Aumenta troca de CEOs em empresas no Brasil
Valor Econômico
17/04/2013

Aumenta a troca de CEOs em empresas no Brasil

Por Stela Campos | De São Paulo

 

A troca de CEOs no comando de grandes companhias de capital aberto no Brasil está cada vez mais intensa. A taxa de rotatividade no primeiro posto chegou a quase 20% no ano passado, índice que supera a média global de 15% - que, por sua vez, foi a maior registrada desde 2005.

O tempo médio de permanência no cargo também está mais curto no país, 2,5 anos, enquanto a média global chegou a 4,8 anos. "A tolerância ao não cumprimento de metas está menor", afirma Paolo Pigorini, presidente da Booz & Company para a América do Sul.

A consultoria global conduziu estudo com 2,5 mil companhias listadas em bolsa e com faturamento entre US$ 5 bilhões e US$ 50 bilhões (sendo 116 empresas do Brasil). Segundo Pigorini, essa dança das cadeiras pode ser explicada em parte porque as empresas fizeram planos agressivos para 2012 e muitos CEOs tiveram dificuldade de atingir os resultados esperados.

 

 

Por outro lado, quando a economia começa a dar sinais de melhora, como aconteceu no ano passado, as mudanças de comando geralmente se intensificam. Já em momentos de crise, os conselhos preferem não mexer no topo da hierarquia corporativa para não desestruturar o negócio - a menos que isso seja absolutamente necessário.

Em 2012, 72% de todas as saídas dos CEOs pesquisados no mundo foram planejadas, índice mais alto registrado desde a primeira edição da pesquisa, em 2000. "Nesse tipo de desligamento, o executivo faz um plano de sucessão junto com os conselheiros para deixar o cargo em alguns meses. Não se trata, portanto, de um afastamento abrupto", explica.

Em geral, casos desse tipo são considerados substituições, que não estão diretamente atreladas apenas à performance, mas ao alinhamento estratégico do executivo aos planos do conselho de administração. O presidente da Booz & Company ressalta que no Brasil e em outros países emergentes o governo também costuma ter uma grande influência em companhias de capital aberto, como as que participaram do levantamento, o que pode resultar na mudança dos principais dirigentes também por razões políticas.

Em 61% dos casos de substituição no Brasil, os executivos escolhidos já estavam na própria empresa. Segundo a pesquisa, um em cada quatro novos comandantes trocados em 2012 fez carreira em apenas uma companhia. A preferência pelo executivo "da casa" está relacionada à diminuição do risco. "Ele entende a organização, é reconhecido pelos executivos e a tendência é que por isso traga resultados melhores para os acionistas", afirma Pigorini.

A vinda do CEO "forasteiro", por sua vez, é mais desejada quando a companhia está com resultados ruins e precisa de uma reviravolta. Nesse caso, o fato de ele não ter laços com as pessoas da empresa facilita a tomada de decisão, como por exemplo, em um enxugamento de quadro.

A preferência por trazer alguém do mesmo setor é comum em todo o mundo - no Brasil 76% dos escolhidos vieram da mesma indústria. Outro ponto em comum é a indicação de dirigentes da mesma nacionalidade da matriz para comandar as operações. No estudo, 81% dos novos CEOs são do país de origem da companhia. "A ideia de que o dirigente pode vir de qualquer região é mais um mito do que realidade", diz.

Em relação à escolaridade, quase 30% dos novos comandantes cursaram um MBA. Entre os países emergentes, incluindo o Brasil, esse percentual sobe para 45%. No Brasil, a média dos CEOs substitutos é de 50 anos e, no mundo, de 53 anos. Os comandantes brasileiros são um pouco mais jovens que os demais porque as empresas não têm medo de colocá-los em posições-chave. "Na Europa, por exemplo, existem pessoas com até 75 anos de idade ocupando lugares no topo, e sem previsão de sair", afirma Pigorini, da Booz & Company.

Em relação às mulheres, outro dado da pesquisa mostra que, embora a ascensão aos primeiros postos ainda seja um privilégio para poucas, a presença feminina nos cargos de CEO cresceu. Agora, elas representam 5% dos cargos, o que significou um aumento da média de 3% registrada nos últimos três anos.

 

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