Em um momento de transição de governo, o fim dos mandatos de diretores deve abrir espaço para indicações ligadas ao grupo do presidente interino, Michel Temer.
O movimento é visto com preocupação por empresários e advogados, para os quais indicações políticas têm enfraquecido o papel das agências, levando a descrédito dos investidores pela falta de segurança jurídica.
As agências de infraestrutura têm um papel importante nas concessões. Elas criam os editais, fazem os leilões e fiscalizam os contratos. São 48 diretores e presidentes com mandato fixo que varia de três a cinco anos.
Atualmente, há cinco vagas abertas e ao menos três que devem ficar livres até o fim do ano.
NOVOS RUMOS
Na ANP, por exemplo, a presidente, Magda Chambriard, tem seu mandato encerrado neste ano. Há outra vaga aberta. A agência tinha posição contrária a mudanças no modelo de exploração do pré-sal exclusivo pela Petrobras, que está em revisão no Congresso.
Na Anatel, que recebe pressão de operadoras de telefonia para acabar com a internet ilimitada, uma vaga será aberta em novembro e o mandato do presidente se encerra ao fim deste ano. Isso pode levar a uma mudança na política para o setor.
Nas agências da área da saúde, a avaliação é que o afastamento da presidente Dilma pode inviabilizar a renovação de mandatos de diretores ligados ao PT.
Na ANS, o diretor de normas e habilitação das operadoras, Leandro Reis Tavares, que encerraria o mandato em 20 de junho deste ano, decidiu renunciar ao cargo em abril, por "motivos pessoais". Outro filiado ao PT, o médico Fausto Figueira de Mello Jr., foi indicado, mas o Senado ainda precisa sabatiná-lo. Dentro da agência, a avaliação é que o novo governo pode preferir outro nome.
Na Anvisa, dois diretores terminam o mandato em julho –indicações do PMDB e PT, respectivamente. Até então, a expectativa era que fossem reconduzidos. Servidores têm a avaliação agora de que o diretor Ivo Bucaresky, indicado pelo PT, possa sair.
SUCATEADAS
Thiago Botelho, presidente da Aner, associação de servidores de agências, diz que é necessário com urgência aprovar projetos de lei que regulamentem o trabalho e deem às agências real autonomia em relação ao governo, principalmente orçamentária.
As dez agências federais são responsáveis pela implementação de políticas públicas, principalmente a fiscalização dos que precisam de autorização para gerir serviços públicos.
Os diretores são nomeados pela Presidência e submetidos ao Senado. Em algumas, o presidente pode decidir o diretor por decreto.