença afeta as famílias, a comunidade e o país sob os aspectos sociais, financeiros e de produtividade.

Uma recente pesquisa publicada pela revista “Lancet Neurology” com o estudo “Global Burden of Disease – GBD” mostrou um aumento importante em todo o mundo e afetando cada vez mais pessoas com menor idade. Uma constatação importante é de que mais de 90% (noventa por cento !) do impacto em DALYs (“disability adjusted life years” ou anos de vida com ajuste pela deficiência) que se constitui nos anos de vida perdidos mais os anos vividos com incapacidade foi associado a fatores de risco modificáveis, como comportamentais (tabagismo, alimentação inadequada, excesso de peso, inatividade física), metabólicos (pressão arterial elevada, colesterol e glicemia altos) ou ambientais (poluição do ar ou exposição ao chumbo).

Este estudo mostrou que em nossa região, os principais fatores associados foram a hipertensão arterial, o excesso de peso, a alimentação pobre em frutas, grãos e vegetais e o tabagismo. Além disso, constatou que o Brasil é um dos países onde há maior impacto dos fatores de risco modificáveis em todo o mundo.

Os achados comprovam que a necessidade urgente de melhorar o cuidado com a saúde, em uma abordagem populacional, em todos os níveis. Por exemplo, o controle da pressão arterial envolve o rastreamento, tratamento adequado e acompanhamento com acesso a medicamentos e orientação comportamental.  Não basta contratar um serviço isolado, por exemplo de gestão de doenças crônicas ou realizar atividades pontuais, como check-ups, SIPATs ou feiras de saúde. O atual sistema fragmentado e descoordenado impede a melhoria dos resultados neste campo.

Outro importante estudo que vem sendo realizado no Brasil, o “Estudo Longitudinal de Saúde do Adulto – ELSA Brasil) teve uma recente publicação na revista “Journal of the American Heart Association” onde se constatou que apenas 21% das mulheres e 29% dos homens eram fisicamente ativos. As análises confirmaram que a atividade física tem efeito protetor evidente sobre a saúde cardio-metabólica. As pessoas ativas tinham menor pressão arterial média, frequência cardíaca média e menor risco cardiovascular pelo escore de Framingham. Sem dúvida, este estudo é bastante relevante para os profissionais, pesquisadores e planejadores de sistemas de saúde que não precisam recorrer a estudos com outras populações para realizar suas análises e estudos.

As discussões recentes no sistema de saúde tem enfocado basicamente a questão do financiamento e fontes de recursos, formas de remuneração, impostos e pleitos das diferentes corporações profissionais. É urgente que o tema do cuidado integrado e a abordagem efetiva dos fatores de risco seja colocada na agenda da saúde em nosso país.

stroke





Obrigado por comentar!
Erro!
Contato
+55 11 5561-6553
Av. Rouxinol, 84, cj. 92
Indianópolis - São Paulo/SP