Como já falamos aqui, não existem fórmulas mágicas, dietas milagrosas que resolvam a questão daobesidade. A obesidade é uma doença multifatorial e ainda em descobrimento no mundo científico. Não podemos generalizar seu tratamento. Cada indivíduo deve ser tratado de forma global com envolvimento multidisciplinar, porém individualizado. Normalmente, quando falamos de processo de emagrecimento, nossas escolhas tendem a ser aquelas que julgamos as mais fáceis, as menos doídas. Na verdade, queremos ser “emagrecidas” e não emagrecer. Mas não é tão simples assim.
Hoje, nosso papo será com a Dra. Ruth Rocha Franco, Endocrinologista Pediátrica, coordenadora do Ambulatório de Cirurgia Bariátrica no Adolescente do ICR-HC-USP. Ela que trabalha desde 2003 acompanhando casos de adolescentes extremamente graves e nos trará sua visão sobre a importância da escolha consciente pela cirurgia bariátrica.
A Dra. Ruth Rocha Franco entende que entrar de cabeça em um tratamento para perda de peso requer esforço, dedicação, perseverança e suporte psicológico. Perder peso não é tarefa fácil, pois exige conscientização do problema e uma luta constante contra o próprio organismo (que faz de tudo para manter o peso como está, com excesso de gordura).
Sua realidade diária é composta de pacientes que começam, mas não chegam ao objetivo final, que voltam aos hábitos antigos, recuperam o peso, entram novamente no ciclo vicioso e ficam cada vez mais obesos, mais infelizes, buscando na comida o prazer momentâneo. Ela vive histórias de clientes que foram maldosamente agredidas física e psicologicamente por estarem obesas. Casos de adolescentes que pararam de estudar, que nunca foram convidados para uma festa, que foram deixados de lado nas aulas de educação física. Crianças que foram apelidadas de adjetivos nada agradáveis. Além de todos estes problemas, também acompanha os problemas clínicos como o uso de medicação por causa do diabetes, do colesterol elevado, da hipertensão arterial, da gordura no fígado, da apneia do sono e das deformidades ósseas.
Então, como seguir em frente com tanta pressão?
Para a Dra. Ruth Rocha Franco, a cirurgia bariátrica é uma opção para devolver a vida social e a saúde desses casos tão graves. Porém, o que ela recomenda é o trabalho conjunto de uma equipe multiprofissional presente e atuante: um médico endocrinologista, o cirurgião, a nutricionista, o educador físico e a psicóloga. Os pacientes precisam entender o processo que passarão após a cirurgia. Eles precisam aceitar as condições no pós-operatório, por isso a importância do trabalho conjunto. Não é simplesmente a cirurgia. Ela relata que pacientes após a cirurgia dizem: “minha cabeça continua pensando como gordo”.
Penso que a mente deve estar bem para manter um corpo saudável. Dos três pilares do emagrecimento (alimentação adequada, atividade física e apoio psicológico), o mais importante é o apoio psicológico: se depois da cirurgia o paciente não estiver bem consigo mesmo, não souber enfrentar as dificuldades que com certeza aparecerão, ele não conseguirá sair de casa para praticar atividade física e não conseguirá fazer escolhas nutricionais mais adequadas. E o pior: voltará a recuperar o peso mesmo após enfrentar uma redução de estômago, diz Dra. Ruth.
Para Dra. Ruth Rocha Franco, o papel do psicólogo no processo de emagrecimento é achar uma luz no fim do túnel e fazer com que essa luz cresça e ilumine toda a estrada a ser percorrida; é garantir forças para a perseverança; é fazer mudanças nos padrões mentais que sabotam o tratamento; é fazer o indivíduo entender que ele é muito mais que o peso daquele momento.
Eu fico muito feliz em conhecer este trabalho porque vem de encontro a aquilo que acredito como o fundamental para um resultado positivo em um processo de emagrecimento. Seja qual for a sua escolha, é preciso ter uma Mente Magra e um corpo saudável.