Fonte: Folha de Pernambuco – 03/04/2016
Com redução no número de usuários, os convênios têm despesas maiores do que arrecadação
Por Marina Barbosa
A rentabilidade do setor de saúde suplementar pode estar com os dias contados. Com uma redução inédita no número de usuários, os planos de saúde viram suas despesas crescerem acima da capaciade de geração de receitas em 2015. O resultado foi um lucro ínimo de 1%, que ainda pode encolher neste ano. Afinal, a recessão econômica tem tirado cada vez mais clientes das opeadoras e elevado os custos os serviços de saúde.
De acordo com a Agência Naional de Saúde Suplementar (ANS), 766 mil pessoas deixaram de ter plano em 2015. Foi uma retração de 1,5% em relação a 2014 e a primeira vez em que o setor registrou redução anual de beneficiários. Mesmo ssim, os planos de saúde tiveram que gastar ainda mais para atender a seus clientes. De cordo com aAssociação Brasileira de Planos de Saúde (Abramge), R$ 4 mil são gastos por segundo com despesas assistenciais (consultas, internações e procedimentos ambulatoriais). Isso significa que R$ 5 de cada R$ 100 pagos pelos usuários são destinados a estas despesas, que cresceram 11,44% no ano passado. Enquanto isso, a receita média per capita subiu 10,3%. Ou seja, os custos foram 1,1% maior que o montante arrecadado pelas operadoras. “A gente está preocupado com a sustentação do segmento, porque a margem de lucro está tão baixa que pode comprometer a aquisição de investimentos”, disse Antônio Carlos Abbatepaolo Dias, diretor executivo da Abramge.
“O crescimento das despesas assistenciais a patamares superiores às receitas dos planos vem se acentuando e afeta o equilíbrio financeiro do sistema de Saúde Suplementar, que é mantido, unicamente, com recursos dos pagadores das mensalidades”, acrescentou, por nota, a Federação Nacional de Saúde Suplementar (FenaSaúde), que não espera melhorias neste quadro em 2016.
A instituição estima que a expansão das receitas deve ser de 12,8%, mais uma vez inferior à evolução das despesas assistenciais, que devem crescer 14,9%. As instituições explicam que as despesas estão em crescimento constante devido ao aumento dos custos médico-hospitalares, que subiram 18,09% em 2015, e também por conta do envelhecimento da população, que procura cada vez mais os serviços de saúde. Por isso, pede reajustes mais próximos do percentual da inflação hospitalar à ANS, além de incentivos fiscais que possam favorecer os investimentos. Em 2015, o reajuste foi de 13,55%. O percentual é válido até este mês.
A Fenasaúde disse que não quer que “os planos de saúde se tornem impagáveis”, mas afirmou que “os reajustes têm uma finalidade importante: recompor o poder de compra do contrato”.