Pesquisadores associados ao Walter Reed National Military Medical Center, em Maryland (EUA) detectaram o primeiro caso conhecido de bactérias resistentes à colistina, antibiótico de última geração, aumentando o temor em relação às chamadas superbactérias.
Os dados foram publicados online no periódico Antimicrobial Agents and Chemotherapy, da Associação Americana de Microbiologia. O caso envolve uma paciente de 49 anos da Pennsylvania, tratada de infecção urinária em uma clínica em abril. Uma cepa da bactéria E. coli resistente ao antibiótico de último recurso colistina foi detectada na paciente.
“É um velho antibiótico, mas era o único que restava para o que eu chamo de uma bactéria de pesadelo”, afirmou o diretor dos Centros para o Controle e a Prevenção de Doenças (CDC), Dr. Thomas Frieden, referindo-se à família de bactérias Enterobactérias Resistentes a Carbapenemasas (ERC). O gene mcr-1, que causa a resistência a antibióticos também foi encontrado na China e na Europa.
“O armário de remédios está vazio para alguns pacientes”, disse Dr. Thomas Frieden em uma palestra realizada dia 26 de maio no National Press Club. “Será o fim da linha para os antibióticos se não agirmos com urgência”. O especialista alerta para a produção de novos antibióticos e seu uso criterioso.
O mais alarmante no caso da paciente dos EUA é que a E. coli tornou-se resistente à colistina não por mutação, mas por aquisição de um fragmento de DNA (o plasmídeo mcr-1) que carrega o gene da resistência e se transmite facilmente de uma bactéria para outra.
A descoberta é um presságio do aparecimento de bactérias altamente resistentes, registram os autores. Embora este seja o primeiro relato de mcr-1 nos EUA, o gene da resistência à colistina já apareceu em bactérias em outros países, em especial na China. “Uma vigilância ininterrupta para determinar a real frequência deste gene nos EUA é crucial”, observam os autores.
A resistência aos antibióticos é considerada um problema de saúde pública pela Organização Mundial de Saúde (OMS) quando causa milhares de mortes em diferentes regiões do mundo. A OMS alerta que a presença de superbactérias em ambientes hospitalares pode colocar em risco procedimentos simples em hospitais. Uma pequena cirurgia pode colocar o paciente em risco de vida, caso haja contaminação.
A colistina apareceu em 1959 para tratar de infecções causadas pelas bactérias E. coli, Salmonella e Acinetobacter, que podem causar pneumonias, ou graves infecções no sangue. Nos anos 1980, deixou de ser usada para o tratamento de seres humanos, devido a alta toxicidade para os rins, mas é um remédio comum na pecuária – especialmente na China. Porém, voltou a ser usada como tratamento de último recurso em hospitais e clínicas, quando as bactérias começaram a desenvolver resistência a antibióticos mais modernos.