1,85 milhão de vagas fechadas
25/04/2016
O Brasil teve a maior perda de vagas formais para meses de março em 25 anos. Neste ano, em todo o País, foram fechadas 118.776 postos de trabalho com carteira assinada, segundo relatório divulgado na sexta-feira pelo MTE (Ministério do Trabalho e Emprego). Nos últimos 12 meses, já somam 1,85 milhão de vagas fechadas. Apenas no primeiro trimestre, são 319.150 empregos a menos. 

Os números levam em conta a diferença entre demissões e contratações. A queda é resultado do declínio do emprego em praticamente todas os setores da economia. O fechamento de vagas atingiu sete dos oito pesquisados. A exceção é a administração pública, o único setor que apresenta criação de vagas, com um modesto saldo positivo de 4.335 postos de trabalho. 

Agropecuária, construção civil, serviços, indústria de transformação, serviços industriais de utilidade pública, extrativa mineral e comércio não tiveram a mesma sorte. 

Em março de 2015, o saldo entre a abertura de novos postos e o fecha -mento indicou uma criação líquida de 19.282 de vagas formais. 

Nos dois meses anteriores também foram registradas fechamento líquido de vagas. Dessa forma, no trimestre, foram fechados 319.150 postos de trabalho. 

MAIS AFETADOS 

O setor mais afetado no terceiro mês do ano foi o comércio, com o fechamento líquido de 41.978 postos. Seguem a indústria de transformação, com 24.856 vagas fechadas, a construção civil, com 24.184 vagas, e serviços, com 18.654 vagas. 

Más notícias 

Os estados brasileiros que mais fecharam postos de trabalho em fevereiro foram São Paulo (32.616 vagas), Rio de Janeiro (13.741) e Pernambuco (11.383). Apenas quatro estados contrataram mais que demitiram: Rio Grande do Sul (4.803 vagas criadas), Goiás (3.331), Roraima (220) e Mato Grosso do Sul (187 postos criados). Todos os demais Estados e o Distrito Federal perderam vagas. 

PESQUISA DIFERENTE 

» Os dados divulgados pelo Ministério do Trabalho consideram apenas os empregos com carteira assinada. Existem outros números apresentados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), que são mais amplos, pois levam em conta todos os trabalhadores, com ou sem carteira. 

»A Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) Contínua mensal registrou que o Brasil tinha, em média, 10,4 milhões de desempregados no trimestre que vai de dezembro de 2015 até fevereiro de 2016. (Jornal de Brasília-23.04) 

Desempregados já somam 10 milhões 

Após meses de forte deterioração, a taxa de desemprego no País finalmente chegou aos temidos dois dígitos: 10,2% no trimestre encerrado em fevereiro. Foi o pior resultado da série histórica da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), iniciada no primeiro trimestre de 2012 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O número de desempregados alcançou o recorde de 10,371 milhões, um salto de 40,1% em apenas um ano, quase três milhões de pessoas amais em busca de uma vaga. Ao mesmo tempo, nesse período, 1,172 milhão de pessoas foram demitidas. 

"O mercado de trabalho vai piorar sistematicamente até o fim do ano. A expectativa é de que a população ocupada só se estabilize em 2017. Até lá, vai haver mais demissão", previu Rafael Bacciotti, analista da Tendências Consultoria Integrada. O pico do desemprego deve ocorrer no começo do segundo semestre deste ano, podendo alcançar os 11%, estima a Tendências. 

Apesar da tendência sazonal de criação de vagas temporárias no fim do ano, a consultoria acredita que a taxa de desocupação encerre dezembro ainda mais alta que agora, aos 10,8%. "A Pnad Contínua mostra uma força de trabalho com muito vigor ainda. Tem a volta ao mercado de pessoas que estavam apenas estudando ou na condição de que não estudavam nem trabalhavam, mas tem também as pessoas mais velhas que estão procurando emprego", disse Bacciotti, referindo-se aos indivíduos que buscam uma vaga para complementar a renda domiciliar. Segundo Cimar Azeredo, coordenador de Trabalho e Rendimento do IBGE, após os sucessivos cortes de vagas a população ocupada voltou ao patamar de meados de 2013. "A queda na população ocupada foi extremamente agressiva. Muita gente perdeu o emprego. Além dos trabalhadores que foram contratados temporariamente, o corte seguiu em frente e pessoas que estavam efetivamente empregadas ficaram sem trabalho", apontou. Além de registrar diminuição no total de vagas, o mercado de trabalho também apresenta uma redução na qualidade do emprego dos "sobreviventes". O fechamento de 1,372 milhão de vagas com carteira assinada fez a informalidade voltar a crescer. 

O trabalho por conta própria aumentou 7% no trimestre encerrado em fevereiro, na comparação com omesmo período do ano anterior. O montante equivale a 1,522 milhão de trabalhadores amais nessa condição. O trabalho por conta própria pode ser formal ou não, mas é usado como uma espécie de sinalização da informalidade, por abrigar muitos trabalhadores em atividades precárias, com baixo rendimento e nenhuma formalização. "A maioria expressiva de trabalhadores por conta própria está voltada para a informalidade", afirmou Azeredo. O total de trabalhadores por conta própria dentro da população ocupada aumentou sua representatividade de 23,6% em fevereiro de 2015 para 25,6% em fevereiro de 2016. "A qualidade do emprego que permanece está sendo também afetada", definiu o coordenador do IBGE. 

O aumento da informalidade ajuda a explicar também a redução nos ganhos do trabalho. O rendimento médio real do trabalhador ocupado recuou 3,8% em relação ao ano anterior, número prejudicado também pelo aumento no custo de vida e reajustes salariais abaixo da inflação. 

"Mesmo as pessoas que continuam empregadas estão sofrendo perdas reais nos seus rendimentos por conta da inflação e pelo aumento de impostos", explicou o economista Marcel Caparoz, da RC Consultores. Com o encolhimento na renda emenos pessoas empregadas, a massa de salários em circulação na economia diminuiu 4,7% no período de um ano. (Agência Estado)
Fonte: Unidas




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