Plano de saúde pode subir 15%
05/04/2016
Os consumidores precisam preparar o bolso para os gastos com saúde neste ano. Com a disparada dos preços desde 2015, economistas não têm dúvidas de que o reajuste dos convênios individuais e familiares ficará acima dos dois dígitos em 2016. A Tendências Consultoria prevê aumento de 10,3% e alguns analistas não descartam correção acima da autorizada pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) em 2015, de 13,55%, podendo chegar a 15%. O percentual de aumento será definido em maio e passa a vigorar a partir de junho, de acordo com o aniversário do contrato do conveniado. 

Márcio Milan, analista de Inflação da Tendências, faz projeção com base no reajuste incorporando a carestia em 12 meses, já que os parâmetros da ANS são pouco transparentes para operadoras com mais de 30 conveniados. "É difícil pensar que o aumento será abaixo dos dois dígitos. O próprio ajuste de medicamentos corrobora isso", avalia. Em 1º de abril, o governo federal ajustou os preços dos produtos farmacêuticos em 12,5%. 

No caso dos medicamentos, a composição do índice buscou compensar a inflação e o aumento de custos causados pela alta do dólar e aumentos nas despesas com energia elétrica. A lógica do reajuste dos planos de saúde é muito semelhante e não foge à regra. Boa parte dos medicamentos, insumos e equipamentos são comprados em moeda estrangeira e isso influenciará no aumento permitido às operadoras. 

Em 2015, o dólar subiu 48,49% em relação ao real. E, por mais que a divisa esteja em desaceleração, esse movimento apenas ameniza a pressão de custos. Como hospitais e clínicas estão sempre incorporando novas tecnologias e repondo equipamentos, uma abrupta desvalorização do real leva empresas e médicos a repassar parte dos custos para a matriz de preços. Sejam exames, procedimentos cirúrgicos ou consultas. 

A ANS informou que o índice de reajuste para os planos individuais do período entre maio de 2016 a abril de 2017 está em apuração, não sendo possível antecipar qualquer informação a respeito. A autarquia reforçou que o aumento autorizado aos planos individuais e familiares é um percentual máximo. "As operadoras não podem aplicar percentual mais alto do que o autorizado, mas são livres para adotar índices inferiores ao divulgado pela agência, ou mesmo manter suas mensalidades sem reajuste", ressalta. 

Impacto 

A Tendências projeta 0,40% para a inflação de junho, prevendo que o aumento dos planos individuais seja aplicado pela ANS nesse período. Se o ajuste for de 10,3%, como prevê Milan, a contribuição dos gastos com plano de saúde na carestia será de 0,33 ponto percentual. Essa parcela, no entanto, pode ser superior, de 0,5 ponto percentual, se o aumento dos contratos for de 15%, calculada o economista-sênior da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), Fabio Bentes. 

"Diante do atual cenário de gastos com saúde no país e da pressão do dólar, não tem como esperar reajuste pequeno. Se chega aos 15%, não sei. Mas um reajuste desse patamar é algo que não pode ser descartado", avalia Bentes. "Há mais de uma década, os gastos com plano de saúde sobem acima do custo de vida médio. E não foram poucas as vezes em que o aumento aplicado pela ANS veio alinhado com a inflação de convênios nos 12 meses encerrados em abril", acrescenta. (Rodolfo Costa e Isabella Alvin - Estado de Minas-03.04) 

Reajustes de planos serão debatidos no Senado 

A Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa (CDH) do Senado promoverá audiência pública para debater os índices de reajuste dos planos de saúde. O encontro está marcado para as 9h desta segunda-feira (4) e atende a requerimento do presidente da comissão, senador Paulo Paim (PT-RS). 

O senador tem demonstrado preocupação com os recentes reajustes dos planos e com os "valores exorbitantes e proibitivos que vêm sendo cobrados pelas operadoras". 

"É impagável! A situação é de desespero para milhões de pais de família. Saúde é um dos setores com os quais a administração pública não pode brincar. Qualquer descuido e os reflexos sobre a sociedade são devastadores", afirmou Paim, ao discursar no Plenário em fevereiro. 

Para a audiência, estão convidados o diretor-executivo da Associação Brasileira dos Planos de Saúde (Abramge), Antonio Carlos Abbatepaolo, e o presidente da Federação de Aposentados e Pensionistas do Distrito Federal, João Florêncio Pimenta. O coordenador do Movimento Chega de Descaso, Leandro Farias, e o presidente da União Nacional das Instituições de Autogestão em Saúde (Unidas), Luiz Carlos Saraiva, também estão na lista de debatedores. 

O debate ainda deve contar com representantes da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), da Confederação Brasileira de Aposentados e Pensionistas (Cobap) e da Defensoria Pública Geral da União. O Ministério Público Federal, a Promotoria de Justiça de Defesa da Saúde e a Secretaria Nacional do Consumidor do Ministério da Justiça também devem enviar representantes. (Agência Senado)
Fonte: Unidas




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