Qual o papel do gestor de saúde? Que responsabilidades ele deve ter? O que ele precisa para evoluirmos o setor? Sempre nos fazemos essas perguntas para definirmos o tema doSaúde Business Fórum. Neste ano, ficou claro que precisávamos discutir mais sobre um universo tradicionalmente subestimado: a importância dos dados na tomada de decisões de saúde.
A liderança de organizações de saúde vem passando por um profissionalismo, tendo, cada vez mais, gestores capacitados para tomar decisões que aumentem produtividade, reduzam custos e sejam sustentáveis entregando o melhor cuidado para o paciente. Pensando nisso, a informação toma um papel cada vez mais importante em um universo com recursos limitados e condições de saúde cada vez mais complexas e duradouras.
Um dos exemplos que mais me marcaram foi, quando ouvi que, para conhecer os riscos de saúde de uma pessoa, bastava olhar, nada mais, nada menos que o extrato do cartão de crédito dela. Certamente, muitas paradas em restaurantes pouco saudáveis, as horas passadas em bares e centenas de reais gastos em gasolina podem ser indícios de condições de risco para uma das doenças mais significativas da modernidade: a obesidade, por exemplo.
Teria a Visa mais informações preditivas sobre a saúde dos nossos pacientes do que nós como setor de saúde? Precisamente, nosso conhecimento a respeito do nosso paciente começa no momento que ele nos aparece no hospital já com pressão alta no exemplo citado. O quanto perdemos? O quanto conseguimos resolver quando nos responsabilizamos pela saúde quando ela já não é mais saúde e sim doença?
A assimetria de informação, que tanto falamos quando o paciente não tem conhecimento técnico sobre sua doença, aqui joga do outro lado: conhecemos muito pouco da vida que estamos cuidando. Realizamos anamnese, fazemos avaliações clínicas e tentamos minimizar este gap, mas, de verdade, o quanto alguém consegue te conhecer em cinco minutos de perguntas?
Agora, algo que parece bem óbvio, mas ainda bastante difícil, é pensar no quanto sabemos de um paciente enquanto ele está na nossa instituição. Enquanto ele está fora, não nos responsabilizamos (ainda e infelizmente), mas, quando ele já está sob os cuidados do setor de saúde, os dados disponíveis ainda assim não são completos.
Pessoalmente, acho bastante estranho pensar em um time inteiro responsável por glosas em uma seguradora de saúde, em gastos desnecessários com pacientes que ficaram tempo demais internados ou, ainda, em falta de medicamento por uma gestão de estoques pobre. Precisamos de padrões, de processos, de aproximação do sistema do cuidado. E temos muito o que aprender com setores que, a princípio, nada dizem respeito com a saúde. A Amazon pode nos dar uma lição quanto a gestão logística, redes hoteleiras quanto a gestão de leitos e até o setor público, em algumas de suas mais evoluídas áreas, quanto a Receita Federal e suas habilidades de cruzamento de dados e rastreio de informações.
Todo esse contexto nos levou a criar o tema de 2016, “The Data CEO: como os dados influenciam a tomada de decisão?” e essa discussão começa hoje, em Cabo de Santo Agostinho, Pernambuco, com 100 executivos de instituições de saúde. Com certeza, serão alguns dos dias mais inspiradores para a discussão deste tema.