Fonte: Diário de Pernambuco – 03/05/2016
Neste primeiro trimestre, 617 mil brasileiros enceraram os contratos com as operadoras, registrando o maior encolhimento de carteira desde 2000
Por Rosa Falcão
Nos primeiros três meses deste ano 617 mil brasileiros deixaram de ter planos de saúde. É o maior encolhimento de carteira desde o ano de 2000. Em março, o setor apresentava o total de 48,82 milhões de clientes, registrando a queda de 1,25% comparado a um total de 49,44 milhões em dezembro de 2015. Nos últimos doze meses, a evasão foi de 1,3 milhão de usuários. Os números foram divulgados ontem pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS). Em Pernambuco, o número de clientes dos planos privados recuou de 1,39 milhão para 1,36 milhão entre dezembro do ano passado e março deste ano. A fuga de usuários se concentra na modalidade de planos coletivos empresarial e coletivo por adesão.
O encolhimento da saúde suplementar tem relação direta com o aumento do desemprego, cuja taxa de 10,9% divulgada pelo IBGE deixou mais de 11 milhões de pessoas desocupadas no país em março. Para se ter uma ideia do impacto da crise econômica no mercado de saúde privada, em três meses as operadoras perderam o total de 750 mil clientes que deixaram os planos de saúde em 2015. “Se a perda prosseguir com essa velocidade, é possível fechar o ano com a perda de 2 milhões de usuários”, estima Flávio Wanderley, presidente regional da Associação Brasileira de Medicina de Grupo (Abramge).
Wanderley diz que as operadoras veem com apreensão a fuga de usuários, porque as projeções de queda do Produto Interno Bruto (PIB) se ampliam a cada semana. Pela projeção divulgada ontem pelo Boletim Focus do Banco Central, a economia brasileira deverá encolher 3,89% neste ano. “Neste primeiro trimestre, as demissões se acentuaram, os investimentos pararam e as empresas reduziram ainda mais os seus custos.” O porta-voz da Abramge destaca que 70% dos planos de assistência médica são coletivos e quando as pessoas perdem o emprego, têm que assumir integralmente os custos com a saúde.
A Federação Nacional de Saúde Suplementar (FenaSaúde), entidade que representa as operadoras de planos e seguros de assistência à saúde, avalia que a conjuntura macroeconômica, com a retração nos níveis de emprego e renda fez desabar a adesão dos consumidores. Ou seja, a perda de usuários está diretamente ligada ao fechamento de postos de trabalho com carteira assinada, cuja perda foi de 118 mil vagas em março deste ano, registrando o pior resultado para o mês em 25 anos.
“Esse bem de consumo sempre foi altamente valorizado tanto pelos trabalhadores, que usufruem um serviço essencial, quanto empregado- res, por ser um beneficio importante para a retenção de talentos e o aumento da produtividade”, afirma Solange Beatriz Palheiro Mendes, presidente da FenaSaúde. A expectativa da entidade é que o setor recupere as perdas de beneficiários em 2016.