A sustentabilidade dos sistemas de saúde é hoje um desafio mundial e, em especial, para o Brasil que vive várias transições (epidemiológica, nutricional, tecnológica e demográfica) e um subfinanciamento crônico.
No campo epidemiológico, o país tem uma tríplice carga de doenças: infecciosas (como dengue e zika), crônicas (cardiovasculares e câncer) e de causa externa (acidentes e ferimentos a bala).
A transição demográfica (em 2030 haverá mais brasileiros acima de 60 anos do que abaixo de 14 anos) e o aumento da obesidade, além dos custos crescentes, impõem a busca por novos modelos.
Há uma unanimidade no setor de que é preciso uma mudança na atenção à saúde, hoje focada na doença e não na prevenção, e na forma de remunerar os prestadores de serviços. Os sistemas público e privado remuneram pela quantidade de procedimentos e não pela qualidade.
Segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde), em vários países há sistemas públicos de saúde eficazes. Em geral, eles investem até três vezes mais que o Brasil, cujo gasto público em saúde corresponde a 4,7% do PIB.
PAÍSES
O Canadá, por exemplo, possui um gasto público em saúde correspondente a 8% de seu PIB. Os médicos do “SUS” não são funcionários públicos, apesar de pagos pelo governo. A maioria dos atendimentos financiados pelo sistema é oferecida na iniciativa privada. Quase não existe competição entre o sistema público e o privado, já que os planos não podem oferecer os mesmos serviços ofertados na rede pública.
O Reino Unido possui um gasto público em saúde correspondente a 8,2% de seu PIB. O sistema do país, criado na Segunda Guerra, é considerado um exemplo de atenção à saúde básica.
Para ir a um especialista, é preciso passar antes por um clínico geral, que é a referência do paciente dentro do sistema e que resolve até 90% dos casos. Esses médicos podem ganhar um dinheiro extra se os pacientes permanecerem saudáveis.
Já a França possui um gasto público em saúde correspondente a 9,3% do PIB. A cadeia montada para gestantes, que dá incentivos financeiros para que pessoas de baixa renda busquem acompanhamento médico regular, é um exemplo internacional.
O SUS francês mistura seguro público com contribuições na folha de salários. Em boa parte dos casos, o atendimento não é gratuito, mas o governo reembolsa a despesa.