Fonte: Valor Online
Por Beth Koike
A americana UnitedHealth, dona da Amil, deve anunciar nos próximos dias a aquisição do Hospital Samaritano, de São Paulo, por cerca de R$ 1,3 bilhão, segundo fontes do setor.
Os recursos da venda irão pra o caixa da entidade beneficente mantenedora do Hospital Samaritano, que vai se desvincular do hospital e investir em outras ações de filantropia. Criada por representantes das colônias britânica e americana, a sociedade mantenedora do Samaritano fará uma cisão dos seus ativos. O prédio, os equipamentos médicos e os funcionários do Samaritano, que torna-se uma empresa com fins lucrativos, ficará sob a administração da UnitedHealth.
Procurados, UnitedHealth e Samaritano disseram que não comentariam rumores de mercado.
Além da operadora de planos de saúde, com 5,5 milhões de usuários, a Amil tem uma rede própria formada por 31 hospitais e recentemente inaugurou um complexo médico com mais dois hospitais, 252 consultórios e 16 salas de cirurgia. No Rio de Janeiro, a Amil é dona do Hospital Samaritano (sem relação com o Samaritano de São Paulo), adquirido há quatro anos por R$ 180 milhões.
Além da UnitedHealth, outros interessados como Rede DOr e três fundos de private equity participaram do processo para aquisição do Samaritano, de São Paulo. No ano passado, o Albert Einstein analisou o Samaritano, mas não chegou a fazer uma oferta financeira.
Fundado em 1894, o Hospital Samaritano é uma das referências em São Paulo, atendendo pacientes de renda média e alta. Em 2011, inaugurou uma nova torre e passou a focar em atendimentos de alta complexidade. No ano passado, o Samaritano registrou um superávit de R$ 91,5 milhões, alta de 23% em relação a 2013. Foi um desempenho superior ao da receita que cresceu 15% para R$ 438 milhões no ano passado.
A venda do Samaritano, de São Paulo, é a primeira transação do setor envolvendo um hospital filantrópico administrado por uma entidade beneficente. Em setembro, os hospitais Bandeirantes e Leforte, ambos de São Paulo, também iniciaram um processo de mudança da natureza jurídica para fins lucrativos. Mas esses dois casos foram menos complexos, uma vez que estavam sob a Sociedade Assistencial Bandeirantes, com um único controlador, a família Medeiros. Os imóveis que abrigam os hospitais Bandeirantes e Leforte, localizados nos bairros da Liberdade e do Morumbi, respectivamente, pertencem à família Medeiros que também já estava no comando dos hospitais.
O Samaritano é controlado por uma sociedade criada por imigrantes britânicos e americanos há mais de 120 anos. A gestão é independente. Um tema que gera questionamentos é sobre o desenho a ser criado na cisão dos ativos que hoje pertencem à entidade filantrópica. Alguns consideram que o patrimônio atual do Samaritano foi conquistado, entre outras razões, com isenção de tributos. O Samaritano e outros cinco hospitais (Albert Einstein, Oswaldo Cruz, Sírio-Libanês, Moinhos de Vento e Hospital do Coração) recebem isenção de impostos em troca de projetos de apoio ao Sistema Único de Saúde (SUS). Isso gera gera reclamações por parte de hospitais que precisam ter 60% dos seus atendimentos voltados ao SUS para ter o benefício tributário.