Rede D'Or vai investir R$ 500 milhões
Valor Econômico
03/04/2013

Rede D'Or vai investir R$ 500 milhões

Por Beth Koike | De São Paulo
 
Leo Pinheiro/Valor / Leo Pinheiro/Valor
Heráclito Brito substituirá o fundador Jorge Moll no comando do grupo em abril

 

A Rede D'Or, maior grupo hospitalar do país, anuncia hoje ao mercado a contratação de Heráclito Brito para a presidência. O executivo substitui o fundador da rede carioca de hospitais, Jorge Moll, que permanece como presidente do conselho.

Com vasta experiência na área da saúde, com passagens pela Qualicorp, Bradesco Saúde, onde permaneceu por 11 anos, Golden Cross e Towers Watson, Heráclito chega à nova casa com o desafio de administrar um problema que está afetando o setor hospitalar: a superlotação.

Nesse cenário, um dos seus projetos prioritários é a ampliação do número de leitos, dos atuais 3,5 mil para 5 mil nos próximos dois anos. "A maior parte dessa expansão virá de crescimento orgânico porque há uma demanda por novos leitos. Não será mais puxada por aquisições, até porque os melhores ativos já foram comprados", disse Heráclito, que assume o cargo em 10 de abril. Atualmente, a Rede D'Or tem quatro hospitais em construção, sendo três no Rio e um em São Paulo.

Para sustentar a expansão orgânica, a Rede D'Or investirá neste ano R$ 500 milhões que serão revertidos para ampliação da atual estrutura, novos equipamentos médicos e manutenção. Os recursos (provenientes de financiamentos bancários e caixa próprio) representam um aumento de 67,2% em relação ao montante aplicado em 2012.

É uma mudança significativa para a Rede D'Or que dobrou de tamanho. Entre 2010 e 2012, o faturamento do grupo saltou de R$ 1,5 bilhão para R$ 3,4 bilhões.

Esse desempenho foi fortemente influenciado pelas 17 aquisições fechadas nos últimos cinco anos. As compras tornaram-se mais frequentes após 2010, quando ocorreu a negociação com o banco BTG, que emitiu debêntures conversíveis em ações da Rede D'Or no valor de R$ 600 milhões. Foi neste ano que o grupo comprou o Hospital São Luiz, sua aquisição de maior relevância e fincou o pé em São Paulo. Hoje, a rede conta com 24 hospitais espalhados no Rio de Janeiro, Recife, Brasília, além de São Paulo.

A Rede D'Or e o BTG montaram uma verdadeira engenharia financeira para concluir a transação, uma vez que a legislação brasileira não permite a participação de capital estrangeiro em hospitais nacionais.

Questionado sobre críticas de médicos e até hospitais concorrentes de que investidores financeiros exigem reduções drásticas de custos que podem comprometer a qualidade médica, o executivo negou que haja interferência por parte do BTG na gestão da rede hospitalar e afirmou que existe uma política de aumento de produtividade, mas não de redução de custos. "A Rede D'Or tem financiamentos com outros bancos também e nem por isso eles interferem na gestão. Não há ninguém do BTG na administração da Rede D'Or", disse Heráclito.

Outro projeto que o executivo tem em mente é a melhora na relação entre hospitais e operadoras de planos de saúde, que têm naturezas de negócios totalmente opostas. O convênio médico ganha mais se o hospital gastar menos e vice-versa.

"Pretendo desenvolver produtos e parcerias entre operadoras e prestadores de serviço, contribuir para criar novos modelos de remuneração que privilegia a 'resolutividade'", disse, sem revelar como serão esses produtos. A "resolutividade" é uma prática já adotada em outros países, como os Estados Unidos, em que o pagamento do procedimento médico é feito conforme o desempenho do profissional, hospital ou laboratório. Essa prática já vem sendo debatida no Brasil entre entidades representativas de operadoras de planos de saúde e hospitais.

 

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