Empresas com melhor desempenho financeiro investem mais nos funcionários, entendem a necessidade de ter um plano de sucessão, tomam decisões de forma mais descentralizada e escolhem líderes com base na diversidade de experiências e capacidade de comandar um negócio global. A conclusão é de um estudo realizado pela Ernst & Young com 600 executivos seniores do mundo todo, entre eles mais de 60 brasileiros.
O gerente sênior de capital humano da consultoria no Brasil, Oliver Kamakura, ressalta que os problemas brasileiros estão em linha com os desafios globais, especialmente no que se refere à gestão de talentos. O principal desafio do país, no entanto, é a falta de profissionais qualificados para comandar operações no exterior - o que faz com que o planejamento das empresas não consiga acompanhar a demanda.
O estudo mostra, por exemplo, que o número de multinacionais que possui entre 61% e 80% da força de trabalho atuando fora do país-sede vai praticamente dobrar nos próximos três anos. Já as companhias que têm até 20% dos funcionários atuando fora da sede deixarão de ser 33% para somar apenas 24%. "Nas empresas brasileiras, esse processo de internacionalização dos grandes conglomerados aconteceu principalmente nos últimos cinco anos", diz.
Isso se torna mais relevante quando se observa que as organizações com melhor desempenho financeiro são aquelas que buscam profissionais capazes de liderar em um ambiente de negócios global. Entre as que têm resultados mais expressivos, 47% buscam esses atributos em profissionais de alto potencial - enquanto o mesmo só acontece com 37% das empresas de performance mais fraca.
A pesquisa também mostra que mais empresas de alto desempenho consideram importante ter líderes com experiências diversas - 45%, ante 36% entre as com pior resultado. Além disso, quase metade delas dizem ter um plano de sucessão "robusto" para cargos de liderança considerados essenciais, enquanto apenas um terço das com resultados inferiores dizem o mesmo.
No Brasil, a situação se agrava em razão da falta de profissionais qualificados disponíveis para substituir aqueles que deixam a companhia. Isso, inclusive, aumenta a necessidade de investir mais em retenção e oferecer mais oportunidades de crescimento dentro da empresa. "É preciso ter uma linha de pessoas que você sabe que podem substituir seu CEO, seu CFO e seus vice-presidentes. As empresas têm dificuldade em se adaptar a essa realidade", diz Kamakura. Para isso, integrar a gestão de pessoas com a estratégia da empresa é fundamental.
Segundo a pesquisa, mais empresas com desempenho forte apostam no investimento em gestão de talentos para alcançar os objetivos financeiros - 45%, ante 36% das companhias com resultados mais fracos. Mas Kamakura diz que um dos principais desafios, principalmente das companhias brasileiras, é definir em quais habilidades investir e como direcionar essa atenção.
Nesse contexto, a mobilidade internacional tem despontado como uma alternativa importante para futuros líderes. "Hoje, essa capacidade está colocada dentro do plano de desenvolvimento", diz. Entre as empresas com melhor desempenho, a mobilidade já é realidade em 53%. Além disso, 55% delas estão mais propensas a oferecer treinamentos customizados para funcionários e 59% vinculam remuneração e performance profissional - índices que, nas empresas com baixo desempenho, ficam respectivamente em 47% e 50%.
A flexibilidade é outro fator de destaque nas empresas com resultados financeiros melhores, que costumam ter um modelo de decisão mais descentralizado. "Para liderar operações internacionais, é preciso ter mentalidade global, mas agir de forma local", explica Kamakura. Desse modo, quase metade dos líderes de empresas com altos resultados dizem que, nos últimos três anos, tiveram mais liberdade para tomar decisões e viram seu papel ser redefinido para atuar de forma mais flexível. O mesmo acontece apenas com pouco mais de um terço dos executivos de empresas com performance mais fraca.
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