O mercado de planos de saúde enfrentou um 2012 complicado, com aumentos expressivos nos custos médico-hospitalares, que provocaram reajustes fortes nos preços dos convênios médicos. Diante desse cenário, a Qualicorp, maior corretora e administradora do setor, também foi afetada.
A companhia viu a inadimplência disparar. No último trimestre, as perdas com crédito incobráveis aumentaram 82,5% atingindo R$ 24,2 milhões. Esse valor representa 9,5% da receita líquida. No mesmo período de 2011, esse percentual era de 6,9%. A receita líquida somou R$ 259,2 milhões, alta de 35% sobre o último trimestre de 2011. "A questão da inadimplência é o nosso maior desafio", disse Wilson Olivieri, diretor de relações com investidores da empresa.
A fim de reverter a situação estão sendo adotadas várias ações como incentivo ao uso do débito automático e contratação de empresa especializada em cobrança. Foi iniciado um projeto-piloto para negativar inadimplentes (enviar o nome do cliente a serviços de proteção ao crédito como SPC e Serasa, por exemplo). "Mas o projeto de negativar o cliente está sendo feito com muito cuidado porque a área da saúde é um ponto sensível", diz Olivieri.
O executivo afirma que o alto índice de cancelamentos de planos de saúde em 2012 não representa uma mudança estrutural no setor, uma vez que a Qualicorp continua crescendo de forma orgânica no número de novos usuários. Em 2012 a empresa vendia 20 mil novos planos de saúde por mês. A expectativa para este ano é que esse número salte para 30 mil. A companhia encerrou o ano passado com uma carteira de 4,4 milhões de beneficiários, o que representa um avanço de 14,4% sobre 2011.
Neste ano, a Qualicorp vai trabalhar para reduzir outras linhas do balanço para compensar a inadimplência, que pode se manter no mesmo patamar de 2012.
Na quinta-feira, dia do anúncio dos resultados, as ações da Qualicorp fecharam em alta de 3,5%. O mercado já esperava por uma alta na inadimplência, sinalizada pela companhia. "O desempenho saudável da empresa em termos de receita deve ser compensado por um aumento nos prejuízos referentes a recebíveis não cobráveis, um efeito colateral da alta inflação médica registrada em 2012", informa o relatório de prévia de resultados do Santander, assinado por Daniel Gewer e Bruno Giardino.
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