Com a proposta de promover uma reflexão sobre as perspectivas do mercado de seguros nos próximos anos, diante de um cenário econômico instável e de profundas mudanças na sociedade, o XXVI Congresso Panamericano de Produtores de Seguros da Confederação Panamericana de Produtores de Seguros (Copaprose) se encerra hoje, dia 22, após três dias de intensos debates entre representantes do setor na América Latina, Portugal e Espanha, no Windsor Hotel Atlântica, em Copacabana, no Rio de Janeiro.
Da esquerda para a direita: o superintendente da Susep, Roberto Westenberger; a presidente da Fides, Pilar González; o presidente da Assal, Carlos Pavez; o presidente da Fenacor, Armando Vergílio, e o presidente da CNseg, Marcio Coriolano, na abertura do evento
Ainda na abertura do evento, que teve como tema “Para onde caminha o Seguro na América Latina?”, o presidente da CNseg, Marcio Coriolano, afirmou que esta edição tem duplo significado especial. O primeiro, pela oportunidade de fortalecer a Região constituída pelo bloco (América Latina + Espanha e Portugal), face a um mundo que se reposiciona em novos blocos econômicos, baseados em identidades culturais e geográficas. E o segundo, por acontecer em um momento de contração econômica na Região e, particularmente, no Brasil. Contração, esta, cujo setor segurador, com sua tradicional resiliência em face a crises, tem muito a contribuir para mitigar, devido à sua capacidade de proteger patrimônio e rendas, que podem se transformar em investimentos de infra-estrutura e outros negócios, sendo, portanto, um grande investidor institucional.
Coriolano propôs, ainda, que essa edição da Copaprose seja registrada e lembrada como "Conferência Marco Antonio Rossi", que foi um “administrador talentoso, aguerrido e comprometido com a causa da integração latino-americana do mercado de seguros”. Marco Rossi, presidente da CNseg que antecedeu Marcio Coriolano, faleceu em acidente aéreo em novembro de 2015.
Por fim, aproveitou a oportunidade para saudar as lideranças dos corretores de seguros de todos os países presentes, considerados a força produtiva da distribuição e da representaçåo dos consumidores.
A abertura contou ainda com a participação do presidente da Fenacor, Armando Vergílio; da presidente da Fides, Pilar González; do presidente da Assal, Carlos Pavez, e do superintendente da Susep, Roberto Westenberger.
O presidente da CNseg, Marcio Coriolano, no púlpito, observado por Claudio Contador (no canto esquerdo) e Rodrigo Alves Melo
E entre os diversos painéis realizados ao longo dos três dias, um dos mais importantes, propôs-se, na tarde do no dia 21, a debater e projetar os possíveis cenários econômicos sob uma visão pan americana, contando novamente com a participação do presidente da CNseg, além da do diretor da Escola Nacional de Seguros, Claudio Contador; do CEO Américas da Generali, Antonio Cassio dos Santos, do presidente da Academia Nacional de Seguros e Previdência (ANSP), Mauro Batista, e do economista-chefe da Icatu Vanguarda, Rodrigo Alves Melo.
Como consenso, a convicção que, ao menos no curto e médio prazo, a situação macro-econômica não está nada favorável para atividade econômica na região e, particularmente, para Brasil, México e Argentina, apesar de Colômbia e México estarem um pouco melhores, devido às reformas estruturais realizadas. Reformas, estas, que o Brasil precisa fazer com urgência, de acordo com Rodrigo Alves Melo da Icatu, para quem, em 2015, o risco Brasil passou a ser muito maior que o do resto da América Latina. De acordo com suas previsões, só o PIB brasileiro só voltará ao do nível de 2014 em 2022, o que reforça a necessidade de um “esforço herculínio de ajuste fiscal”.
Marcio Coriolano também não é muito otimista em relação à situação brasileira a curto prazo, afirmando que já se fala em queda do PIB de mais de 4% e que a taxa de desemprego pode chegar a 11% até o fim do ano, o que, em suas palavras “é uma de nossas maiores tragédias”. Ainda assim, ele entende que a situação do mercado segurador é bem melhor que a de outros setores da economia, como a da indústria de transformação, de produtos e bens duráveis e da automobilística, tendo crescido mais de 11% em 2015. “O Brasil tem um padrão de solvência muito forte, o que é uma segurança adicional para o mercado. Se se não tivéssemos esse provisionamento, essa responsabilidade, estaríamos sofrendo muito mais”, afirmou.
Se, como bem lembrou o presidente da CNseg, o mercado segurador brasileiro “surfou na onda do aumento da renda na última década”, tendo a saúde suplementar e os planos de acumulação (PGBL e VGBL) como carros chefe, agora, para superarmos esse momento de crise, é preciso cobrar do governo a implementação de políticas anticíclicas. E detalhando um pouco mais as ações necessárias para empreendermos uma “nova jornada de crescimento”, listou cinco pontos fundamentais: estabilidade regulatória, regulação contracíclica, redução de custos de observância, ampliação dos canais de comercialização de seguro , além de reforço da comunicação e da educação em seguro.
Mas, apesar de tudo o que foi colocado, os debatedores ainda encontraram espaço para otimismo, como é o caso de Mauro Batista, da ANSP, e Antonio Cassio dos Santos, da Generali. Este último lembrou que as seguradoras brasileiras com ações na bolsa ainda apresentam melhores resultados que as cinco maiores seguradoras globais e o mercado segurador latino-americano, com seus 97 milhões de veículos, 127 milhões de residências e uma população de 509 milhões de pessoas, ainda tem muito espaço para crescer até atingir os mesmo níveis de penetração do seguro dos países desenvolvidos. Mas, para isso, afirmou Mauro, precisamos estar atentos a algumas tendências para os próximos anos, como aumento do impacto das novas tecnologias na vida das pessoas, o aumento da longevidade e o crescimento chinês.
Ao final do Congresso, foi prestada mais uma homenagem a Marco Antonio Rossi, falecido em novembro de 2015 em um acidente de avião, lembrado como uma das maiores lideranças do mercado de seguros do Brasil e da América Latina. Sua esposa, Maria Isabel Rossi, e seu filho, Marcelo Rossi, receberam das mãos do presidente da Fenacor e do Comitê Executivo da Copaprose, Armando Vergílio, uma placa e um buquê de flores. Na ocasião, muito emocionado, Vergílio disse que, mais do que um dos maiores líderes que o País já teve, Rossi era um homem digno, honesto, correto, trabalhador, empreendedor, dinâmico, visionário e construtor de pontes para o futuro, e que sentia um grande orgulho e satisfação por ter podido conviver e aprender com ele.