Especialistas veem descontrole nos preços do setor
14/12/2015

Fonte: Folha de S. Paulo – 02/12/2015

Por Maria Cristina Frias

Se a inflação médica seguir perto de 14,9% ao ano, como nos últimos 12 meses, o sistema de saúde suplementar no Brasil será insustentável.

A análise é de Maureen Lewis, da Universidade Georgetown e diretora-executiva da ONG Aceso Global, dedicada a melhorar o sistema de atendimento. Ela participou da implementação do Obamacare, nos Estados Unidos.

Nesta quarta-feira (2), ela fará uma palestra em um evento da ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar), no Rio, sobre a organização do financiamento da saúde.

A recessão econômica e a inflação médica “afetaram a demanda por planos de saúde e isso é um perigo”, diz.

Os preços médicos sobem demais porque as operadoras reembolsam todos os procedimentos, o que incentiva os beneficiários a pedir exames desnecessários, afirma.

A solução é cobrar uma porcentagem dos gastos gerados pelos pacientes. Isso evitaria o uso excessivo da rede de saúde. “É um padrão que se vê em todo mundo.”

Outra medida é melhorar o atendimento básico oferecido pela rede de saúde suplementar, afirma outro palestrante, Robert Jannet, da universidade Harvard.

“O sistema brasileiro é orientado para intervenção de diagnóstico e cirúrgica. Quem usa o SUS tem atendimento primário melhor.”

Revelando valores
Dados sobre quanto as operadoras de seguros de saúde gastam estarão disponíveis publicamente a partir de hoje (02) no site da ANS, a agência que regulamenta o setor.

As informações financeiras que poderão ser consultadas são quantos procedimentos foram custeados pelas seguradoras e qual foi o preço médio delas.

Por exemplo, o preço médio de uma mamografia no Distrito Federal é de R$ 191.

Esses dados não existiam para o público até o fim do ano passado pois não havia um padrão das informações do sistema de saúde suplementar, afirma Martha Oliveira, diretora de desenvolvimento setorial da ANS.

“As operadoras vão poder comparar custos de diferentes Estados do país e os prestadores [de serviços médicos] vão conseguir se enxergar [no mercado]”, diz Oliveira. 





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