A L'Oréal divulga hoje mundialmente a parceria firmada com o instituto de pesquisas brasileiro IDor, ligado à rede de hospitais D'Or São Luiz, para reconstrução no Brasil das propriedades da pele humana em laboratório. A base da tecnologia é de pele reconstruída a partir de fragmentos de cirurgias plásticas, por exemplo, doadas por pacientes. As células da pele são isoladas e multiplicadas em laboratório, antecipou ao Valor o diretor de tecnologia e inovação da L'Oréal no Brasil, Blaise Didillon.
Para a maior fabricante de cosméticos do mundo, tratase de mais um passo no sentido de fortalecer a estratégia de não utilizar pele de animais em testes de produtos. E, ainda, garantir a geração das características da pele humana permitindo maior segurança nas fórmulas cosméticas. Na Europa e em países da Ásia, por exemplo, a tecnologia já está disponibilizada, o que não acontece no Brasil, onde há restrições às importações. A L'Oréal tem a validação desses métodos e se propôs a compartilhar essas inovações, principalmente em países onde a legislação está se voltando ao desenvolvimento de alternativas aos testes convencionais de cosméticos, como o Brasil.
Segundo Didillon tratase de ferramenta muito importante para garantir da vez mais segurança nos produtos. A proposta é disponibilizar essa tecnologia no curto prazo. Ele destaca que esse "know how" pode vir a ser utilizado para outras aplicações, como na pesquisa biomédica, medicina regenerativa e avaliação de toxicologia.
No Instituto D'Or de Pesquisa e Ensino (IDor) a parceria extrapola a questão cosmética, diz o pesquisador Stevens Rehen que também é professor titular do Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Sua área de pesquisa é voltada para o estudo da biologia de célulastronco embrionárias e célulastronco de pluripotência induzida.
Voltandose para a geração de pele humana em laboratório irá testar modelos alternativos que não sejam animais. O instituto é sem fins lucrativos e tem origem no início da formação da rede D'Or de hospitais, que é a principal mantenedora. A coordenação de pesquisa atua nas áreas voltadas à medicina intensiva, medicina interna, neurociências, pediatria e oncologia.
A L'Oréal irá investir R$ 1 milhão no primeiro ano nas atividades da empresa no segmento. Os recursos serão aplicados em pesquisas e no treinamento de técnicos da subsidiária brasileira que irão atuar também no intercâmbio com o IDor. A base das pesquisas em engenharia de tecidos é feita na cidade francesa de Lyon, com capacidade para geração de 100 mil tecidos por ano e utilizados nos testes de cosméticos.