Os gastos com saúde nos EUA subirão 5,8% ao ano até 2025
Entenda o impacto do envelhecimento e de novos medicamentos
20/07/2016

As despesas em saúde nos EUA provavelmente crescerão em torno de 5,8% por ano durante a próxima década, um pouco além do que foi registrado nos últimos dois anos, devido ao envelhecimento da população, o aumento dos preços de medicamentos e do crescimento econômico mais rápido, de acordo com projeções atualizadas do governo federal.

Já uma projeção realizada pelo governo do Reino Unido estima que os gastos com saúde aumentarão de 7,9% do PIB em 2014 para 8,5% do PIB em 2064, devido ao envelhecimento (Office for Budget Responsability, 2014). A Austrália divulgou recentemente que de 2012 a 2060, as despesas de saúde do governo como proporção do PIB deverão aumentar de 4,1% para 7,0%, em grande parte devido ao envelhecimento (Productivity Commission, 2013). No Brasil o Instituto de Estudos da Saúde Suplementar, apontou em estudo recente que o envelhecimento elevará o total de internações de beneficiários (saúde suplementar) em mais de 30% até 2030.  O setor saúde brasileiro representa gastos na ordem de 9% do seu PIB. Os EUA, por sua vez, gastam 17,5 % do PIB com as despesas de saúde.

EUA, medicamentos impulsionam gastos

O crescimento anual das despesas de saúde entre 2015 e 2025 será 1,3% mais rápido do que o crescimento do PIB, diz um relatório dos Centros de Serviços Medicare e Medicaid (CMS – órgãos reguladores norte-americanos) publicado na revista Health Affairs. “A despesa representará 20,1% do total da economia do país em 2025, acima dos 17,5% em 2014”, diz uma reportagem da Reuters.

Os gastos com saúde subiram 2,9% em 2013, de acordo com o estudo, mas subiu 5,3% em 2014 e espera-se que tenha subido 5,5% em 2015. Isso, em grande parte, é “resultado de milhões de americanos que ganharam cobertura de seguros em 2014 sob o Affordable Care Act” (também chamado Obamacare, uma lei federal dos EUA sancionada em 2010), diz a reportagem.

O aumento de gastos dos EUA será ameno em 2016, segundo o estudo, conforme projeção de um número menor de pessoas sem plano de saúde que ingressarão no Medicaid e em planos oferecidos pelo Estado. “Cerca de 8% dos norte-americanos são esperados para entrarem no seguro até 2025, abaixo dos 11% em 2014”, afirmam os auditores dos CMS no relatório. “As despesas totais de saúde projetadas para este ano chegam a US$ 3,2 trilhões, subindo para US$ 5,6 trilhões em 2025. Ao longo da mesma década, espera-se que os custos dos cuidados hospitalares saltem 80%, para US$ 1,8 trilhão, enquanto nos gastos com medicamentos prescritos é esperada uma elevação de 91%, para US$ 615 bilhões”.

Segundo Sean Keehan, economista do CMS e um dos principais autores do estudo, “há incerteza em muitas das nossas estimativas, especialmente sobre os gastos de drogas de prescrição”. Ele afirma que um único medicamento caro e amplamente utilizado, como o tratamento com Sovaldi (da Gilead Sciences) de dois anos para a hepatite C, pode elevar a despesa global em produtos farmacêuticos. O Sovaldi, que custa US$ 84 mil por sessão de tratamento, e um tratamento da Gilead ainda mais caro, chamado Harvoni, juntos totalizaram US$ 4,3 bilhões em vendas no primeiro trimestre.

“O consenso é que nenhuma nova droga como a da Sovaldi seja aprovada” no futuro próximo, alerta Keehan. Várias outras farmacêuticas, no entanto, incluindo a Bristol-Myers Squibb e a Merck & Co, introduziram recentemente tratamentos imuno-oncológicos com preços de tabela de cerca de US$ 150 mil por ano. “E outras farmacêuticas cogitam seguir o exemplo”, conclui a reportagem da Reuters. Caberá muita negociação dos governos e compradores para diminuir os valores pretendidos pelas farmacêuticas.





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