A americana Amgen, uma das maiores farmacêuticas globais de medicamentos biológicos, quer expandir sua atuação no Brasil e reforçar sua posição como uma companhia de produtos inovadores. Em entrevista ao Valor, Laura Hamill, gerente-geral para América Latina, Canadá e Austrália, disse que o laboratório quer estreitar relações com o governo brasileiro por meio de Política de Desenvolvimento Produtivo (PDP), para promover transferência de tecnologia de medicamentos, e não descarta fazer futuras aquisições no país.
A estreia da farmacêutica americana no Brasil foi em 2011, quando o grupo comprou o pequeno laboratório Bergamo, instalado em Taboão da Serra, Grande São Paulo, por US$ 215 milhões. Essa aquisição foi a porta de entrada da multinacional no mercado de genéricos. Até então, a companhia tinha seu foco voltado exclusivamente para medicamentos biológicos, sobretudo na área de oncologia. No ano passado, a Amgen adquiriu um laboratório de genéricos na Turquia, reforçando sua posição nesse segmento em países emergentes.
"Temos investimentos significativos para a unidade brasileira", afirmou a executiva. Os aportes previstos no curto prazo na unidade são de US$ 7 milhões, "mas temos planos de longo prazo". No país, a companhia comercializa cerca de 40 produtos.
Apesar dessas recentes aquisições em genéricos, a companhia não deseja desviar o foco de inovação. O laboratório da companhia no país também produz medicamentos hospitalares na área de oncologia e poderá usar sua plataforma nacional para a produção de biossimilares no futuro. "Temos o interesse em ter as plataformas de genéricos, biossimilares e produtos de inovação."
Antes de adquirir a Bergamo, a companhia já realizava estudos clínicos no mercado nacional desde 2009. Segundo o diretor-médico do grupo no país, Mariano Janiszewski, o Brasil oferece um ambiente ainda não totalmente explorado para pesquisa biomédica. A companhia planeja investir cerca de US$ 10 milhões em atividades ligadas a pesquisas, abrangendo 4 mil pacientes. Atualmente são 1.000 pacientes e 245 locais para a realização desses estudos.
De acordo com Laura, os ensaios clínicos são fundamentais para as atividades da Amgen no Brasil. "Acreditamos que as pesquisas vão reforçar a reputação da nossa empresa para o desenvolvimento de medicamentos de alta qualidade para ajudar na luta contra doenças graves e aumentar o acesso a uma série de terapias importantes."
A companhia também mantém conversas com o governo brasileiro para possíveis acordos para PDPs. A negociação seria para transferência de tecnologia de um medicamento na área de oncologia. A executiva não divulgou o nome do produto.
A Amgen planeja atingir mais de US$ 1 bilhão em vendas nos mercados novos e emergentes até 2015, além de expandir sua presença operacional em mercados-chave, incluindo o Japão e a China. Atualmente, a companhia explora oportunidades de parceria no Japão para a criação de uma subsidiária completa e independente até 2020.
Criada no início dos anos 80, como uma "startup", a companhia tem em seu pipeline pesquisas avançadas para melanoma, câncer do ovário, cardiovasculares, osteoporose pós-menopausa e tratamento de fraturas, psoríase e asma. Em 2011, o faturamento bruto da empresa foi de US$ 7,5 bilhões.
A repórter viajou a convite do Wilson Center
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