Há tempos atrás, cunhei a expressão “Loteria Regulatória” para demonstrar situações onde as empresas da área da saúde são pegas descumprindo aquilo que está determinado nas leis, normas técnicas e afins.

Numa analogia com a loteria, não é fácil ser sorteado, mas quando acontece é o nome daquela determinada empresa que vai para os jornais. E não é fácil ser “sorteado” porque o sistema de fiscalização é falho, para dizer o mínimo.

Ter o nome vinculado a uma situação adversa gera uma série de problemas para a empresa, indo desde notificações, suspensões e até mesmo o cancelamento de registros de produtos, passando pelo cancelamento da Autorização de Funcionamento e problemas em outras áreas como a tributária, fiscal, trabalhista e até a criminal. Isso sem falar no dano de imagem e na perda de valor de mercado.

As empresas têm que entender que hoje existem vários agentes que agem como fiscais no mercado: a concorrência, os usuários e os consumidores, além das próprias autoridades regulatórias, policiais e judiciais. Estar em conformidade com as leis e normas não é uma questão de escolha ou luxo, é obrigação. Compliance não é um capricho, é uma necessidade que preserva a imagem da empresa, os investimentos e as pessoas. Manual de Ética também não é um documento figurativo. Deve ser desenvolvido, implementado e cobrado de forma exemplar, do Presidente ao faxineiro da empresa. Quando a empresa e/ou o empresário resolvem, desenvolver atividades num setor regulado, sabem, de antemão, que terão que cumprir uma série de exigências legais e técnicas. Se assim não fosse, o setor não seria chamado de “regulado”.

Se todos cobramos um país melhor, então nós e nossas empresas devem ser o nascedouro dessa melhoria, com exemplos de conduta, ética e convivência. Toda empresa tem um papel social e o primeiro deles deve ser devolver à comunidade onde ela está instalada, benefícios tangíveis e intangíveis. Estes últimos começam na forma de uma conduta ética, pautada em valores que façam a sociedade avançar da direção de um país melhor.

Se você não acreditar em nada disso, abra os jornais e veja quantas empresas estão envolvidas em corrupção e o custo que elas estão pagando por isso. Sucesso!