Cirurgia por robô aumenta
Valor Econômico
12/04/2013

Cirurgia por robô aumenta

Por Paulo Vasconcellos | Para o Valor, do Rio

O Brasil começa, lentamente, a integrar o mapa mundial da cirurgia robótica. A estimativa de especialistas é de que no ano passado foram feitos 600 procedimentos no país com o auxílio tecnológico de equipamentos robóticos. A previsão para este ano é o dobro. Em todo o mundo o número de cirurgias desse tipo chegou a 450 mil em 2012.

Já existem mais de 2.500 equipamentos cirúrgicos robóticos no mundo, de acordo com o portal da Intuitive, líder mundial na fabricação de tecnologia de ponta em medicina. Mil e oitocentos estão nos EUA e 400 na Europa. O Brasil, que em 2008 tinha apenas um robô cirúrgico, chegou a três no ano passado, mas agora conta com sete. Até o fim deste ano devem chegar mais três. Um dos gargalos para a difusão da tecnologia é o preço das cirurgias realizadas com a novidade: em torno de R$ 28 mil, no caso de uma prostatectomia (retirada da próstata), a R$ 80 mil, em algumas cirurgias cardíacas.

"A cirurgia robótica provoca menos sangramento, reduz os riscos para o paciente e permite um tempo de recuperação menor", diz Anuar Ibrahim Mitre, do Núcleo Avançado de Urologia do Hospital Sírio e Libanês. Pioneiro na introdução da cirurgia robótica no país, o Sírio e Libanês tem dois Da Vinci Surgical System da Intuitive - um apenas para treinamento. O equipamento, desenvolvido nos EUA para permitir a operação a distância dos soldados americanos feridos na Guerra do Iraque, custa entre US$ 2,5 milhões e US$ 3,5 milhões, reduz quase à metade o tempo de duração das cirurgias.

O médico fica instalado em um console a três metros do paciente, de onde controla os braços do aparelho por meio de censores acoplados às mãos. Os braços robóticos são capazes de fazer movimentos de rotação completa que as mãos do cirurgião não conseguem executar. O procedimento pode ser realizado em situações delicadas, de incisões de válvula mitral em cirurgias cardíacas a histerectomias (retirada do útero) com incisões de 5 a 8 milímetros.

No Hospital Alemão Oswaldo Cruz são realizados cerca de 100 procedimentos por ano com o Da Vinci. Noventa por cento das operações são urológicas. A técnica em alguns casos de câncer de próstata garante maior chance de preservação da continência urinária e da sexualidade do paciente. "É um caminho sem volta na medicina", afirma Mauro Medeiros Borges, superintendente médico do Oswaldo Cruz.

"No Albert Einstein, que tem vocação em procedimentos de alta complexidade, coube como uma luva", diz Antonio Luiz de Vasconcellos Macedo, presidente do conselho de robótica do Hospital Albert Einstein, pioneiro em cirurgia robótica cardíaca e de câncer de esôfago. A instituição, que tem um Da Vinci, já encomendou um equipamento de terceira geração.

Já há um desses no Hospital 9 de Julho, de São Paulo, referência em gastroenterologia, oncologia, ortopedia e urologia. O equipamento custou US$ 3,5 milhões, o maior investimento já feito pela unidade em tecnologia. Além de tornar os procedimentos mais seguros, a versão tem uma plataforma que integra novas tecnologias como a iluminação fluorescente, utilizada para a visualização de vascularização e tumores. A novidade permite ainda que o médico execute todos os procedimentos por um único acesso, o umbigo do paciente, nos casos de remoção da vesícula. "A cirurgia robótica é um avanço em expansão no país", diz Alexandre Rosé, diretor do 9 de Julho.

Outros dois Da Vinci de terceira geração estão no Rio de Janeiro, no Hospital Samaritano e no Inca, única instituição nacional que opera com tecnologia robótica pelo SUS. No Samaritano, o investimento nas instalações, no equipamento, na transferência de tecnologia e no pacote de treinamento dos médicos nos EUA foi de R$ 10 milhões. A opção inicial para a cirurgia robótica beneficiou as especialidades de urologia e cirurgia geral, mas deve chegar também às cirurgias de cabeça e pescoço, ginecológicas e torácicas. "O investimento faz parte da perspectiva de oferecer a melhor medicina", afirma Fernando Gjorup, diretor médico do Samaritano.

O Pró-Cardíaco, do Rio, recorreu à tecnologia Siemens para ingressar na era da medicina robótica. A sala híbrida da unidade é pioneira na América Latina. "A Siemens tem um equipamento robótico com tecnologia capaz de reduzir em até 75% a dose de radiação", diz Antonio Ribeiro, gerente de angiografia da empresa. "Esses avanços representam mudança de paradigma em medicina", diz Evaldo Tinoco, diretor-clínico do Pró-Cardíaco.

 

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